O que todo homem precisa saber sobre a ansiedade no sexo
Estresse, medo de falhar e expectativas irreais estão comprometendo a vida sexual de muitos homens
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Há coisas que muitos homens contam para o amigo de bar e há coisas que eles não contam para ninguém: o medo de falhar na hora do sexo. A ereção que não vem, o desejo que some, a cabeça que dispara antes mesmo de o corpo reagir. Em pleno século 21, com tanta informação disponível, a ansiedade sexual masculina continua sendo um dos maiores tabus e um dos fatores que mais adoecem a vida íntima nos relacionamentos.
Estresse, medo de falhar e expectativas irreais estão comprometendo a vida sexual de muitos homens. Muitos costumam olhar para a sexualidade masculina como se fosse um interruptor: funciona ou não funciona. Só que não é um botão. A sexualidade depende de um alinhamento entre corpo e mente, da qualidade do relacionamento, da história de vida e até da cultura em que o homem foi criado; esses são fatores que podem interferir na vida sexual.
Sigmund Freud, pioneiro da psicanálise, já dizia que “o comportamento de um ser humano em assuntos sexuais frequentemente é um protótipo para todos os seus outros modos de reação na vida”. Em outras palavras: o que acontece na cama muitas vezes reflete o que está acontecendo fora dela - ansiedade, insegurança, autocobrança, dificuldade de lidar com as próprias falhas.
Do lado médico, estudos indicam que a disfunção erétil (DE) é um problema comum a partir dos 40 anos. E uma parcela importante desses casos está ligada a causas orgânicas e a fatores emocionais, o estresse crônico e a chamada ansiedade de desempenho.
Como a ansiedade sabota a vida sexual? A chamada ansiedade de desempenho sexual aparece quando o homem entra no encontro íntimo com a sensação de estar sendo avaliado. Em vez de viver o momento, ele passa a se observar de fora: “Será que vou conseguir?”, “E se eu falhar?”, “Ela vai se decepcionar?”.
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O cérebro interpreta esse medo como ameaça. Aciona a mesma resposta usada em situações de perigo: o corpo libera adrenalina e cortisol, hormônios do estresse. O coração acelera, os músculos ficam mais tensos, a atenção se estreita. Esse estado até ajuda a fugir de uma situação perigosa, mas é péssimo para a ereção, que depende justamente de relaxamento e boa circulação sanguínea.
Há tratamentos médicos eficazes para a disfunção erétil e procurar um urologista é fundamental. Mas, quando a ansiedade é protagonista, só o comprimido não resolve tudo. É necessário cuidar também da forma como o homem se relaciona com a própria sexualidade.
Tirar o foco da performance é uma técnica bastante usada em terapia sexual chamada Sensate Focus, que propõe recolocar a intimidade no lugar de experiência e não de prova. A ideia é, por um tempo, tirar a penetração do centro do encontro sexual e treinar o corpo a associar o momento a relaxamento e conexão, não a cobrança.
Na prática, isso significa combinar com a parceira momentos de intimidade sem obrigação de penetração. O objetivo passa a ser o toque, o carinho, o olho no olho, a conversa, a exploração do corpo do outro e do próprio.
Estabelecer encontros em que ninguém precise “mostrar que consegue”, com o objetivo de sentir, sem provar nada.
Deixe que a excitação surja no tempo dela, sem pressa e sem roteiro rígido. À medida que a ansiedade diminui, as respostas do corpo tendem a melhorar naturalmente e a penetração volta a acontecer de forma mais espontânea.
Essa mudança de foco é transformadora porque abre espaço para um tipo de intimidade mais leve, onde erros, pausas e risadas não são vistos como fracasso, mas como parte da experiência.
No fim das contas, cuidar da sexualidade masculina não é acertar sempre, é estar inteiro na vida real. É ter coragem de reconhecer quando algo não vai bem, buscar ajuda se for preciso, abrir o jogo com a parceira e, aos poucos, construir uma intimidade em que caibam prazer, afeto, vulnerabilidade e até as falhas do caminho.
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Que neste Novembro Azul a gente não fale só de exames, mas também de homens que querem e merecem viver felizes, inclusive na cama. Porque o que realmente muda a vida não é um desempenho perfeito, mas sim a capacidade de estar presente, de corpo e alma, no encontro com o outro.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
