5 artistas que mudaram letras de músicas para evitar polêmicas
Toni Garrido não foi o primeiro; de Lulu Santos a Taylor Swift, relembre outros casos de cantores que atualizaram suas canções por diferentes motivos
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A recente mudança na letra de “Girassol” por Toni Garrido acendeu um debate sobre a evolução das obras musicais. Durante uma apresentação na TV, Toni cantou: "para ser homem tem que ter a grandeza de uma menina, de uma mulher" e não "de um menino" como diz a música original. O objetivo foi homenagear as mulheres, classificando a versão original como machista. A decisão dividiu opiniões e mostrou que a música, como uma forma de arte viva, acompanha as transformações da sociedade.
O caso de Garrido não é isolado. Muitos artistas, no Brasil e no mundo, revisitaram suas próprias criações para adequá-las a novos entendimentos sobre respeito, inclusão e responsabilidade social. Essas alterações revelam como a percepção pública pode influenciar o legado de uma canção e forçar uma reflexão sobre mensagens que não são mais aceitáveis.
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Como analisar uma letra de música com olhar crítico
Entender por que uma canção se torna controversa ou precisa de atualização envolve mais do que apenas ouvir a melodia. Desenvolver um olhar crítico ajuda a compreender as camadas de significado e o impacto cultural de uma letra. O processo pode ser dividido em passos simples que transformam a audição passiva em uma análise consciente.
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Entenda o contexto da época: Pesquise quando a música foi escrita. Normas sociais, eventos históricos e a linguagem daquele período influenciam diretamente a composição. Uma expressão comum no passado pode ser ofensiva hoje.
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Identifique a mensagem central: Qual é a história ou o sentimento que o artista está tentando transmitir? Tente resumir a ideia principal da letra em uma ou duas frases. Isso ajuda a clarear o propósito da canção.
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Observe o uso da linguagem: Preste atenção em gírias, metáforas e adjetivos. A forma como personagens ou situações são descritos revela muito sobre a perspectiva do compositor. Verifique se há estereótipos ou generalizações.
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Avalie o impacto atual: Pense em como a letra ressoa no cenário de hoje. A mensagem ainda é relevante? Ela reforça preconceitos ou inspira reflexões positivas? A arte pode e deve ser questionada à luz dos valores presentes.
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Pesquise a intenção do artista: Se possível, procure entrevistas ou declarações do compositor sobre a música. Conhecer a intenção original pode oferecer uma nova camada de interpretação, mesmo que o resultado final tenha sido problemático.
1. Toni Garrido e o “Girassol” ressignificado
A polêmica mais recente envolveu Toni Garrido, vocalista do Cidade Negra, e a canção “Girassol”. No último sábado (4/10), no Altas Horas da Rede Globo, Toni cantou: "para ser homem tem que ter a grandeza de uma menina, de uma mulher" e não "de um menino" como diz a música original.
A justificativa de Garrido foi direta: ele queria homenagear as mulheres de forma mais completa e sentia que a letra original reforçava um estereótipo machista. A repercussão foi imediata nas redes sociais, com parte do público aplaudindo a atitude e outra parte criticando a alteração de uma obra consolidada.
2. Lulu Santos e a inclusão em “Toda Forma de Amor”
Um dos casos mais emblemáticos no Brasil é o de Lulu Santos com o hino “Toda Forma de Amor”, de 1988. A letra original continha o verso “prefiro um caso com uma loira do que um cara com um fuzil”. Com o tempo, o cantor percebeu que a frase poderia ser interpretada de forma excludente dentro de uma música que celebra a diversidade.
Em suas apresentações ao vivo, Lulu passou a cantar “prefiro um caso com um cara do que um caso com um fuzil”, tornando a letra mais inclusiva para o público LGBTQIA+. A mudança foi sutil, mas poderosa, e alinhou a canção de forma ainda mais coerente à sua mensagem de aceitação universal do amor.
3. Taylor Swift e a correção em “Picture to Burn”
Taylor Swift também tem a sua polêmica com letra de música. “Better the revenge” continha uma frase controversa. No verso original, ela cantava: “Ela é mais conhecida pelas coisas que faz no colchão”. Taylor foi acusada de slut-shaming, que é a prática de humilhar ou criticar mulheres por transgressões percebidas dos códigos sexuais socialmente aceitos.
A artista reconheceu o erro e agiu rápido. A versão da música foi alterada para: “Ele era uma mariposa guiada pela chama, ela estava segurando os fósforos”.
A atitude demonstrou maturidade e responsabilidade, corrigindo uma mensagem que não condizia com os valores que ela passaria a defender.
4. Black Eyed Peas e a mudança por aceitação
O sucesso global “Let’s Get It Started” do grupo Black Eyed Peas nem sempre teve esse nome. A versão original, do álbum “Elephunk” de 2003, chamava-se “Let’s Get Retarded”. Na época, a gíria era usada em alguns círculos para significar “ficar louco” ou “perder o controle” na pista de dança, sem a conotação ofensiva que a palavra carrega hoje.
Contudo, a expressão era pejorativa e ofensiva para pessoas com deficiência intelectual. Para que a música pudesse ser usada em comerciais, eventos esportivos como os playoffs da NBA e tocada sem restrições nas rádios, o grupo regravou a faixa com o novo título e letra. A mudança foi crucial para transformar a canção em um hit mundialmente conhecido.
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5. Michael Jackson e a controvérsia em “They Don't Care About Us”
Até o rei do pop, Michael Jackson, teve que rever uma de suas letras. A canção “They Don't Care About Us”, do álbum “HIStory” de 1995, foi alvo de fortes críticas por versos considerados antissemitas. A letra original incluía as frases “Jew me, sue me, everybody do me / Kick me, kike me, don’t you black or white me”.
Michael Jackson se defendeu publicamente, afirmando que sua intenção era denunciar o preconceito, e não promovê-lo. Ele pediu desculpas formais e, para apaziguar a controvérsia, concordou em alterar a gravação. Nas versões posteriores do álbum, os termos ofensivos foram cobertos por efeitos sonoros, e os videoclipes passaram a incluir um pedido de desculpas do artista.
Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.