O cenário global do empreendedorismo testemunha uma ascensão notável de indivíduos na faixa etária "55+", consolidando o que se denomina empreendedorismo sênior.

Este fenômeno é impulsionado por uma intrincada combinação de oportunidade de mercado e necessidade de complemento de renda, fatores que, embora distintos, convergem para a tomada de decisão de iniciar um novo negócio.

O dilema entre oportunidade e necessidade

Dados recentes da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada pelo Sebrae e pela ANEGEPE, revelam que, para o público "55+", a oportunidade de mercado é o principal motor para o empreendedorismo, respondendo por 60,5% das iniciativas, enquanto a necessidade de complementar a renda motiva 39,5%. Essa distinção é crucial para entender a natureza das empresas emergentes nesse segmento.

Mas a oportunidade não deve ser confundida com a mera capacidade individual de executar uma tarefa. Empreender por oportunidade, nesse contexto, significa identificar e capitalizar sobre um cenário de mercado favorável. Para isso, a preparação precede a competência técnica: é imperativo que o empreendedor compreenda bem o mercado, domine as estratégias de acesso ao cliente e defina um posicionamento eficaz antes de considerar suas habilidades pessoais como um diferencial competitivo.

A simples aptidão para uma atividade, como cozinhar ou programar, não é suficiente para garantir o sucesso de um negócio; é necessário um planejamento estratégico robusto.

O perfil estratégico do empreendedor sênior

Um dos traços distintivos do investidor sênior é sua maior assertividade em comparação com empreendedores mais jovens. Essa característica está intrinsecamente ligada à forma como a necessidade de complementar a renda é percebida e gerenciada. Enquanto a pressão financeira pode embaçar as decisões de empreendedores mais jovens, levando-os a negligenciar o tempo fundamental de estudo e planejamento do negócio, o sênior demonstra uma tranquilidade maior ao pensar em complementar a renda. Essa serenidade permite um processo decisório mais ponderado, a alocação de tempo adequado para a estruturação do empreendimento e uma vantagem em relação a investidores mais jovens, que muitas vezes carecem de paciência para aguardar resultados.

A experiência acumulada ao longo da vida profissional e pessoal confere ao empreendedor sênior uma vantagem competitiva significativa. Estatísticas da GEM mostram que 29% do público "55+" possui mais de três anos de experiência empreendedora, contra 19% na faixa etária entre 18 e 34 anos, e 13% dos indivíduos com mais de 55 anos já estão em fase de implementação de seus negócios ou os operam há pelo menos três meses. Essa bagagem não se restringe apenas a empreendimentos formais, mas engloba um vasto repertório de conhecimentos, redes de contato e resiliência adquiridos.

Áreas estratégicas e a valorização da bagagem profissional

Para o empreendedor sênior, certas áreas de atuação se mostram particularmente promissoras: serviços de consultoria, gastronomia, turismo e lazer. Nestes setores, a "persona", ou seja, o estilo e a individualidade do empreendedor, pode constituir o grande diferencial competitivo.

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É fundamental que o empreendedor utilize sua vasta bagagem profissional para transformar essas experiências e conhecimentos em oportunidades de negócio concretas. Isso implica não apenas replicar habilidades técnicas, mas capitalizar sobre a rede de contatos, a credibilidade construída, a capacidade de resolução de problemas complexos e a inteligência emocional desenvolvidas ao longo de décadas de carreira. A sabedoria adquirida e a visão de mundo amadurecida podem ser convertidas em serviços de alto valor agregado, consultorias especializadas ou experiências personalizadas que ressoam com um público específico.

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