Duas peças e duas exposições estão em cartaz no CCBB-BH neste feriadão, opções da agenda cultural para quem não quiser ficar em casa curtindo o ócio.
Com curadoria da historiadora Lilia Moritz Schwarcz, a mostra “Flávio Cerqueira – Um escultor de significados” é dividida em cinco núcleos que se espalham por galerias do térreo, hall e espaços de circulação internos e externos do prédio histórico da Praça da Liberdade.
“Labirinto da memória”, o primeiro núcleo, reúne peças mais antigas e de menor porte. As esculturas são em bronze, porém brancas, com pintura eletrostática. Está nesta seção a obra “No meu céu ainda brilham estrelas”, que apresenta uma garota segurando livro com 27 furos – metáfora do conhecimento como único bem imaterial impossível de ser tirado de alguém.
A exposição segue com o “Histórias – as minhas histórias, as nossas…”, onde está “Amnésia”, escultura em bronze do garoto negro que segura uma lata sobre a cabeça, de onde escorre tinta branca que cobre parcialmente seu corpo. Na sequência, em “O jardim das utopias” e “O processo é lento”, Cerqueira apresenta todas as etapas para a criação de uma obra.
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Nas galerias do terceiro andar está montada “Ancestral: Afro-Américas”, com 130 obras de artistas afrodescendentes brasileiros e norte-americanos de diferentes gerações. Com direção artística de Marcello Dantas e curadoria de Ana Beatriz Almeida e Lauren Haynes, a mostra foi dividida em quatro módulos: “Corpo”, “Sonho”, “Espaço” e “Áfricas”.
Máscara africana exposta no CCBB em Belo Horizonte
Podem ser conferidos trabalhos de Emanoel Araújo, Abdias do Nascimento, Mestre Didi e Heitor dos Prazeres, entre os brasileiros. Esculturas, pinturas ritualísticas e objetos utilitários lembram o passado ancestral e diaspórico dos afrodescendentes, remetendo a costumes, história, geografia, religião e política.
Estão em cartaz no CCBB duas peças que convidam a reflexões sobre o mundo de hoje. “Os sobreviventes” tem direção de Ana Regis e é protagonizada por Luciana Veloso e Thomaz Cannizza. “Mata teu pai, ópera balada”, dirigida por Grace Passô e Marina Mathey, traz no elenco Eme Barbassa, Jade Maria Zimbra, Lux Nègre e Warley Noua.
A primeira, montada no Teatro II do CCBB, é baseada no conto homônimo de Caio Fernando Abreu (1948-1996). Dois amigos de longa data que viviam juntos estão prestes a seguir novos caminhos depois de experimentarem a descoberta da sexualidade, a opressão da ditadura e a frustração com a redemocratização do Brasil.
“Mata teu pai…”, em cartaz no Teatro I, é uma releitura da tragédia de Eurípedes, “Medeia”, reescrita à luz da atualidade. Nesta versão, Medeia peregrina entre os escombros de uma cidade e sente na pele a condição de imigrante e excluída.
Seu caminho é atravessado por mulheres expatriadas de diferentes culturas – uma síria, uma cubana, uma judia e uma haitiana –, gerando forte cumplicidade entre elas.
Mulheres expatriadas em "Mata teu pai, ópera balada", releitura da tragédia "Medeia"
PROGRAMAÇÃO
CCBB BH (Praça da Liberdade, 450, Funcionários). Funciona de quarta a segunda, das 10h às 22h. As exposições “Flávio Cerqueira: Um escultor de significados” e “Ancestral: Afro-Américas” têm entrada franca. No Teatro I, sessões de “Mata teu pai, ópera balada”, de sexta a segunda, às 20h30. No Teatro II, “Os sobreviventes”, de sexta a segunda, às 19h. Ingressos para cada peça custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), à venda na bilheteria e no site ccbb.com.br/bh.