EM CARTAZ

Filme "Hot milk" aborda a relação conturbada entre mãe e filha

Emma Mackey e Fiona Shaw interpretam a jovem Sofia e Rose, sua mãe cruel, em filme baseado no romance da escritora sul-africana Deborah Levy

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Indagada sobre como percebia seus livros transformados em filmes, a escritora sul-africana Deborah Levy reconhece que sua obra é descritiva a ponto de conter equivalentes literários de closes, planos sequências, cortes abruptos e vistas aéreas. Diverte-se, porém, ao constatar que pouco do que imaginou como cenas ao escrever chega às adaptações cinematográficas. “O filme, com toda a razão, não conta a história da mesma forma do que o romance.”

“Hot milk” é uma visão muito particular do livro de 2016, ainda não publicado no Brasil. Levy explora “a natureza estranha e monstruosa da maternidade” em uma história “hipnótica sobre sexualidade feminina e poder”, de acordo com a sinopse da versão inglesa do livro.

Tais elementos constam da adaptação realizada por Rebecca Lenkiewicz, em sua estreia atrás das câmeras. “Adorei o livro e sabia que iríamos honrá-lo, mesmo que cometêssemos algumas digressões”, diz a roteirista inglesa do longa “Ida”, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional em 2013.

Lenkiewicz, escritora como Levy, não cometeu algumas digressões, mas várias, não sem antes tentar transferir para o filme narrativas puramente visuais do livro. A personagem de Emma Mackey (“Sex education”) revela quase em silêncio seu complexo estado de espírito. Cachorros latindo, cobras, peixes e até águas-vivas são usados para refletir ou interferir em seus pensamentos.

Mackey faz Sofia, a filha que acompanha a mãe em busca de cura em um balneário popular da Espanha. Rose (Fiona Shaw) tem uma condição de saúde não especificada, que a torna dependente da filha e da cadeira de rodas. A consulta com o médico local sugere que o sofrimento de Rose é tão real quanto psicológico.

Perdida como qualquer jovem de vinte e poucos anos, Sofia alterna a atitude resignada com descobertas que deveriam ser naturais em uma viagem de veraneio, como sexo e paixão. “Traduzir todos esses sentimentos foi muito complicado”, diz Mackey. “Uso roupas curtas durante a maior parte do filme. Não há onde me esconder. Está tudo à mostra.”

“Rose é uma confusão. Foi um ótimo exercício para mim, porque muitas vezes interpreto pessoas que são o centro moral da história. Agora não. Tinha que ser apenas a mãe cruel, muito cruel, que não percebe o quanto faz mal à própria filha”, resume Fiona Shaw. Com frases implacáveis, sublinha a incapacidade da filha de tirar carteira de motorista ou casar.

É dessa relação tóxica que Sofia foge diariamente. Acaba encontrando Ingrid (Vicky Krieps). O amor de praia é irresistível, mas vem com um peso que a história tratará de oferecer a Sofia como uma espécie de chave para a compreensão da situação da própria mãe.

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Lenkiewicz reconhece que o filme não foge ao olhar predominante feminino de sua produção anterior, como roteirista. “Diria que ele vai além, é amazônico”, fazendo referência a Ingrid cavalgando na praia. Não é o único clichê do filme.

A maior digressão da diretora surge ao final, quando a interpretação do ocorrido é reservada aos espectadores. “As pessoas chegarão a conclusões diferentes. Talvez não haja uma única”, afirma Lenkiewicz. 

“HOT MILK”
- Reino Unido, 2025, 92 min. Direção de Rebecca Lenkiewicz. Com Emma Mackey, Fiona Shaw, Vicky Krieps, Vincent Perez.

- Em cartaz na sala 1 do UNA Cine Belas Artes, às 16h10.

- Neste domingo (6/7) e terça-feira (8/7), em cartaz às 16h na sala 1 do Centro Cultural Unimed-BH Minas.

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