A prisão do rapper Oruam voltou a ganhar repercussão nas redes sociais nesta semana, reacendendo o debate sobre a atuação da polícia no Rio de Janeiro e a relação com jovens artistas da cena do trap e do funk. O artista foi detido após uma operação policial controversa em sua residência, o que gerou comoção entre fãs e colegas do meio musical.
Desabafo de Poze: “A perseguição é real”
Poze do Rodo, uma das maiores vozes do funk nacional, se manifestou em seu perfil nas redes sociais com um longo desabafo. No texto, o cantor denuncia o que considera ser uma perseguição sistemática a artistas periféricos. “É surpreendente como certos assuntos ressurgem nas redes sociais, especialmente com relatos de perseguição. A situação é clara: a perseguição é real”, escreveu.
Segundo Poze, os episódios recentes remetem a uma prática de intimidação e manipulação emocional. “Invadiram sua casa, oprimiram-no, agrediram seus amigos, esperando uma reação. Acreditavam que ele sairia dali sorrindo e agradecendo? É inacreditável.” Veja vídeo
Condutas policiais e violações legais
Poze criticou duramente a forma como operações policiais têm sido conduzidas, citando inclusive uma invasão à sua própria casa, sem mandado judicial e em horário inadequado. “A sensação de ter a casa invadida em horários inadequados, a conduta policial agindo fora dos limites da lei – aqueles que deveriam ser exemplos de conduta legal – é revoltante.”
Ele também afirmou que, após ser libertado da prisão anteriormente, sua casa foi novamente invadida sob o pretexto de publicações de sua esposa nas redes sociais.
Trauma familiar e impacto nos filhos
Em um trecho comovente, Poze relata como os episódios de violência policial afetaram sua família, especialmente sua filha mais nova. “Minha filha mais nova, Laura, sente pavor ao ouvir a palavra ‘polícia’. É um trauma. O que posso dizer aos meus filhos? Que confiem na polícia do Rio de Janeiro, que ela protege a população?”
O cantor expressou indignação com a inversão de prioridades no poder público, que, segundo ele, se empenha mais em reprimir artistas do que em resolver problemas estruturais da sociedade: “Hospitais sem médicos, escolas sem recursos. Em vez de ajudar, tentam impedir quem tenta fazer o bem.”
“Tentam nos desestabilizar”
Ao longo do texto, Poze faz uma conexão entre sua trajetória e a de Oruam, revelando que já passou por situações semelhantes e apenas não reagiu da mesma forma por conta da maturidade adquirida com a paternidade. “Se eu fosse mais novo, faria o mesmo, pois ninguém aguenta tamanha injustiça.”
Ele também denuncia o que seria uma tentativa orquestrada de desestabilizar e prender artistas, principalmente os que ganham notoriedade em comunidades: “Parece haver um planejamento para prender artistas. Tentam desestabilizar, e quando conseguem, prendem.”
Reflexões e cobranças
Poze termina o desabafo com perguntas contundentes: “Onde está a proteção? O que fazem para defender nosso povo?”. Para o artista, o sistema falha em proteger os que vêm da periferia e, ao invés disso, reprime quem tenta oferecer apoio e representatividade por meio da arte.
O caso segue gerando debates sobre racismo estrutural, violência policial e criminalização de artistas periféricos. Oruam ainda não se manifestou publicamente desde a prisão. A Defensoria Pública do Estado acompanha o caso.
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