
Faltou bom senso à CBF e a Ancelotti
Sabemos que a CBF é uma entidade desmoralizada, que os clubes não sabem a força que têm e que o torcedor está distante do time canarinho
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O técnico Carlo Ancelotti não iria convocar nenhum jogador que atua no Brasil, para os amistosos contra Coreia do Sul, derrotada por 5 a 0, nem para o jogo contra o Japão, nesta terça-feira. Porém, ele não pôde contar com os zagueiros “europeus”, todos machucados, e optou por Fabrício Bruno, desfalcando o Cruzeiro. Chamou também o goleiro Hugo, do Corinthians, já que Alisson (braço curto e que não pega uma bola difícil) estava machucado. Posteriormente, cortou também o goleiro Ederson e chamou John, que atua na Inglaterra, ex-Botafogo. O grande problema é que faltou bom senso ao comandante do escrete canarinho, pois Cruzeiro, Flamengo e Corinthians disputam a taça, e só o Cruzeiro teve jogador convocado.
Além disso, não custava nada ele ter posto Fabrício Bruno para atuar contra a Coreia, e liberá-lo, após o jogo, para voltar ao Brasil e disputar o clássico de quarta-feira. Ao contrário disso, Ancelotti deve utilizá-lo contra os japoneses, e não haverá tempo hábil para o zagueiro voltar.
Esse tipo de incoerência suja a imagem da CBF ainda mais. Por que esse privilégio a Palmeiras e Flamengo, em detrimento do Cruzeiro? Dois jogos, caça-níqueis, na Ásia, que nada representam em termos técnicos, pois o Brasil precisa medir forças com seleções do seu tamanho. Vi vários “Pachecões” comemorando a goleada como se tivéssemos vencido a Argentina, Inglaterra, França, Portugal ou Espanha. Não, meus amigos e minhas amigas, ganhamos dos meninos da Coreia.
Acho importante golear quando se pega um adversário fraco e foi o caso, mas daí a criar um clima de euforia, discordo completamente. Sou exigente sim, e quero ver é na hora de enfrentar as equipes citadas. Gosto muito desse jovem ataque do time brasileiro, mas acredito nele para 2030, com maturidade e experiência. Para 2026, não acredito jamais, embora torça para dar certo.
Copa do Mundo é uma competição em que na primeira fase as grandes seleções jogam contra “ninguém”, passam para as oitavas e normalmente também não enfrentam grandes seleções, e das quartas de final em diante, sim, começa a Copa. Ou seja: o Brasil terá 3 jogos para ser campeão do mundo. E aí está o problema. Desde 2006, fomos eliminados justamente nessa fase, exceto em 2014, em que chegamos à semifinal e tomamos de 7 a 1 da Alemanha, o maior desastre da história do nosso futebol.
Júlio César, Maicon, Davi Luiz, Dante e Marcelo, Luiz Gustavo, Fernandinho e Oscar, Bernard, Hulk e Fred. Além de Paulinho e outros engodos que entraram no segundo tempo. E ainda tem os reservas, todos fracassados naquele Mundial. Eu não nunca vou esquecer dessa vergonha.
O Brasil tem o técnico italiano, considerado o melhor do mundo, mas, quando dirigiu equipes de segunda linha, não fez grande trabalho. Fracassou no Everton, no Napoli. Só foi campeão com gigantes europeus, que têm dinheiro sobrando para contratar quem bem entender. Claro que gosto do trabalho dele e acho que o Brasil está muito bem servido, mas Ancelotti não é mágico.
O Brasil tem um péssimo time do meio para trás, a começar pelo goleiro preferido de Taffarel, que foi do Inter e joga no Liverpool. No time inglês, Alisson é um leão e faz defesas impossíveis. Na Seleção, é um gatinho e tudo o que vai no gol entra. Foi assim nas duas últimas Copas do Mundo. Eu faria um contrato com o técnico italiano de 5 anos, para que ele tenha a chance de ganhar a taça em 2030. Não acredito em imediatismo, embora eu queira muito ver o Brasil campeão, pois se não for, ano que vem, ficaremos 28 anos sem ver a cor da taça, superando os 24 anos que ficamos de 1970 à 1994, e agora, de 2002 à 2026.
Ao mesmo tempo em que torço para Vini Júnior, Rodrigo, Estevam e Endrick, eu fico reticente com Paquetá, Marquinhos, Alisson, Casemiro, AlexSandro e outros jogadores que já fracassaram com a amarelinha. Prefiro vir uma renovação total, formando um grupo vencedor, para buscar o caneco em 2030.
Sabemos que a CBF é uma entidade desmoralizada, que os clubes não sabem a força que têm e que o torcedor está distante do time canarinho. Nossa campanha nas Eliminatórias foi sofrida e amargamos o quinto lugar, arás de Argentina, Uruguai, Paraguai e Equador. Se fosse no modelo antigo, iríamos disputar a vaga na repescagem, mas hoje, de 10 seleções, 7 se classificam, uma vergonha instituída pela Conmebol.
É preciso mais seriedade, bom senso e entender o momento das equipes no Brasileirão. A convocação de Fabrício Bruno foi num momento errado, onde somente o Cruzeiro foi prejudicado. É preciso repensar, pois o povo brasileiro, com raras exceções, não está nem aí para o time canarinho. Ele precisa resgatar o amor do nosso povo com boas exibições, um time decente e coerência nas convocações.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.