Drama cantado

Ópera "Matraga" reestreia trazendo o drama do sertanejo traído

Inspirado no conto "A hora e a vez de Augusto Matraga", de Guimarães Rosa, o espetáculo estará em cartaz até terça-feira (20/5), no Palácio das Artes

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A ópera “Matraga”, da Fundação Clóvis Salgado, estreou em Belo Horizonte em outubro de 2023. Inspirado em “A hora e a vez de Augusto Matraga” – último conto de “Sagarana” (1946), primeiro livro publicado por Guimarães Rosa – o espetáculo conquistou crítica e público, levando mais de 5 mil espectadores ao Palácio das Artes.


No sábado (17/5), a peça reestreiou na capital mineira, com apresentações também no domingo, hoje e amanhã, às 20h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes. A montagem reúne a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG), o Coral Lírico de Minas Gerais e a Cia de Dança Palácio das Artes.


Em três atos, a ópera conta a história do sertanejo Augusto Matraga, homem bruto do interior de Minas Gerais que, após ser traído pela esposa e por seus capangas, é espancado e deixado à beira da morte. Acolhido por um casal religioso, ele inicia uma jornada de transformação espiritual, mergulhando em um processo profundo de arrependimento, redenção e tentações.


“Guimarães Rosa nos ensina sobre a cultura sertaneja mineira arraigadamente maniqueísta. No conto, vemos como o autor lida com o atrito entre o bem e o mal e magistralmente captura que o conflito os entrelaça”, explica Rita Clemente, diretora cênica da ópera, ao lado de Ligia Amadio, regente titular da OSMG, que assina a direção musical.


A ópera revisita o libreto escrito por Rufo Herrera há mais de três décadas. Na concepção cênica, Rita Clemente adotou uma estética surrealista, evocando referências das obras de Guimarães Rosa. Assim, o pacato cenário do sertão mineiro ganha vida no palco por meio da presença de centenas de intérpretes, objetos cênicos inusitados e cavalos gigantes.


“Escolhi trazer para a cena do teatro alguns elementos iconográficos que fazem parte do universo ‘roseano’. Essas referências aparecem de forma expressiva e em uma linguagem teatral própria, permitindo uma imersão mais intensa na poética do autor”, diz Rita.


No elenco, Gilson de Barros é o narrador, Leonardo Fernandes é Augusto Matraga e Flávio Leite é Joãozinho Bem-Bem. As irmãs Edineia Oliveira e Edna d’Oliveira interpretam Mãe Quitéria e Dionóra, respectivamente. Como mulheres negras, ambas ocupam um espaço importante na cena lírica nacional, mais uma vez reiterado pelos papéis de destaque nesta ópera.

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Da última temporada para agora, o espetáculo aprofunda sua proposta artística. Embora o roteiro e a equipe técnica permaneçam os mesmos, o tempo de dedicação para a produção da ópera aumentou, e com isso, a montagem se aprimora.


O figurino, o cenário e a iluminação dão mais perspectiva à cena. Já o corpo de baile, os atores e o coral lírico estão mais expressivos em frente ao público, o que, segundo Rita, permite “uma obra muito mais requintada, porque é no detalhe que algo pode se constituir com qualidade”.


“MATRAGA”

  • Ópera da Fundação Clóvis Salgado inspirada no conto “A hora e a vez de Augusto Matraga”, publicada no livro “Saragana” (1946).
  • Direção cênica: Rita Clemente.
  • Direção musical e regência: Ligia Amadio.
  • Hoje e amanhã, às 20h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro).
  • Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia), à venda na plataforma Eventim e na bilheteria do teatro.

* Estagiária sob supervisão do editor Enio Greco

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