Animação "Na sombra da mangueira" defende respeito ao tempo das crianças
Criado pelo estúdio mineiro Vaca Amarela, desenho exibido pela Rede Minas aposta na diversidade e evita o ritmo frenético das animações modernas
compartilhe
Siga noNestes tempos em que desenhos acelerados, vídeos curtos e estímulos visuais e sonoros excessivos atraem a atenção das crianças, a animação “Na sombra da mangueira”, produzida pelo estúdio mineiro Vaca Amarela Filmes, chega como um respiro para os pequenos. Com episódios de segunda a sexta-feira, às 8h10, na Rede Minas, a produção celebra a infância e a amizade, com brincadeiras clássicas e cantigas.
A diretora Cristina Maure e o desenhista Adelsin trabalharam juntos na construção da animação e no roteiro. “Ele já tinha alguns personagens desenvolvidos em desenho. Formatamos o projeto e todos os roteiros que fizemos juntos a partir das pesquisas dele, de nossas observações de vida e das nossas próprias infâncias. Fomos resgatando, coletando brincadeiras como amarelinha, bola de gude, pipa e muitas cantigas de roda”, conta Cristina Maure.
Leia Mais
O imaginário infantil é o ponto de partida. Os tópicos vão de brincadeiras e risadas sinceras com os amigos até aprendizados, com histórias e fábulas contadas pelos avós. “Valorizamos a música, as cantigas brasileiras e a cultura popular. Na série, os avós trazem conhecimento e passam para os netos. Através deles falamos de alguns ofícios antigos”, explica a diretora.
Atualmente, animações infantis são de alto estímulo, com muitos sons, luzes exageradas, rápidas transições de cena e grande saturação de cores. Esse fator foi levado em conta no desenvolvimento de “Na sombra da mangueira”.
“Nossa série vai contra o fluxo de hoje, das animações com imagens frenéticas e muita adrenalina. Nossa série é contemplativa, tem outro ritmo. Ela respeita o tempo da criança, tem pausas, tem silêncios. Um dos grandes fatores da nossa narrativa é exatamente o cuidado com o tempo”, detalha a diretora.
A produção não inclui a tecnologia em suas histórias, enfatizando atividades coletivas e em meio à natureza. “As personagens brincam nos quintais uma da outra, se encontram na praça central, estão sempre brincando”, diz.
A representatividade ganha destaque. “Tem personagens negros, brancos, pardos, indígenas, uma cadeirante e um garoto com Síndrome de Down. Eles brincam integrados, as diferenças entre eles não são uma questão. Esta é uma coisa bonita que nossa série está trazendo: a conexão entre as crianças, sem nenhum tipo de preconceito. Juntas, elas resolvem as questões”, conta a diretora.
Vozes infantis
O elenco é dublado por crianças. “Em vez de contratar locutores ou atores profissionais, fizemos uma busca por crianças parecidas com nossos personagens. São vozes verdadeiras. O garoto com Síndrome de Down é dublado por um menino com Síndrome de Down. A cadeirante é dublada por uma garota cadeirante. Quisemos trazer essa identidade, esses corpos, para fortalecer a representatividade, para eles se reconhecerem na tela.”
A segunda temporada vem sendo desenvolvida. Segundo Cristina, um novo personagem se juntará à turma de amigos. “O universo da nossa série se passa no interior, em uma vila onde as crianças têm liberdade para sair e se encontrar, como era a infância antigamente. Na segunda temporada, trazemos um personagem urbano, gerando contraste com as crianças da vila, além de brincadeiras novas”, conclui.
“NA SOMBRA DA MANGUEIRA”
Animação da produtora mineira Vaca Amarela. Criação: Cristina Maure e Adelsin. Em cartaz de segunda a sexta-feira, às 8h10, na Rede Minas
Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria