CINEMA

Estreia 'Pedaço de mim', filme sobre mãe solteira de 50 anos

Primeiro longa da francesa Anne-Sophie Bailly conta a história de mulher assoberbada que luta para cuidar do filho com deficiência

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O título em português, um tanto apelativo, pode levar o espectador a conclusões precipitadas. Mas não há melodrama em “Pedaço de mim”, nem relação alguma com a novela homônima da Netflix sobre dupla gravidez. Com estreia hoje (3/7), no Centro Cultural Unimed-BH Minas, o primeiro longa da francesa Anne-Sophie Bailly trata sobre maternidade e deficiência.

O título original, “Meu inseparável”, refere-se à relação entre os dois protagonistas. Mona (a sempre ótima Laure Calamy, da série “Dix pour cent”) é uma mãe solteira de 50 anos que trabalha em um salão de beleza e é muito dedicada ao único filho. Joel (Charles Peccia Galletto) é um adulto neurodivergente, ou seja, com dificuldades de aprendizagem ligadas a uma deficiência neurológica.

Ele trabalha em um centro especializado para pessoas que têm deficiência. É ali que conhece Océane (Julie Froger), que também enfrenta questões semelhantes. Os dois são adultos e se entendem bem. Não é preciso ir muito longe para entender o que os encontros escondidos vão gerar. Joel e Océane estão felicíssimos com a notícia de que serão pais.

Mona e os pais da garota entram em parafuso. Cada qual processa o fato de uma maneira. O pai de Océane quer entrar com um processo de abuso de incapaz, a mãe da menina acha que um aborto é a única decisão possível, e Mona, bem, o mundo dela vem abaixo.

Ela não consegue pensar na possibilidade de um neto, já que o próprio filho exige cuidados. Questiona também as próprias opções, pois acredita que tenha deixado sua vida de lado em detrimento da de Joel. Tudo isso é tratado sem grandes lances dramáticos.

Casa de repouso

Para sua estreia em longas-metragens, Anne-Sophie Bailly partiu da própria experiência. Não há pessoas com deficiência em sua família, mas uma longa tradição como cuidadoras. O mote para a história veio de uma casa de repouso onde sua mãe trabalhou. Foi ali que a diretora conheceu mãe e filha. Elas sempre viveram juntas porque a mais jovem tinha uma deficiência. Quando a mulher mais velha se tornou dependente por conta da idade, a mais nova se mudou para o asilo para ficar com ela.

Os intérpretes de Océane e Joel são deficientes – Julie Froger é estreante e Galletto tem formação como ator. O set foi cercado de cuidados, incluindo uma profissional como coordenadora de acessibilidade, para trabalhar ao lado dos dois, incluindo nas cenas de intimidade.

A partir de dado momento, “Pedaço de mim” deixa a paternidade de um casal com deficiência em segundo plano. O ponto de vista de Mona é que passa a valer na história, que ganha novos personagens – incluindo um interesse romântico da personagem – e cenários (da França a trama segue para a Bélgica).

Com o foco todo voltado nela, há um misto de situações e emoções que acompanham todo o estresse, frustração e raiva de como uma mãe se sente tentando criar um filho enquanto deixou a própria vida de lado. A partir de então, o filme se aproxima de outro longa também estrelado por Laure Calamy, o premiado “Contratempos” (2021), que deu à atriz e ao diretor, Eric Gravel, os prêmios da mostra Horizontes do Festival de Veneza.

A despeito de suas próprias particularidades, “Pedaço de mim” acaba se tornando mais um drama sobre uma mãe solteira e assoberbada.

“PEDAÇO DE MIM”

França, 2024, 95min., de Anne-Sophie Bailly, com Laure Calamy e Charles Peccia Galletto. O filme estreia às 16h (quinta, sábado, segunda e quarta), no Centro Cultural Unimed-BH Minas


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