ARTES CÊNICAS

Musical "Viva o povo brasileiro" encerra temporada em BH

Adaptação do livro de João Ubaldo Ribeiro conta com o ator Maurício Tizumba no elenco e 30 composições de Chico César, em espetáculo no Sesc Palladium

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Mais de 30 mil pessoas no Brasil já assistiram ao espetáculo “Viva o povo brasileiro”, que encerra sua segunda temporada com apresentações hoje e amanhã (16 e 17/5), no Sesc Palladium. Inspirado no livro homônimo de João Ubaldo Ribeiro (1941–2014), publicado em 1984, o musical tem como cenário a cidade natal do autor, Itaparica, na Bahia, e leva para o palco um retrato da formação do Brasil.

A adaptação foi idealizada pelo diretor André Paes Leme, que teve o primeiro contato com a obra há mais de 10 anos. Assim que leu o livro pela primeira vez, ele se perguntou: “Será que dá para transformar isso em teatro?”. "Eu tinha muita vontade de trabalhar com uma narrativa literária que tivesse um componente histórico, social, político e crítico”, diz.

O processo de adaptação foi extenso e tomou forma a partir de uma pesquisa acadêmica realizada por Paes Leme durante seu doutorado em Estudos de Teatro na Universidade de Lisboa. O espetáculo abrange aproximadamente um terço do livro original – o equivalente a cerca das 200 primeiras páginas.

Embora tenha adaptações de tempo, narrativa e personagens, o diretor garante que preserva o espírito da obra original. “Todo trabalho de transposição de uma obra literária para o palco é, inevitavelmente, uma releitura. Mesmo buscando fidelidade, trata-se de uma nova visão. É um espetáculo de fôlego, longo, como não poderia deixar de ser”, conta. O livro tem 672 páginas.

O protagonista da história é interpretado por Maurício Tizumba, que dá vida a uma alma que deseja encarnar em um brasileiro. “Foi uma oportunidade muito especial assumir esse personagem dentro de uma obra tão grandiosa. Quando recebi o convite, não imaginava a dimensão que isso tomaria”, afirma o ator, que foi premiado com o Shell de “Melhor Ator” pelo papel.

Protagonismo negro

Tizumba destaca a importância de trazer à cena uma figura negra com poder e protagonismo. “Esse é um espetáculo que não fala só das derrotas do povo negro, fala também das vitórias. Meu personagem não é um miserável, muito pelo contrário, é um preto de posses, com poder e boas condições de vida”, afirma.

No palco, ele divide a cena com a filha, Júlia Tizumba. A dupla também atua junta no cinema e na música. No início do ano, contracenaram no filme “O melhor queijo do mundo”, de Lucas Assunção. Completam o elenco Alexandre Dantas, Cris Meirelles, Hiane, Hugo Germano, Jackson Costa, Ju Colombo, Jesus Jadh e Sara Hana.

A trilha sonora original é assinada por Chico César, que escreveu 30 canções inspiradas no texto de João Ubaldo. “Ele ia lendo o livro e compondo conforme o texto o tocava”, conta o diretor. As músicas, com arranjos de João Milet Meirelles, são interpretadas ao vivo por um grupo de alunos de teatro. “Para mim, o Chico é o melhor compositor brasileiro”, elogia Tizumba.

O espetáculo propõe ao espectador um pensamento crítico sobre a formação do Brasil. “A montagem leva o público a pensar em como o Brasil foi formado, por que somos tão desiguais”, afirma o Mauricio Tizumba. “É um retrato de um Brasil que precisa ser passado a limpo. Um país onde alguém se diz dono de uma terra que já tinha donos. Onde alguém se diz dono de gente. Isso tem que ser revisto. É preciso repensar as relações entre o povo e quem se diz dono do país”, avalia o ator.

Mesmo com as denúncias, também há espaço para o humor. “A literatura de João Ubaldo é extremamente bem-humorada, crítica, irônica. É uma montanha-russa. Acho que o público vai se surpreender por perceber que literatura também é teatro, e por sentir a força de todo o elenco”, diz André Paes Leme.

“VIVA O POVO BRASILEIRO”

Apresentações nesta sexta e sábado (16 e 17/05), às 20h, no Sesc Paladium (Rua Rio de Janeiro, 1046 – Centro). Ingressos pelo Sympla ou na bilheteria do teatro. Plateia I, R$ 100; Plateia II, R$ 80; e Plateia III, R$ 60 (inteira).

OUTRAS PEÇAS

>>> “TÁ NO ESTATUTO”

Com apresentações hoje e sábado (16 e 17/5), espetáculo “Tá no Estatuto!”, do Instituto Hahaha, aposta em uma proposta lúdica e engraçada para destacar o tema da violação de direitos contra a infância e a adolescência, apresentando ao público os direitos previstos na principal legislação sobre o assunto, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A montagem tem direção de Vinivius de Souza e traz performances que envolvem música e dança. As apresentações gratuitas acontecem hoje, às 19h, na Praça Floriano Peixoto, no Bairro Santa Efigênia, e amanhã (17), às 17h30, na Praça José Verano, no Barreiro.


>>> “BURBURINHO”

Festival Sesi em Cena apresenta, sábado (17/5), o espetáculo “Burburinho”, da quasecia. de teatro, que retorna ao palco do Teatro de Bolso do Sesiminas. Dirigido pela atriz Raquel Pedras do Grupo Armatrux e com dramaturgia assinada pelo artista cofundador da companhia, Daniel Gama, a peça traz um grupo de pessoas que vivencia uma festa de aniversário, sua poesia e o curso de seus acontecimentos. A única apresentação acontece às 19h, no Teatro de Bolso Sesiminas, na Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia, e os ingressos têm preços de R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).


>>> “VELÓRIO – PARA MORRER DE RIR”

Espetáculo “Velório – Pra morrer de rir!” chega a BH para duas apresentações, amanhã e domingo (17 e 18/5), no Teatro Francisco Nunes. A comédia, que desembarca pela primeira vez em Belo Horizonte, foi escrita, dirigida e estrelada por Thadeu Santos, ao lado do ator Rogério Freiz, e traz uma sátira bem-humorada sobre a vida – e a morte. A trama se passa durante uma noite chuvosa, onde os únicos presentes num velório são justamente os defuntos. No sábado, o horário é às 20h30, e no domingo, às 19h. O Teatro Francisco Nunes fica no Parque Municipal, no Centro, e os ingressos podem ser adquiridos na plataforma Sympla a R$ 30 (meia-entrada) e R$ 60 (inteira no dia).

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