Os últimos cinco anos foram determinantes para a valadarense Amanda Diniz, de 31 anos. Na pandemia, ela decidiu deixar o direito, carreira a que se dedicava desde que havia se radicado em Belo Horizonte. Abraçou, de vez, a música. Em 2022, no pós-crise sanitária, perdeu o pai. “Desesperada para viver”, ela diz, elaborou o luto se apaixonando e compondo sobre os amores.


“Se eu pudesse te beijava até a voz” é o primeiro disco de Amandona. Com 10 faixas autorais, compostas nos três últimos anos, será lançado neste domingo (31/8), com show no Teatro Sesiminas. Nesta estreia – cria da noite, ela, até então, só fez um show em teatro, um pocket abrindo para Ana Carolina, em 2024, no Palácio das Artes – estará bem acompanhada.


Letrux, Juliana Linhares e Luiza Brina (que também assina a produção do disco) dividirão com ela algumas canções, as que gravaram no disco. A banda conta com Luca Trezza (guitarra), Débora Coimbra (baixo), Débora Costa (percussão), Bê Moura (bateria) e Rodrigo Zolet (sanfona e teclados).


Álbum sobre o amor


É um álbum sobre o amor. “Romance e desejo entre mulheres, um lugar de que falo com tranquilidade. É importante falar sobre isso”, comenta Amandona. Todas as canções foram compostas a partir de sua experiência, baseadas em episódios que ela viveu. “Sou uma pessoa muito intensa, então tenho mais facilidade para falar sobre coisas que são minhas. E esse disco é o que está me apresentando ao público.”


Amandona se assume como uma “sapatão emocionada”. “É verdade. As pessoas, de uma forma geral, atribuem esse estereótipo. É aquela que no segundo encontro já chega com o caminhão de mudança. Não mudo [para a casa da outra] no segundo encontro, mas mergulho nas coisas que sinto.”


Há humor nas canções de Amandona. “Señorita” tem um clima latino, com letra em portunhol, nascida a partir de uma paixão no carnaval (sua experiência na folia começou como vocalista do bloco Abalô-caxi). “Tão sem graça” sai do lugar da canção de voz e violão com um belo solo de trompete. O blues-rock “Meu vício” apresenta um bom jogo de palavras – foi composta em parceria com Helena Guimarães, namorada e empresária de Amandona.


Mistura das tintas


Luiza Brina tocou em várias faixas, mas colocou sua voz em “Eu gosto mesmo é de beijar” – a suavidade do canto da Brina traz um contraste e tanto com o vocal mais rasgado de Amandona. “A gente vem de lugares muito diferentes, então achei que misturar as tintas seria interessante.”


Inspirada na obra de Ângela Rô Rô, Amandona compôs “Se eu soubesse como”, que traz o verso que dá título ao álbum. Letrux divide o vocal com ela, sobre a cama construída pelo piano de Antônio Guerra. Além de Rô Rô, outras cantoras e compositoras a inspiraram no trabalho – Cássia Eller, Adriana Calcanhotto e Ana Carolina entre elas.

Com vários projetos na noite de BH – entre eles o Baile da Amandona, em que interpreta Cássia, Rita Lee e Marília Mendonça, e o próprio bloco de carnaval – Amandona quer se dedicar cada vez mais ao lado autoral. “Esse disco é um projeto-piloto e, mesmo amando ser intérprete, espero que daqui a pouco só cante as minhas.”

AMANDONA!

Show de lançamento do álbum “Se eu pudesse te beijava até a voz”. Participação de Letrux, Juliana Linhares e Luiza Brina. Neste domingo (31/8), às 19h, no Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia). Ingressos: a partir de R$ 40, à venda na bilheteria e no Sympla

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