ARTES CÊNICAS

Peça carioca ‘A manhã seguinte’ faz temporada em BH

Montagem do texto do inglês Peter Quilter sobre os desafios de um casal formado casualmente tem sessões desta sexta (17/10) a domingo, no Palácio das Artes 

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Depois de uma noite de bebedeira, Tomás acorda ao lado de Kátia, uma mulher encantadora, em um quarto inusitado de uma casa, no mínimo, excêntrica. Ele não se lembra de nada da noite anterior.

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Ao tentar reconstituir os acontecimentos, a mãe e o irmão de Kátia entram em cena, revelando a completa disfuncionalidade da família. A matriarca é direta, cheia de opiniões e sem nenhum filtro, enquanto o irmão é estrambólico e atrapalhado, mas de bom coração.


Este é o ponto de partida de “A manhã seguinte”, peça do britânico Peter Quilter, cuja montagem brasileira cumpre curta temporada no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, desta sexta (17/10) a domingo.


Com direção de Thereza Falcão e Bel Kutner, o espetáculo aposta no humor nonsense para abordar a dificuldade humana de lidar com o que vem após o prazer – e com o que se revela quando as máscaras sociais caem.


Macho Alfa

Tomás e Kátia são interpretados por Bruno Fagundes e Carol Castro. Os personagens não têm quase nada em comum. Tomás é o estereótipo do macho alfa, que se vangloria dos sucesso e da virilidade com autoestima invejável.


“É aquele típico carioca flamenguista, que pegou uma gata no cinema e acha que é só isso”, comenta Bel Kutner. “De repente, ele é completamente abduzido por aquela família e não consegue ir embora, por achar aquelas pessoas irresistíveis”, conta.


O personagem, no entanto, é o oposto do ator que o interpreta. Filho de Antonio Fagundes, Bruno é abertamente gay e não compartilha o mesmo vocabulário ou interesses de Tomás. “Isso é o mais maravilhoso”, afirma ele. “Foi um trabalho de composição minucioso, onde pude criar trejeitos e até um andar característico para o Tomás, completamente fora do meu universo.”


Quando a mãe de Kátia (Angela Rebello) e o irmão (Gustavo Mendes) entram no quarto, o constrangimento se instala. Primeiro pela situação inusitada, depois pelos desdobramentos: Kátia os convida a se juntar à cama para o café da manhã; a mãe relembra suas próprias aventuras sexuais; e o irmão garante o alívio cômico com trapalhadas e falas irônicas.


Relações familiares

Essa abordagem – questionamentos sobre família e relacionamentos – é recorrente no teatro de Peter Quilter. Em “Duetos”, peça que esteve em cartaz há um ano, no Sesc Palladium, com Eduardo Moscovis e Patricya Travassos no elenco, o dramaturgo apresenta quatro cenas que exploram situações cotidianas e íntimas, como a expectativa do primeiro encontro, a tentativa de conquistar alguém, os receios com o início de um casamento e o término de um relacionamento de anos.


Em “A manhã seguinte”, no entanto, ele eleva o nível do absurdo, apostando ainda mais no constrangimento não só como motor cômico, mas como ferramenta para apresentar pequenas hipocrisias. A própria mãe de Kátia, ao discorrer sobre sexo e se ver censurada pela filha, responde de maneira incisiva – e coerente – que todos dentro daquela casa sabem o que Kátia e Tomás fizeram durante a noite, mas precisam fingir que não sabem de nada.


“Ela é uma mulher fora dos padrões, que diz: ‘Tá bom. Tá bom. Então você faz sexo, mas não fala sobre isso. No meu tempo, a gente falava’. É muito interessante a maneira como ela coloca certas coisas que a gente considera tabu”, observa Bel Kutner.


Ela e Thereza Falcão ajustaram o texto de Quilter, mudando nomes de bairros, times de futebol e expressões cotidianas, além de adaptar piadas para o contexto brasileiro – foi um pedido do próprio dramaturgo britânico, aliás. O maior desafio da direção, contudo, foi ajudar os atores a encontrar o ritmo e o jogo cênico da comédia, valorizando a diferença entre os quatro personagens.


“O teatro é um trabalho de união”, diz Bruno. “Existe essa ‘dança’ visual e, ao mesmo tempo, auditiva entre os atores. Por isso, temos que nos escutar muito e saber que, se sou eu que fico em evidência numa cena, na outra vai ser quem estiver no palco comigo. Não é para brilhar sozinho”, afirma.

“A MANHÃ SEGUINTE”

Dramaturgia: Peter Quilter. Adaptação e direção: Thereza Falcão e Bel Kutner. Com Carol Castro, Bruno Fagundes, Gustavo Mendes e Angela Rebello. No Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Nesta sexta (17/10) e sábado, às 20h; domingo, às 18h. Ingressos à venda por R$ 140 (inteira / plateia 1), R$ 100 (inteira / plateia 2) e R$ 42 (inteira, valor promocional / plateia superior), na bilheteria ou pelo site do Eventim. Informações: (31) 3236-7400.

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