Quase 13 anos após sua primeira – e até então única – vinda ao Brasil, em novembro de 2012, e oito anos desde o cancelamento do show no Rock in Rio 2017, devido à fibromialgia que a levou a ser hospitalizada, Lady Gaga se apresenta na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, na noite deste sábado (3/5). Vai mostrar ao vivo para os brasileiros as canções do novo disco de estúdio, “Mayhem”, além de hits de sua carreira.

Tudo que você precisa saber sobre o show em Copacabana

A expectativa é reunir 1,6 milhão de pessoas, assim como o show de Madonna no ano passado, no mesmo local. Será o maior show da carreira da diva americana, de 39 anos, iniciada em 2007.

Seja de carro, ônibus ou avião, mineiros aproveitaram o feriadão prolongado para criar a própria logística para fazer parte deste espetáculo. É o caso da jornalista Lethicia Pechim, de 25 anos.

Natural de Dom Silvério, na Zona da Mata, ela mora em Belo Horizonte há sete anos. Pela primeira vez, Lethicia se deslocou até outro estado para ver um artista de perto. Um, não – “A” artista, avisa ela.

“Nem sequer imaginava que seria possível vê-la. Não cogitava esse sonho. Passo 20% do meu tempo falando da Lady Gaga, nos outros 80% espero alguém falar dela para eu poder comentar também”, relata.

A jornalista optou pela viagem de ônibus: saiu de BH na terça-feira (29/4). “A passagem no dia 30 estava mais cara. Cerca de R$ 100 a R$ 150 a mais, na mesma companhia e no mesmo horário”, conta.

Apesar de toda a euforia, Lethicia Pechim afirma que ver Gaga ao vivo se tornou realidade em virtude de fatores que vão além do fato de o show gratuito ocorrer no feriado prolongado.

“Vou para a casa de dois amigos que moram no Rio e são da minha cidade, o que me deixa mais confortável. Se fosse para andar sozinha ou com amigo que não conhece o Rio, eu não iria”, diz.

‘Alejandro’: o início

O clipe de “Alejandro” (2009) foi a porta de entrada para muitos fãs brasucas no mundo Gaga. É o caso do publicitário Lucas Vitorino, de 29 anos. “Fiquei fascinado quando vi pela primeira vez, só falava disso. Eu não tinha internet na época, amiga minha baixou o clipe e fiquei assistindo pelo celular”, relata.

Agora, Lucas está mais ansioso ainda, depois de ver pela internet as performances da cantora em abril, no festival Coachella, na Califórnia (EUA).

Natural de Cataguases, na Zona da Mata, Vitorino teve em “Alejandro” a “fagulha” para a paixão que transcenderia a música. “Adolescência é um período de descoberta. Como pessoa LGBT+ que sou, a Gaga (voz ativa na luta pelos direitos LGBTQIAPN+) me ajudou muito nesse processo. Admiro muito o lado artístico dela, gosto de arte como um todo, música, artes plásticas, cinema. Ela me representa, é uma inspiração.”

Viajar para outros estados levando na bagagem o anseio por shows de artistas favoritos não é novidade para o publicitário. Mas assistir à “Mother Monster” ao vivo ganha outra conotação.

“Será minha primeira vez num show desta dimensão. Não fui ao show da Madonna em Copacabana, apesar de gostar muito dela”, conta Vitorino, que comprou passagens aéreas de BH para o Rio.

“Imaginei que haveria muito trânsito nas rodovias, por causa do feriado e do show. Então, preferi investir um pouquinho mais. Como comprei as passagens antes, não foi tão caro em relação ao ônibus.”

Do jazz ao metal

A versátil Lady Gaga transita por pop, eletrônica, R&B, jazz e metal. Exemplos disso são a parceria dela tanto com Tony Bennett (1926-2023), que rendeu dois álbuns, quanto com o Metallica, no Grammy 2017, para a performance de “Moth into flame”, da banda norte-americana, cuja letra remete a outra diva, Amy Winehouse (1983-2011).

Multiartista, Gaga não se limita à música. No cinema, atuou com sucesso em “Nasce uma estrela” (2018), que lhe deu o Oscar de Melhor Canção Original por “Shallow”.

Fez também o filme “Casa Gucci” (2021), com elogios da crítica. Já “Coringa: delírio a dois” (2024), no qual contracenou com Joaquin Phoenix, foi fracasso de bilheteria.

Vestido de carne

Performances de Gaga chamam a atenção, com figurinos extravagantes e provocativos, como ocorreu no MTV Video Music Awards de 2010, nos Estados Unidos, quando ela surgiu com um vestido feito de pedaços de carne de boi crua.

O figurino era um protesto com o objetivo de chamar a atenção para os direitos dos soldados LGBTQIAPN+ do Exército dos EUA, submetidos à opressiva política “don’t ask, don’t tell”. Gaga explicou: “Se não lutarmos por nossos direitos, seremos apenas carne.”

Vestido feito com carne crua usado por Lady Gaga em 2010, no MTV Video Awards, foi parar no National Museum of Women in the Arts, em Washington Jewel Samad/AFP
Lady Gaga com o 'vestido de carne' assinado por Franc Fernandez, em 2010, no MTV Video Awards, em Los Angeles. A cantora afirmou que se tratava da luta por seus direitos, e o estilista argentino explicou em entrevista: ‘Se a gente não lutar pelo que acreditamos e pelos nossos direitos, logo logo a gente terá tantos direitos quanto a carne que cobre os nossos ossos" Mario Anzuoni/Reuters/2010
Lady Gaga com o 'vestido de carne' assinado por Franc Fernandez, em 2010, no MTV Video Awards, em Los Angeles. A cantora afirmou que se tratava da luta por seus direitos, e o estilista argentino explicou em entrevista: ‘Se a gente não lutar pelo que acreditamos e pelos nossos direitos, logo logo a gente terá tantos direitos quanto a carne que cobre os nossos ossos" Mario Anzuoni/Reuters/2010
Sapatos de carne crua usados por Lady Gaga no MTV Video Awards em 2010, em Los Angeles Mike Blake/Reuters
Sapatos criados pelo Emporio Armani em 2010 para Lady Gaga Christian Hartmann/Reuters
No Coachella 2025, Lady Gaga exibiu vários looks, como o vestido com espartilho assinado pela turco-britânica Dilara Findikoglu (foto). No show de 3 de maio, fãs brasileiros podem esperar também figurinos impactantes de Peri Rosenzweig e Nick Royal (Hardstyle), Sam Lewis, Manuel Albarran, Francesco Risso e Matières Fécales Youtube/reprodução
Para lançar o filme "Coringa: Delírio a dois" no Festival de Veneza 2024, a estrela escolheu modelo preto de alta-costura Christian Dior, adereço de cabeça assinado por Phlip Treacy e joias da Tiffany & Co. O filme fracassou posteriormente, mas não ofuscou Gaga. Alberto Pizzoli/AFP
Em 2024, Lady Gaga exibiu figurino futurista, assinado pelo argentino Selva Huygens, em que tecidos brancos se juntam a uma peça de carro, durante o lançamento do projeto Gaga Chromatica Ball. HBO/Reprodução/Instagram de Lady Gaga
No Oscar 2019, Lady Gaga vestiu pretinho chic da grife Alexander McQueen, um de seus estilistas preferidos e autor de vários looks da estrela. Ela disse ter feito a canção 'Fashion of his love' para o britânico, que se matou em 2010, aos 40 anos. Naquela noite, levou a estatueta de Melhor Canção Original por 'Shallow', do filme 'Nasce uma estrela'. Detalhe: o colar de diamante amarelo da Tiffany & Co enfeitou o famoso pescoço de Audrey Hepburn nas fotos de divulgação do filme 'Bonequinha de luxo' (1957). Frederick J. Brown/AFP
Em 2013, Lady Gaga literalmente voou para divulgar o álbum 'Artpop', em Nova York. Todo branco, 'Volantis' era uma espécie de 'figurinocóptero', anexado a equipamento aéreo. Ela explicou a roupa-performance: 'Serei um veículo hoje para as suas vozes. Para os jovens do mundo todo." Emmanuel Dunand/AFP
Em 2011, Lady Gaga chegou à cerimônia do prêmio Grammy dentro de um ovo gigantesco e transparente, performance de lançamento da canção 'Born this way'. Ela explicou: "O ovo criativo foi muito útil para que eu ficasse centrada. Estive atrás do palco e fui capaz de me manter em estado de incubação criativa". Disse que sempre teve vontade de "nascer no palco" e saiu da festa com os troféus de Melhor Performance Pop Feminina, Melhor Vídeo e Melhor Álbum Pop Vocal pelo disco 'The fame monster'. Lucy Nicholson/Reuters
Na entrega do Grammy em 2010, o look Giorgio Armani transformou Lady Gaga em sensação da noite em Los Angeles. A bordo do modelo em tons lilás, a estrela segurava outra estrela e levou o primeiro Grammy de sua carreira, de Melhor Gravação Dance (por 'Poker face'). Depois conquistou o troféu de Melhor Álbum Eletrônico/Dance (por 'The fame') Mario Anzuoni/Reuters
Lady Gaga com o "vestido de carne" assinado por Franc Fernandez, em 2010, no MTV Video Awards, em Los Angeles. A cantora afirmou que se tratava da luta por seus direitos. O estilista argentino explicou em entrevista: ‘Se a gente não lutar pelo que acreditamos e pelos nossos direitos, logo logo a gente terá tantos direitos quanto a carne que cobre os nossos ossos" Mario Anzuoni/Reuters/2010

É essa diversidade musical, teatral e temática que os fãs esperam ver hoje em Copacabana, muito tempo depois do longínquo 2012, quando ela trouxe ao Brasil a turnê “The born this way ball tour” e cantou no Rio de Janeiro, em São Paulo e Porto Alegre.

A festa vai começar às 17h30, com dois DJs no palco montado em frente ao Copacabana Palace. O show da cantora está previsto para durar de 21h45 até 23h45. A Globo anunciou que a transmissão ao vivo de “Todo mundo no Rio: Lady Gaga” começa logo depois da novela “Vale tudo”, por volta das 21h15.

Mega estrutura

O espaço na praia contará com 500 cabines sanitárias, estrutura para pessoas com deficiência (PCD), 78 torres de vigilância policial, 150 detectores de metal do tipo raquete, 18 câmeras com tecnologia de reconhecimento facial e grades nas ruas transversais à orla, para controle de acesso ao evento.

A Prefeitura do Rio de Janeiro espera que o megashow da estrela norte-americana injete R$ 600 milhões na economia da cidade. (Com Folhapress e Agência Brasil)

LADY GAGA

Neste sábado (3/5), a partir das 21h45, na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro. Entrada franca. A TV Globo faz transmissão ao vivo após a novela “Vale tudo”. A partir das 21h15, no Multishow e na plataforma Globoplay.

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