Álbum 'Wanda Sá 80 anos' traz inéditas de João Donato e Carlinhos Lyra
Pioneira da bossa nova, cantora e compositora reuniu um time de craques da música brasileira em seu novo disco, que tem 11 faixas
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A cantora, violonista e compositora Wanda Sá completa 81 anos nesta terça-feira (1º/7). “O tempo passou e a gente nem viu, está voando. Vou fazer 81, porém lançando um disco de 80 anos”, conta ela, referindo-se a seu novo álbum, com 11 faixas, que acaba de sair pela Biscoito Fino, disponível nas plataformas.
“Roberto Menescal fez uma música inédita para mim ('Não pergunte demais'), que adorei e virou o single do disco. Marcos Valle fez outra com letra de Nando Reis, que está uma coisa linda”, revela a aniversariante.
“Conseguimos uma canção inédita do João Donato ('Juntinho'), com letra de Nando Reis, e outra de Carlinhos Lyra ('Tom do amor')”, comemora Wanda. “Macalé também fez uma emocionante ('A voz de sal'), na qual, ele fala sobre a minha voz. É muito linda mesmo.”
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Bernardo Lobo, filho de Wanda e Edu Lobo, compôs a letra de ‘Valsa nova’, que tem melodia da mãe. “Termino com uma que gosto muito. É um hino, chama-se ‘Ame ao Senhor’, de Guilherme Kerr e Sérgio Pimenta.”
Além dos compositores já citados, o álbum “Wanda Sá 80 anos” contou com Abel Silva, Ronaldo Bastos, Cristóvão Bastos, Joyce Moreno, Paulo César Pinheiro e Romulo Fróes.
Os arranjos são assinados por Antônio Adolfo (“Não pergunte demais” e “Valsa nova”), Celso Fonseca (“Tom de amor”), Guto Wirtti (“A voz de sal” e “Juntinho”), Cristóvão Bastos (“A tarde” e “Foi sim”), Dori Caymmi (“Se solta, coração”), Adriano Souza (“There will never be another you” e “Ame ao Senhor”) e Jessé Sadoc (“Só desalento”).
Carlinhos Lyra se foi em 2023, mas Magda Pereira Botafogo, viúva dele, encontrou composições inéditas do marido. “Escolhi 'Tom do amor' e a gravamos”, conta Wanda.
Bebel, Donato e Nando Reis
A cantora Bebel Gilberto participa de “Juntinho”, parceria de João Donato e Nando Reis. “É lindo ouvi-la cantando, quase tirei a minha voz”, diz Wanda.
O novo álbum é a reunião de velhos companheiros. “Trabalhando com gente competente, não tem como dar errado”, ela afirma.
Pioneira da bossa nova, Wanda ressalta a importância do violão para sua geração. “Dori Caymmi diz: ‘Gosto mais de acordes que de mulher’. Éramos vidrados em acordes. Hoje, falo em acorde e quase ninguém sabe o que estou dizendo. Mas continuo vendo algumas coisas bonitas por aí”, comenta Wanda.
A cantora adorou o que o jornalista Hugo Sukman escreveu sobre ela: “Todas cantam bossa nova, mas só Wanda Sá é bossa nova”.
São muitas histórias para relembrar: encontros de jovens músicos na praia, no Bar Castelinho e em apartamentos da Zona Sul carioca, nos anos 1950 e 1960, além de temporadas nos Estados Unidos, a terra do jazz.
“Quando fui para os Estados Unidos em 1964, com Sérgio Mendes, vimos que o jazz estava frio, meio perdido”, conta ela.
“A bossa nova chegou lá, influenciada pelo jazz, e o trouxe de volta. Todos queriam ver os nossos shows, como o (guitarrista) Howard Roberts, entre outros. Conheci a Sarah Vaughan. Todos eles querendo conhecer o jazz brasileiro”, relembra.
“O Johnny Alf mesmo, que surgiu um pouquinho antes do início da bossa nova, já tocava música brasileira com acordes de jazz. Johnny morou nos Estados Unidos e aprendeu tudo lá. Carlinhos Lyra ia àquelas boates de Copacabana para vê-lo tocar e aprendeu muito com ele.”
LP vem aí
O novo disco de Wanda não se limitará ao streaming, pois a gravadora vai lançar CD e LP, previstos para o segundo semestre.
“Conversei com a Kati (de Almeida Braga), dona da Biscoito Fino, e disse que queria muito um LP. Ela me perguntou por que, alegando que não existe mais isso, ninguém compra. Respondi: 'Então, faz o mínimo possível, não quero ganhar nada'. Tem a geração que ouve vinil. Eu mesma tenho dois sobrinhos que só pensam em Lps”, conclui.
“WANDA SÁ 80 ANOS”
• Álbum de Wanda Sá
• Biscoito Fino
• 11 faixas
• Disponível nas
plataformas musicais
