Maui lança álbum, celebra conexão com Minas e chama BH de 'nossa Londres'
Com o disco de estreia "Melodia&Barulho",cantor fluminense quer 'furar bolha' e carimbar passaporte no cenário nacional
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Siga noMaui é um artista de Duque de Caxias (RJ), mas foi em Belo Horizonte, há cerca de três anos, que ele ouviu suas músicas serem cantadas pelo público pela primeira vez. Recentemente, voltou à capital mineira, em outro momento especial – logo após atingir a marca de 1 milhão de ouvintes mensais no Spotify e lançar o seu disco de estreia, “Melodia&Barulho”, já disponível nas plataformas digitais.
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Em entrevista ao Estado de Minas, o cantor falou sobre as expectativas em torno do novo projeto. “Eu quero muito desse disco, para além de números. Quero impacto, que as pessoas sintam o álbum.” Ele ainda explicou que o projeto transcende as letras e é “um verdadeiro raio X” da sua carreira.
Poucas horas após o lançamento do álbum, em 19 de setembro, no qual mescla hip-hop com influências de música eletrônica e gêneros musicais brasileiros, o cantor desembarcou em BH para se apresentar na festa Speedtest Rave. O evento, realizado na Casa Sapucaí, teve audição do novo disco, e Maui ainda participou do set do DJ Chediak.
Batalhas de rimas
Maui começou como artista de rua, participando de batalhas de rima. Na pandemia de COVID-19, começou a colaborar com produtores do selo Leigo Records e ganhou maior projeção, lançando sucessos como “Pega as suas coisas” e “Hipnose”. Após o fim do isolamento social, foi em terras mineiras que veio a surpresa.
“Fazendo o ‘Rubi’ (EP), vim para BH encontrar o NMS, nosso engenheiro de mixagem, e ele arrumou um rolê para a gente cantar. A primeira vez que eu vi pessoas cantando a minha música foi em Belo Horizonte. Isso pode ter me influenciado para o resto da vida, mas sinto que em BH a minha música é cantada de verdade, sabe? É uma sensação muito doida”, contou.
Para ele, o público mineiro é o mais receptivo para diferentes gêneros musicais. Maui brinca que “BH é a nossa Londres”, pela afinidade da cidade com o movimento do grime e outras referências da música eletrônica britânica.
“Tudo chega nesse lugar do mineiro como alguém um pouco mais paciente, e a paciência para um artista é muito importante. Gosto de vir para cá. Minha relação com BH é diferente das outras cidades, porque foi muito natural pela forma que aconteceu.”
Além de se relacionar bem com o público mineiro, Maui ainda trabalha ao lado de diversos músicos do estado. O próprio “Melodia&Barulho” conta com colaborações de diferentes nomes da cena de Minas Gerais, como o cantor Ogoin e os DJs Linguini e Akai, com quem o carioca cultiva não só parcerias profissionais, mas relações de amizade.
Underground
“Melodia&Barulho” é o terceiro projeto do cantor. Em 2023, Maui lançou o EP “Rubi” e chamou atenção na cena underground com um vocal único e instrumentais influenciados pela música eletrônica do Reino Unido. No ano seguinte, veio “Faxinalove” (DVD), com gravações ao vivo de faixas já conhecidas, mas incluindo algumas novidades.
O novo disco, portanto, surge como o primeiro álbum de estúdio de Maui, que se vê mais maduro para consolidar o “ponto de encontro” do artista de Duque de Caxias com a música nacional. A marca de 1 milhão de ouvintes mensais no Spotify – impulsionada por participações de sucesso em projetos de outros artistas, como “Bandido não, malandro!”, com 2ZDinizz, e “Real”, com BK – impressiona, mas não o assusta.
“Esses números são relevantes, não vou dizer que não, me apresentam para muita gente. Mas acho que dizem menos sobre ser um artista consolidado do que, por exemplo, hoje ter 60 pessoas na minha audição. Isso demonstra mais que eu estou ‘furando a bolha'”, explicou.
Ao longo das 16 faixas, Maui buscou construir um álbum completo, valorizando o momento de “furar a bolha” e pensando em agradar o novo público, mas sem sacrificar as características que fazem dele um artista único.
Referências
O disco é marcado pela multiplicidade de referências, incluindo a mescla de pagode com gêneros da música eletrônica europeia. “Seu telefone”, por exemplo, começa com um som de cavaquinho e desemboca no jungle. Já “Te ganhar” combina o estilo brasileiro com o drill.
Maui classifica certos estilos musicais, como pagode, gospel e o hip-hop dos anos 90, como “gêneros familiares”: “É o tipo de música que eu não tive que ir atrás para ser atingido por ela. Isso também significa que é a base do que a gente faz”, explica.
A mistura com a música eletrônica estrangeira, entretanto, não é entendida como inusitada por Maui: “Quando a gente olha para fora, está procurando espelhos do que já tem aqui dentro. Então, por mais esquisita que possa parecer a música, confia, tem algum 'quê' de brasilidade ali”.
Pisando tanto no underground como no mainstream, Maui convida o público a conhecer a sua fase mais ambiciosa com “Melodia&Barulho”: "Não quero mais ser contraponto, quero ser ponto de encontro".
“Melodia&Barulho”
• Álbum de Maui
• Deck Disc
• 16 faixas
• Disponível nas plataformas digitais