Às vezes, as grandes pautas surgem nos momentos mais inesperados. Em plena transmissão do espetáculo militar que marcou os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, no dia 3 de agosto, em Pequim, um microfone aberto captou uma conversa descontraída entre o presidente chinês Xi Jinping e o presidente russo Vladimir Putin — ambos com 70 e poucos anos — enquanto Kim Jong-un, da Coreia do Norte, sorria nas proximidades.
As imagens, exibidas pela emissora estatal CCTV e logo destacadas nas redes sociais e pela Bloomberg, mostraram que o assunto não eram tanques, mísseis ou estratégias militares. Era a possibilidade de viver até 150 anos, impulsionada pelos avanços da biotecnologia, da medicina regenerativa e dos transplantes de órgãos.
Xi comentou que, antes, chegar aos 70 era uma raridade e que hoje se fala em “ser ainda criança aos 70”. Putin foi além: a ciência pode até apontar para a “imortalidade”. O áudio, que durou menos de um minuto, desapareceu quando as câmeras mudaram para a Praça da Paz Celestial.
Viver mais é um desejo universal. Mas exige mais do que ciência: é também um desafio de sociedade.
No Brasil, a expectativa de vida já passa dos 75 anos e cresce mesmo diante das desigualdades. Mas viver até 100, 120 ou 150 anos traz perguntas ainda sem respostas: como será a aposentadoria? Haverá espaço para novas carreiras após os 80? Como sustentar a saúde física, mental e emocional em uma vida tão longa? E, sobretudo, como manter o sentido da existência em jornadas tão estendidas?
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Talvez o microfone aberto de Pequim seja um recado: até nos bastidores do poder, a longevidade já é pauta. O desafio não é apenas viver mais. É viver melhor.