Às vésperas da entrada em vigor das Reforma Tributária, que terá uma fase inicial sem cobrança, uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que, para 70% dos empresários industriais, honrar tributos é o principal vilão do Custo Brasil. Em seguida, aparece a dificuldade em “contratar mão de obra qualificada”, com 62%; seguida de “financiar o negócio”, 27%; “segurança jurídica e regulatória”, 24%; e “competitividade justa”, 22%. Encomendada ao Instituto de Pesquisas Nexus, a Pesquisa Custo Brasil ouviu 1.002 empresários de indústrias de pequeno, médio e grande portes, das cinco regiões brasileiras, entre 14 de julho a 07 de agosto de 2025.
A carga tributária no Brasil fica entre 32% e 34% do PIB, dependendo do estudo. De acordo com o Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo, até a última quarta-feira, a soma de todos os impostos, tributos e contribuições pagas pelos brasileiros desde primeiro de janeiro chega a R$ 1,020 trilhão. “Todos os anos, jogamos fora mais de 20% do PIB brasileiro por não resolvermos dificuldades estruturais, como tributos, financiamento, qualificação de pessoas e infraestrutura. Esse é preço do Custo Brasil. O valor equivale aos gastos de toda a máquina estatal com servidores públicos neste ano”, diz o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Além dos impostos, os entrevistados citaram outros entraves à performance dos negócios no Brasil, como o acesso a insumos básicos, com 20%; inovar, 14%; infraestrutura, 12%; acessar serviços públicos, 10%; integração internacional, 4%; e abrir um negócio e retomar ou encerrar o negócio com 3%. “Diante de um cenário externo cada vez mais desafiador e instável, precisamos avançar internamente e encontrar saídas para melhorar nosso ambiente de negócios. Qual país pode se dar ao luxo de desperdiçar tanto dinheiro?”, avalia Ricardo Alban.
A pesquisa mostra que 64% dos empresários consideram que o impacto do Custo Brasil cresceu nos últimos três anos, refletindo no aumento nos preços. O levantamento mostra que 78% dos entrevistados acreditam que reduzir o Custo Brasil é prioridade estratégica para as empresas. De acordo com o levantamento, a maioria dos empresários industriais (77%) acredita que o Custo Brasil aumenta os preços finais pagos pelos consumidores. A percepção é maior no Nordeste: para 93% dos entrevistados o Custo Brasil resulta em aumento expressivo nos preços, seguido pelas regiões Sul (87%), Sudeste (78%), Norte/Centro-Oeste (76%).
Em relação aos países ricos, a pequisa mostra que, para os brasileiros, honrar tributos (66%), financiar o negócio (66%) e retomar ou encerrar o negócio (60%) são os fatores que mais encarecem a competitividade internacional. “Precisamos reduzir o Custo Brasil para promover a competitividade da indústria e um ambiente de negócios mais eficiente, estimulando a indústria brasileira tanto no mercado interno quanto externo. Isso faz com que os brasileiros possam acessar produtos mais baratos e melhorar sua qualidade de vida”, explica o vice-presidente da CNI, Léo de Castro.
O objetivo da pesquisa, lançada no início desta semana, é mostrar o impacto do Custo Brasil na rotina dos brasileiros e possíveis caminhos para superar os problemas de ineficiência. O termo foi criado no fim da década de 1990 para identificar o conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que prejudica o ambiente de negócios, encarece os custos das empresas, atrapalha investimentos e compromete a competitividade do país.
Florestas
R$ 44,3 bilhões
É o valor da produção da silvicultura e da extração vegetal em 2024, o que representa um aumento de 16,7% sobre o ano anterior. Os dados são do IBGE
Em alta
O relatório Agro Mensal, da Consultoria Agro do Itaú BBA, mostra que apesar de haver estabilidade nos custos de produção, os preços do suíno vivo em São Paulo alcançaram a máxima do ano, a R$ 9,40/kg, superando o patamar registrado no fim de fevereiro. Com o consumo interno estável, a pressão vem das exportações, que devem crescer 7,2% este ano, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Logística
Com 10 mil toneladas de produtos, alimentos que são realocados e chegam a custar até 80% menos, a Gooxxy comemora o fato de a ONU ter tirado o Brasil do Mapa da Fome. Isso porque a plataforma permite o aproveitamento de estoques com data crítica. “Políticas públicas têm papel essencial no combate à fome, mas a eficiência logística e de infraestrutura também faz a diferença”, diz o CEO da Gooxxy, Vinícius Abrahão.