Milly Lacombe e uma história de asfixia e amor

Jornalista Milly Lacombe lança ‘Eu te amo, cretino’, sobre um relacionamento sufocado pela pandemia

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Trancados em um apartamento durante a quarentena da pandemia de Covid 19, Marina e Otávio veem seu relacionamento sufocar até o limite — ou além dele. Essa é a história contada pela jornalista Milly Lacombe em “Eu te amo, cretino”, que chega às livrarias no final de outubro pela editora Seja Breve.

A sensação de asfixia foi vivida pela própria autora durante a pandemia. “Eu dei uma pirada trancada em casa. Sou do grupo que pôde cumprir o isolamento. Moro sozinha, então fiquei trancada com meus fantasmas dentro de um apartamento pequeno achando que eu ia morrer uma morte lenta por sufocamento. Só quando me afastei do noticiário e sentei para escrever eu consegui respirar. De certo modo, Marina e Otávio me salvaram. Não fui eu que dei vida a eles; foram eles que me devolveram à vida”, contou a jornalista à coluna.

Ela explica que o livro, com suas idas e vindas, seus diálogos ácidos e doloridos, é ainda uma história de amor. “É uma história de encontros e desencontros. Então acho que sim: é uma história de amor no sentido de que amar é esse eterno ir e vir. Expandir e encolher. Se encontrar e se perder.”

Foi justamente uma fala de Milly Lacombe sobre família tradicional que, tirada de contexto, alimentou uma máquina de ataques da extrema direita nas últimas semanas. Ela participaria de uma feira literária em São José dos Campos, no interior paulista, e foi “desconvidada”. A reação dos demais participantes, entre jornalistas, escritores e artistas, foi veloz: houve uma debandada em massa, numa onda de solidariedade e indignação.

“Foi uma mistura de sentimentos. De imediato, bateu um o medo porque eram muitas mensagens de ódio circulando. Em seguida, veio a gratidão pelas manifestações de solidariedade: as curadoras, outros autores e autoras, todo mundo dizendo que tinha desistido da feira. E, por fim, a emoção de ver a causa pela qual tantas pessoas dedicam uma vida ser colocada em perspectiva.”

A escritora conta como foi importante, por fim, que o episódio se mostrasse como um caminho para o debate sobre direitos e pertencimento:

“Eu fui uma criança LGBT+ e sei como alguns arranjos familiares podem ser violentos com quem não reproduz heterossexualidade. Desde que saí do armário na coluna da Revista Tpm, recebo mensagens de adolescentes dizendo que chegaram a pensar em tirar a própria vida. Muitos de nós, de fato, vão ao limite da dor. Outros tantos são expulsos e expulsas de suas casas. Então, quando as coisas foram colocadas em contexto por causa da reação das pessoas se manifestando contra a censura, acho que vimos, ao vivo, o amor e a alegria vencendo o ódio e a exclusão.”

E essa celebração foi sentida em São José dos Campos, destacou Milly Lacombe. “As pessoas foram às ruas festejar a liberdade de amar. Debates, música, encontros. A cidade se reorganizou para mostrar que resistiria. Foi bonito ver e sentir.”

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