A Portela foi a última escola a desfilar na Marquês de Sapucaí, já na madrugada desta quarta-feira (5/3) de Cinzas, e fez história ao prestar uma emocionante homenagem a Milton Nascimento. O cantor e compositor, ovacionado pelo público, surgiu na última alegoria do enredo que celebrou sua obra.

Nas redes sociais, ele expressou emoção com a homenagem: "Hoje é o dia mais feliz da minha vida! Obrigado, Portela. Obrigado, todo mundo. Um beijão”, escreveu Milton.

Criado pelos carnavalescos André Rodrigues e Antonio Gonzaga, o desfile trouxe referências marcantes das músicas e memórias do artista. Desde as fantasias até as alegorias, tudo contava um pouco das obras de Milton. No aquecimento, o intérprete Gilsinho, acompanhado pela bateria da escola, cantou Maria, Maria, um dos maiores sucessos do homenageado, composta em parceria com Fernando Brant.

Com 27 alas, cinco alegorias, dois tripés e 2.500 integrantes, a Portela transformou a avenida em uma grandiosa procissão simbólica. O cortejo saiu do Rio de Janeiro e seguiu rumo a Minas Gerais, estado onde o carioca Milton Nascimento foi criado e se tornou um ícone da música mundial. No desfecho do desfile, a apoteose: o "Sol" da MPB foi coroado.

Aos 102 anos, a Portela se mantém como a única escola a participar de todos os desfiles do carnaval carioca. E, pela primeira vez, homenageou um artista ainda em vida.

Milton Nascimento com os pais, Josino Brito e Lilian, em Três Pontas. Ele contou ao jornal O Globo que gosta de carnaval desde os 7 anos. Sua primeira escola foi a três-pontana Estudantes do Samba. 'Vestia fantasia e ia para a rua junto com eles', revelou. Mais tarde, Milton, Nelson Ângelo, Novelli e Fran compuseram 'Reis e rainhas do maracatu' para a Estudantes do Samba, faixa do álbum 'Clube da Esquina 2' Acervo pessoal
Milton Nascimento participa do ensaio técnico da Portela em 22 de fevereiro, a uma semana do carnaval de 2025 Instagram/reprodução
Em 2016, Jean Paulo Campos, o Cirilo da novela 'Carrossel' (SBT/Alterosa), desfilou na Tom Maior representando Milton Nascimento quando criança. Na época, o ator tinha 12 anos SBT/divulgação
Em 2016, Bituca foi homenageado no carnaval de São Paulo pela escola de samba Tom Maior. O enredo 'Travessias de Milton Nascimento: todo artista tem de ir aonde o povo está' comemorou os 50 anos de carreira do cantor e compositor. A escola ficou em segundo lugar no Grupo Especial Sindicato dos Bancários SP/Facebook
Em 2010, a verde-e-rosa defendeu na avenida o enredo 'Mangueira é música do Brasil'. Milton Nascimento desfilou ao lado de Sandra Sá. Também participaram Alcione, João Donato, Marcos Valle, Emílio Santiago, Fernanda Abreu e Elimar Santos. A escola ficou em sexto lugar Sérgio Moraes/Reuters/15/2/2010
Em 2006, o mangueirense Milton Nascimento volta ao Sambódromo. E desfilando sob outro enredo mineiro: 'Das águas do São Francisco, nasce um rio da esperança', com carrancas soltando fumaça pelas ventas (foto). Milton e a cantora Paula Lima foram o Rei e a Rainha Quilombola. A verde-e-rosa ficou em quarto lugar Vanderlei Almeida/AFP/28/2/2006
Em fevereiro de 2004, Milton participou do show de integrantes da Mangueira para empresários, no Rio de Janeiro. Na foto, ele beija a bandeira verde-e-rosa ao lado da porta-bandeira Giovanna Justo e do mestre-sala Marquinhos Marcos Ramos/Agência Globo/8/2/2004
Milton Nascimento desfilou várias vezes na Mangueira. Em 2004, ele saiu no alto do carro alegórico dedicado a Chico Rei (foto), quando a verde-e-rosa defendeu o enredo 'Mangueira descobre a Estrada Real... E deste Eldorado faz seu carnaval'. A escola ficou em terceiro lugar no Grupo Especial Custódio Coimbra/Agência Globo/23/2/2004
Em 1989, a escola de samba carioca Unidos do Cabuçu, de Lins de Vasconcelos, levou Milton Nascimento para a avenida. O enredo 'Milton Nascimento, sou do mundo, sou de Minas Gerais' celebrou a obra do cantor e compositor em desfile sem plumas e enfeites vindos dos animais, a pedido do próprio Milton. Ficou em 14º lugar no Grupo 1 Reprodução
Em 12 de fevereiro, Milton participou, de surpresa, do ensaio na quadra da Portela (foto), em Madureira, no Rio de Janeiro. Cantou 'Maria Maria' e 'Nos bailes da vida', emocionando o público, pois encerrou a carreira nos palcos em 2022, no Mineirão, em BH. Os músicos Hamilton de Holanda e Wilson Lopes o acompanharam. 'Bituca encantou e cantou para o povo, mostrando que o artista vai onde o povo está! Épico, único e inesquecível', afirmou postagem no perfil oficial da escola nas redes sociais Instagram/reprodução
Milton Nascimento é o astro do carnaval da Portela em 2025. Será a última escola a desfilar no grupo de terça-feira, já na madrugada da quarta-feira de cinzas (5/3), defendendo o enredo "Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol – Uma homenagem a Milton Nascimento", criado por André Rodrigues e Antônio Gonzaga. Em janeiro, vestindo terno azul, blusa e gravata brancas (cores da escola), Milton (foto) visitou a sede da "Majestade do Samba" e se sentou no 'trono' debaixo da famosa águia portelense. Pela primeira vez, a agremiação de Madureira homenageia um artista vivo Instagram/reprodução
Quando dona Lília vestiu o pequeno Milton com a roupa de palhacinho para a foto de família, mal sabia ela que sob aquela fantasia delicada estava um folião, futuro ícone da música brasileira que ganharia homenagem de várias escolas de samba – entre elas, Unidos do Cabuçu, Mangueira, Tom Maior e Portela Milton Nascimento/Instagram

Com a bênção de Xangô, a escola pisou na Sapucaí pouco depois de 3h20. Na comissão de frente, intitulada "Vou partir em procissão", o público foi apresentado ao início da jornada, que partiu de Madureira (RJ) em direção a Três Pontas (MG). Vestidos com trajes dourados reluzentes, os integrantes representavam o sol – referência à luz e ao brilho da música de Milton Nascimento.

*Com informações de Lucas Lanna

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