Mônica Salmaso estreia show dedicado a Tom Jobim em festival no Inhotim
2º Jardim Sonoro destaca vozes femininas na programação que vai de sexta a domingo (11 a 13/7). Tetê Espíndola, Luiza Brina e Josyara também vão se apresentar
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Siga noA ideia é tão nova que até o início desta semana só houve três ensaios. Uma das principais atrações da segunda edição do Jardim Sonoro – Festival de Música de Inhotim, Mônica Salmaso vai estrear um show dedicado a Tom Jobim (1927-1994) no evento, que será realizado de sexta-feira (11/7) a domingo (13/7), em Brumadinho.
“Estou rodando com tanto show diferente, mas não sossego. Fiquei pensando no que fazer em Inhotim. Fui na casa do João (Camarero, violonista que a acompanha no trio formado com o flautista e saxofonista Teco Cardoso) e vi o livro do Tom Jobim em cima da mesa. Me lembrei de que daqui a dois anos será o centenário dele. Então vamos fazer um show dele”, conta ela.
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O repertório de Tom é imenso, e Mônica já cantou algumas canções dele em sua trajetória. Para este show que nasce em Inhotim, ela e parceiros definiram, em sua maioria, músicas que nunca fizeram juntos.
“Quando o show é baseado em um compositor, a primeira coisa a fazer é repassar, sem conceito e preconceito, toda a obra. Simplesmente olhar as vontades”, conta ela.
Há músicas que são quase suítes, como “Gabriela”, “O boto” e “Pato preto”. “Há canções em modo menor, curtas, quase recitativas, como a introdução de ‘O tempo e o vento’, de poucos versos, que colocamos na frente de ‘Correnteza’”, conta Mônica.
Ela não resistiu a incluir “Luisa”. E também a “Meninos, eu vi”, com letra de Chico Buarque, feita para a trilha do filme “Para viver um grande amor” (1983), de Miguel Faria Jr., que a cantora interpreta há muito.
“Dá um trio na barriga, pois tem muita música que nunca cantei. Mas quis chegar nas grandes coisas que me alimentam de Brasil. Como o show será em palco aberto, Tom estará junto com a gente e os passarinhos”, acrescenta Mônica.
O Jardim Sonoro terá dois palcos em lugares diferentes da edição de 2024: o Desert Park, junto à obra homônima, de Dominique Gonzalez-Foerster, próximo à Galeria Adriana Varejão; e o Piscina, também próximo à obra de mesmo nome, de Jorge Macchi. Pela primeira vez, essas áreas serão utilizadas para shows.
Nesta edição, o evento privilegia a voz feminina. Além de Mônica Salmaso, o festival vai contar com Tetê Espíndola, Brisa Flow, Luiza Brina, Josyara, Djuena Tikuna e a norte-americana Cécile McLoren Salvant. Vozes masculinas serão ouvidas apenas na apresentação do Ilê Aiyê, que reúne vocalistas homens e mulheres.
Tetê Espíndola: raiz e contemporânea
Tetê Espíndola nem se lembra mais da última vez que fez show em Minas. Na estreia em Inhotim (que ela conhecerá justamente no festival), vai fazer um passeio por seus 45 anos de carreira. “É um show que vai da raiz ao contemporâneo, a partir de coisas sertanejas do Mato Grosso, conta ela. A família Espíndola, com seis irmãos dedicados à música, é mato-grossense.
A cantora estará acompanhada de Toninho Porto e Adriano Magoo, dois multi-instrumentistas sul-mato-grossenses radicados em São Paulo (como ela), e do baterista Digão. Tetê vai tocar craviola.
“Vamos tocar polcas, guarânias e pérolas bem tortas do Arrigo (Barnabé, compositor que ela sempre interpretou). Como faço pesquisa sobre o som dos pássaros, farei emissões (imitação do som das aves). Ou seja, vai ser bem interativo”, acrescenta Tetê.
Nem precisa dizer que seu maior sucesso, “Escrito nas estrelas” (Arnaldo Black e Carlos Rennó), vencedor do Festival dos Festivais, em 1985, estará no show. Mais recentemente, a música foi redescoberta nas redes sociais.
“Levei um susto e tive que me adaptar. Eu já tinha Instagram, mas de repente o que subiu de gente, coisa de 10 mil pessoas. Era gente querendo resposta de alguma coisa, pedido de entrevista, programa de TV. O mais importante foi o público que conquistei, gente jovem que começou a ir atrás da minha carreira”, acrescenta.
Luiza Brina mostra canções-orações
Luiza Brina, que abre o sábado, fará apresentação intimista criada especialmente para o evento. Estará acompanhada do baterista Yuri Velasco. A base será o álbum “Prece” (2024), com canções-orações surgidas a partir de uma crise pessoal.
“Tive crise de pânico em 2010. Não estava conseguindo acreditar em nada e como nunca tive religião, senti que precisava acreditar em alguma coisa. Comecei a compor canções meio como um pedido. Daí fui entendendo que, em alguma medida, a música é a minha religião”.
A partir dessa constatação, Luiza desenvolveu o novo repertório, com orações que celebram a vida. Atenção para a “Oração 18 (pra viver junto)”: é dessas que ficam na cabeça já na primeira audição.
JARDIM SONORO
De sexta-feira (11/7) a domingo (13/7), em Inhotim. Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia). À venda no site www.inhotim.org.br/visite/ingressos/
PROGRAMAÇÃO
. Sexta (11/7)
15h: Djuena Tikuna
. Sábado (12/7)
11h: Luiza Brina
13h: Mônica Salmaso
15h: Cécile McLorin Salvant
. Domingo (13/7)
11h: Josyara
13h: Tetê Espíndola
15h: Ilê Aiyê
16h: Brisa Flow