Sessenta filmes, entre longas e curtas-metragens, serão exibidos gratuitamente, desta sexta (26/9) a domingo, no Cine Humberto Mauro, Cine Theatro Brasil, UNA Cine Belas Artes, Cine Santa Tereza, Centro Cultural Unimed-BH Minas e Cine Praça (Praça da Liberdade).
As sessões integram a programação da 19ª Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte (CineBH), que tem como foco o cinema latino-americano, destacando a especificidade cultural dos países do Sul global.
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Uma das atrações é a pré-estreia de “Assalto à brasileira”, de José Eduardo Belmonte (“Alemão”, “Uma família feliz”), que venceu neste mês,no Festival de Brasília, os Candangos de melhor longa segundo o júri popular, melhor ator (Murilo Benício) e melhor ator coadjuvante (Christian Malheiros).
A sessão será realizada no domingo, às 18h30, na sala 2 do UNA Cine Belas Artes. Após a exibição, o cineasta participa de bate-papo com Rubens Fabrício Anzolin, um dos curadores da mostra.
O longa conta com Murilo Benício e Paulo Miklos para reconstituir com toques de humor o assalto ao Banestado, no Paraná, em dezembro de 1987. O episódio entrou para a história não pelo teor violento da ação, tampouco pela engenhosidade dos criminosos, mas pela maneira atabalhoada como a ação se deu.
Hiperinflação
Num contexto de hiperinflação, planos econômicos fracassados e baixo poder de compra – herança da ditadura, que havia acabado dois anos antes –, sete homens armados invadiram a agência central do Banestado em Londrina para roubar 30 milhões de cruzados.
“Os caras chegaram de táxi, sem nenhum plano de fuga!”, diverte-se Belmonte, em entrevista ao Estado de Minas. “As pessoas de Londrina, inclusive, têm boas lembranças desse caso, por causa dos aspectos irônicos e das trapalhadas que estão em volta do episódio. Ele, realmente, virou um evento em Londrina”, comenta o diretor.
Os criminosos entraram na agência do Banestado no final da manhã e fizeram 300 reféns. Exigiram o dinheiro e negociaram por aproximadamente sete horas, sob os olhares de curiosos, da imprensa e da própria polícia.
No final da ação – depois de pedirem fuga aérea para os negociadores e receberem um ônibus –, jogaram parte do dinheiro para o alto, deixando-o para a população. Seis dos sete assaltantes foram presos e cerca de 25 milhões de cruzados foram recuperados.
“É uma história real, mas totalmente absurda. O mais incrível é que ela fala muito do Brasil. E isso é algo que estamos perdendo no cinema. Estamos falando muito sobre o indivíduo no Brasil, mas não sobre o país em si: o Brasil que atravessa as pessoas”, afirma Belmonte.
“Nosferatu”
Outro destaque na programação deste final de semana da CineBH é a pré-estreia de “Nosferatu”, de Cristiano Burlan, que tem no elenco Helena Ignez e Jean-Claude Bernardet (1936-2025). A exibição será às 16h de domingo, no Centro Cultural Unimed-BH Minas.
Mesmo entrando em cartaz no mesmo ano do filme homônimo de Robert Eggers e “Drácula: Uma história de amor eterno”, de Luc Besson, o longa brasileiro se distancia dos dois pelo seu caráter experimental. Por meio de performances, declamações, interações, luzes e sombras, o “Nosferatu”, de Cristiano Burlan, se apoia no mito cultural do vampiro para sugerir o vazio da vida eterna. O longa foi o último trabalho do ator e crítico Jean-Claude Bernardet, que morreu em julho deste ano, aos 88 anos, vítima de um AVC.
A programação do final de semana tem ainda o documentário argentino “Álbum de família”, de Laura Casabé (com sessão nesta sexta, às 20h, no Centro Cultural Unimed-BH Minas); e as ficções brasileiras “Enterre seus mortos”, de Marco Dutra (às 20h30 desta sexta, no UNA Cine Belas Artes); e “A vida secreta de meus três homens”, de Letícia Simões (às 17h30 de sábado, no Cine Santa Tereza).
O primeiro é soturno. A diretora mostra, por meio de fotografias recolhidas nos últimos anos, os efeitos da ditadura argentina na vida de pessoas trans. Já as ficções brasileiras são mais descontraídas, embora não percam o tom crítico.
Em “Enterre seus mortos”, um recolhedor de animais mortos nas estradas e um padre excomungado por dar extrema-unção a esses animais precisam lidar com um “arrebatamento final” que se aproxima.
Em “A vida secreta de meus três homens”, três fantasmas – um ex-colaborador da ditadura, um adolescente justiceiro e um fotógrafo gay – se reúnem para tentar responder a pergunta: “Como o Brasil chegou onde chegou?”.
Outros países contemplados na programação deste final de semana são Colômbia, México, Peru e Chile. Cada um com suas particularidades no modo de fazer cinema. A programação completa pode ser conferida está disponível no site da CineBH.
PROGRAME-SE
Confira destaques da programação da CineBH
• Sexta-feira (26/9):
. “Álbum de família”, às 20h, no Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes)
. “Enterre seus mortos”, às 20h30, no UNA Cine Belas Artes (Rua Gonçalves Dias, 1.581, Lourdes)
• Sábado (27/9):
. “A vida secreta de meus três homens”, às 17h30, no Cine Santa Tereza (Rua Estrela do Sul, 89, Santa Tereza)
• Domingo (28/9):
. “Assalto à brasileira”, às 18h30, na sala 2 do UNA Cine Belas Artes
. “Nosferatu”, às 16h, no Centro Cultural Unimed-BH Minas