Katiuscia Silva
Katiuscia Silva
Mestra em Sexologia pela Universidade ISEP - Madrid. Especialista em Comportamento. Analista Corporal. Mentora. Palestrante. Treinamentos para Empresas
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Ser pai: um sentimento inexplicável

Pai é aquele que mostra o mundo com suas atitudes. Que ensina, sem dizer, que o 'não' é tão valioso quanto o 'sim'

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É difícil escrever sobre o que não se explica. Ser pai não cabe numa fórmula, numa definição acadêmica ou num retrato na parede. É mais do que laço de sangue ou função biológica, é ser presente na vida do filho, é gesto de amor. É um silêncio cheio de significado.

Ser pai, no fundo, é amar sem manual, e seguir amando, mesmo quando não se sabe exatamente como. Tem pai que ensina com palavras, tem pai que ensina com o exemplo, tem aquele que não sabe ensinar, mas ainda assim tenta fazer certo, do jeito que consegue. Às vezes, desajeitado, mas sempre com aquele brilho nos olhos que diz: “Estou aqui por você”.

No mundo contemporâneo, no qual a pressa sufoca os vínculos e a rotina esconde os afetos, a figura do pai precisa ser resgatada — não como herói invencível, mas como homem humano, falível, que tem medos, dúvidas, mas escolhe ficar.

Jean-Jacques Rousseau, filósofo iluminista que acreditava na bondade natural do ser humano, dizia: “O homem nasce bom, mas é na família que aprende a se tornar justo”.

Pai é aquele que mostra o mundo com suas atitudes. Que ensina, sem dizer, que o “não” é tão valioso quanto o “sim”. Que mostra que errar faz parte da caminhada e que consertar também é uma forma de amar.

Em tempos em que tantas vozes nos empurram para o prazer imediato, o sucesso a qualquer custo e autopromoção, a figura do pai nos lembra que há uma grandeza silenciosa em simplesmente se responsabilizar por alguém.

E aqui entra Viktor Frankl, psiquiatra e filósofo austríaco, que sobreviveu aos horrores de um campo de concentração e escreveu sobre o sentido da vida com a alma de quem viu o limite do humano. Disse ele: “O que realmente importa não é o que esperamos da vida, mas o que a vida espera de nós”.

Talvez esse seja o verdadeiro chamado da paternidade: não esperar tanto da vida, mas aprender a responder a ela com o coração aberto, com entrega e significado, sendo o amor de alguém que, antes mesmo de nascer, já quer te chamar de pai.

E ser pai é isso: acordar todos os dias com coragem de continuar tentando, mesmo sem saber se está certo. É buscar ajuda, criar rede de apoio, aprender com outros pais que já passaram pelos mesmos desafios. Quem vive isso na prática sabe o quanto é desafiador e belo ao mesmo tempo.

Em uma conversa com Carlos Begiath, pai de Ana Luísa e Yago Brenner, esposo de Patrícia Niura, e conhecido carinhosamente como Carlinhos, ele compartilhou: “Ser pai é, muitas vezes, abrir mão dos próprios desejos, do descanso e até dos sonhos, para ajudar a realizar o sonho de um pequeno que ainda nem sabe como agradecer. O amor de pai nos faz brincar mesmo quando estamos cansados, trabalhar mesmo quando não estamos bem e sorrir mesmo em meio a preocupações”.

Ele ainda completa: “Os filhos não pedem que nós, pais, sejamos perfeitos. Eles pedem que estejamos presentes, que saibamos escutar e tenhamos coragem para cumprir essa missão vinda de Deus. Ser pai é ouvir seu filho confessar algo errado que fez e, em vez de deixar a raiva tomar conta, optar pelo diálogo e pela orientação, não pela punição”.

Neste Dia dos Pais, entre abraços, lágrimas e lembranças, que a gente reconheça essa presença que molda destinos, mesmo quando quase não percebemos.

Que possamos dizer aos nossos pais, ou àqueles que ocuparam esse lugar, o que raramente é verbalizado, mesmo se eles já não estiverem mais conosco: “Obrigado por não ter desistido de mim. Obrigado por me ensinar a ser quem eu sou”.

Uma mensagem carinhosa aos homens que ainda sonham com a paternidade: a jornada começa muito antes do nascimento. Começa no compromisso de ser abrigo, exemplo e solo fértil para que outro ser floresça. A presença de um pai na vida de um filho é insubstituível.

Cultive a paciência. Aprenda a se responsabilizar sem perder a ternura. Esteja disposto a ser ponte, não muro. Leia sobre emoções. Converse com outros homens. Pergunte ao seu próprio pai o que ele teria feito diferente. Olhe para dentro e se prepare não apenas para ter um filho, mas para ser um guia.

Porque ser pai, de verdade, é decidir amar alguém para sempre, mesmo antes de conhecê-lo.

 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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