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Conceito oriundo da área demográfica, a razão de dependência de idosos (RDI) é a razão entre o segmento etário da população definido como economicamente dependente (ED) – ou seja, os menores de 15 anos somados aos de 65 anos ou mais de idade – e o segmento etário potencialmente produtivo (PP), entre 15 e 64 anos de idade, na população residente em determinado espaço geográfico, em um ano qualquer considerado.
A importância de medir indicadores como as RDI decorre, assim, do forte e direto elo que existe entre elas e os gastos previdenciários e assemelhados do país em causa. Quanto maiores, mais altas as despesas com previdência e assistência social.
Governos de países, como o Brasil, que vêm testemunhando ultimamente uma forte subida das RDI, deveriam acompanhar de perto a sua evolução, a fim de adotar medidas específicas capazes de reduzir seus passivos atuariais de forma relevante, sob pena de serem induzidos a reduzir drasticamente seus tão importantes investimentos públicos em infraestrutura (importantes principalmente pela viabilização de taxas de crescimento do PIB e do emprego mais elevadas que propiciam), para compensar o aumento dos demais gastos.
Segundo estudos elaborados por entidades internacionais, entre 1950 e 2015, ou seja, no espaço dos 65 anos que se situaram entre esses dois referenciais, as RDI, que são definidas, vale a pena repetir, como a razão, em termos percentuais, entre os números de pessoas atribuídos ao segmento denominado “economicamente dependente” (ED), cálculo esse que inclui os com menos de 15 anos mais os com 65 anos ou mais de idade, em relação ao grupo “potencialmente produtivo” (PP), que inclui os que se situam na faixa etária entre 15 e 64 anos de idade, tinham alcançado, em 1950, a marca de cerca de 5% no caso do Brasil e, ao lado disso, algo ao redor do dobro desse valor tanto nos Estados Unidos como na Europa.
Já se caminhássemos na direção do ano de 2015, verificaríamos que, nos casos de Brasil e EUA, a RDI dobraria de valor relativamente aos obtidos para 1950, enquanto no caso da Europa esse mesmo indicador aumentaria um pouco mais relativamente a 1950, no mesmo tipo de comparação.
Já se olhássemos mais à frente para o ano de 2055, veríamos que agora a RDI do Brasil aumentaria bastante, no caso para um número que representaria algo ao redor de 3,5 vezes o que havia ocorrido em 2015. Já no caso dos EUA, o aumento não seria tão expressivo como no caso do Brasil, mas mesmo assim seria algo bastante relevante. Quanto à Europa, na comparação 2015-2055, teria havido um aumento da ordem de 100%.
Finalmente, para encerrar o exame do mesmo gráfico, ver-se-á que, ao se aproximar o ano de 2095, projetar-se-ão Brasil e Europa terminando muito próximos na comparação 2055-2095, com uma RDI 1,6 vez maior, no caso do Brasil, e 1,2 vez, no caso da Europa, respectivamente.
Como resumo final, o Brasil terminou o período total considerado (1950-2095) registrando uma taxa de crescimento de sua RDI um tanto acima, em termos percentuais, do que ocorria com o continente europeu, enquanto este, por sua vez, registrava um crescimento total maior, ainda, do que ocorria nos EUA. Nesse sentido, o posicionamento relativo de nosso país, em termos do grau de envelhecimento populacional é bem mais frágil do que o do mundo desenvolvido. Ou seja, as autoridades precisam definir políticas adequadas para minorar as consequências desfavoráveis do nosso posicionamento relativo em termos da dependência de idosos, basicamente buscando a realização do chamado equacionamento atuarial (ou caminhar na direção da zeragem de seus passivos atuariais).
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.