Marcílio de Moraes
Marcílio De Moraes
Jornalista formado pela PUC Minas em 1988, com passagem pelos jornais Diário do Comércio e O Tempo. Trabalhou em coberturas de leilões de privatização e em feiras internacionais
BRASIL EM FOCO

Brasil vai precisar investir em novas usinas nucleares no futuro

O Plano Nacional de Energia – 2050, prevê a instalação de 8 novas usinas nucleares no Brasil, com capacidade para gerar 8 mil MWs e investimentos de US$ 40 bilhões

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Mesmo com os volumosos investimentos na geração de energia solar fotovoltaica e eólica, que juntas somam investimentos de mais de R$ 50 bilhões, o Brasil não poderá prescindir de novas usinas nucleares, fonte que, embora não seja renovável, é mais limpa do que a geração por térmicas a gás, óleo ou carvão. Para mostrar o potencial do complexo nuclear do Brasil, que inclui, além das usinas, a medicina nuclear e outros usos, como irradiação de alimentos, a Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan) divulga no dia 29 de fevereiro um estudo feito pela Eletronuclear em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) que mostra o impacto do complexo nuclear na economia brasileira.


“A cada R$ 1 bilhão aplicado na energia nuclear há um retorno de R$ 3,1 bilhões, quer dizer há um lucro de R$ 2,1 bilhões”, afirma o presidente da Abdan, Celso Cunha, reconhecendo que o maior impacto ocorre no Rio de Janeiro, onde estão as usinas nucleares Angra I e Angra II. Juntas, elas representam 2,1% da matriz energética nacional, gerando um faturamento anual de R$ 4,6 bilhões e investimentos de R$ 350 milhões. As duas usinas empregam 1.750 pessoas. Com o impacto de agregação são gerados 22,5 mil empregos no país, de acordo com o estudo.


Hoje, segundo Celso Cunha, a geração nuclear gera energia a um custo de R$ 320 o megawatt (MW), valor mais alto do que a energia gerada pelo sol ou pelo vento, mas competitiva com a energia gerada por térmicas. Para Celso Cunha, a retomada dos investimentos na geração nuclear é necessária para garantir energia firme (de base) para o sistema elétrico, uma vez que tanto a solar quanto a eólica são intermitentes. “O Brasil tem reservas minerais, tecnologia de produção de equipamentos e de geração nuclear, que é uma energia limpa incentivada em todo o mundo hoje”, afirma o presidente da Abdan.


Celso Cunha lembra que a conclusão da usina de Angra III, que está com cerca de 65% das obras executadas, foi incluída no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A finalização da usina, com capacidade para gerar 1.400 MW, exigirá perto de R$ 20 bilhões. “Mas o custo não ser finalizado é de R$ 14 bilhões, então não tem o menor sentido não finalizar, porque se vai ter 1.400 MW por R$ 6 bilhões”, destaca Celso Cunha. Ele lembra ainda que o Plano Nacional de Energia – 2050 prevê a instalação de 8 novas usinas nucleares no Brasil, com capacidade para gerar 8 mil MW e investimentos da ordem de US$ 40 bilhões. “Se não viabilizarmos isso vamos conviver com apagões no futuro, como o que aconteceu em 23 de agosto do ano passado”, destaca Cunha.


Para o presidente da Abdan, esses investimentos podem ser viabilizados pela iniciativa privada. “A Constituição não veta a participação da iniciativa privada na construção e operação de usinas nucleares, mas é preciso uma legislação para regulamentar a atividade e aí se deve tomar medidas para controlar”, afirma Celso Cunha. “Nós estamos trabalhando para propor ao Congresso e ao Ministério das Minas e Energia (MME) para ter essa legislação complementar que permita a entrada da iniciativa privada”, acrescentou.


O estudo que será apresentado na segunda-feira mostra ainda que até 2036, a medicina nuclear representará um faturamento de R$ 535 milhões, com a realização de 3,8 milhões de procedimentos e 8,3 mil pessoas empregadas diretamente. A produção de urânio mineral oferece oportunidades para o Brasil, que tem uma reserva estimada de 277 mil toneladas, equivalente a 5% das reservas mundiais, sendo que apenas 30% do território brasileiro é prospectado para o minério estratégico. “O preço da libra de urânio passou de US$ 30, batendo em US$ 105 e o Brasil pode ser exportador de urânio. Hoje, os Estados Unidos têm 97 usinas e 30% delas são abastecidas com combustível russo, que não teve embargo”, diz Celso Cunha para mostrar outro ponto de potencial para o desenvolvimento do complexo nuclear no Brasil, que engloba cerca de 5 mil empresas.

Fundos 

R$ 71,1 bilhões é o saldo dos fundos de investimentos no mês de fevereiro até o dia 16, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Abmec)

Mais cartões

Pela primeira vez o valor transacionado com uso de cartões ultrapassou a marca de R$ 1 trilhão em um trimestre no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Cartões e Serviços (Abecs). O feito ocorreu entre outubro e dezembro de 2023. No ano, a movimentação chegou a 42,2 bilhões de transações, com crescimento de 13% sobre 2022. No Brasil são realizadas, em média, 115 milhões de pagamentos por dia, segundo a Abecs

Exportando

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou no ano passado R$ 13,5 bilhões para operações de apoio à exportação, volume 176% maior do que o registrado em 2022, com os desembolsos totalizando R$ 8,7 bilhões, um aumento de 168%. Segundo o banco, 51 grupos econômicos foram apoiados, sendo que 18 deles tiveram suas exportações financiadas na linha de crédito do BNDES pela primeira vez.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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