Mauricio de Sousa completa 90 anos no dia 27 de outubro e, como parte das comemorações, a cinebiografia “Mauricio de Sousa – O filme”, dirigida e roteirizada por Pedro Vasconcelos, estreia nos cinemas brasileiros no próximo dia 23. O longa aborda a vida e a carreira do desenhista desde a infância à vida adulta, culminando na publicação do primeiro gibi, em 1970, intitulado “Mônica e sua turma”.
Em coletiva de imprensa, o diretor Pedro Vasconcelos falou sobre a importância de poder prestar a homenagem ainda em vida, em comparação a outras cinebiografias póstumas. “Queria dar de presente para ele um retorno e falar ‘você foi fundamental, não só para minha vida, mas para a vida de tanta gente’. Esse cara precisa saber o quanto esse país ama ele, qual foi o impacto de tanto trabalho e o benefício que ele gerou para todos nós”, afirmou Pedro.
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No filme, quem dá vida a Mauricio na infância é Diego Laumar, conhecido por papéis na telenovela “A caverna encantada” e na série “Sob pressão”. Mauro Sousa, filho do quadrinista, é o intérprete do personagem na versão adulta. Mauro, de 37 anos, é ator e diretor-executivo da Mauricio de Sousa Produções (MSP), além de ser a inspiração para o personagem Nimbus nos quadrinhos do pai.
Este é o primeiro filme da carreira de ambos os atores. Mauro é formado em artes cênicas pela Indac – Escola de Atores e especializado em atuação de cinema pela New York Film Academy. Constrói carreira no teatro há 20 anos, atuando e dirigindo, e já assinou a direção de 18 espetáculos da MSP.
O ator diz que a vida foi a maior escola para conseguir interpretar o pai. “A minha vida inteira fui captando trejeitos, sentimentos e comportamentos do meu pai que me ajudaram hoje. São coisas e detalhes que acho que só eu poderia trazer para esse personagem”, comentou Mauro.
A trama de “Mauricio de Sousa – O filme” começa em 1940, com Mauricio em Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo, onde passou a infância. Ainda menino, encontra um gibi na rua, que desperta sua paixão pelas histórias em quadrinhos. Após os 18 anos, seus pais se divorciam e ele se muda com a mãe e os irmãos para a capital paulista.
PRIMEIRAS TIRINHAS
Mauricio começa a trabalhar em um jornal, como revisor de textos e repórter policial, enquanto tenta construir carreira com os desenhos. Até que tem a oportunidade de publicar as primeiras tirinhas, em 1959, com as histórias do Franjinha e do cão azul Bidu.
Após dar o primeiro passo como quadrinista, o filme acompanha a criação de personagens como Cebolinha e o dinossauro Horácio – que Mauricio considera seu alter ego –, até fazer o primeiro desenho da Mônica, inspirado em sua filha, em 1963. Até hoje, ele já criou mais de 400 personagens, dentro e fora da Turma da Mônica, e vendeu mais de 1 bilhão de gibis.
Além de Mônica e Mauro, Mauricio de Sousa teve mais oito filhos, em três casamentos, e todos inspiraram personagens das HQs. O longa acompanha a relação de Mauricio com a primeira esposa, Marilene (Thati Lopes), e o nascimento das três primeiras filhas: Mariângela, Mônica e Magali.
Entre os percalços na carreira, o preconceito com a arte e a polêmica de ter sido considerado “subversivo” por presidir a Associação dos Desenhistas de São Paulo, o filme mostra a história de persistência de um homem que não hesitou em conquistar seus sonhos. Mauricio de Sousa participou ativamente do roteiro, decidindo quais partes de sua história deveriam ser abordadas e qual tom seria melhor para contá-las, com foco no público infantil e nos fãs dos gibis.
Durante as gravações, realizadas por cerca de dois meses em 2022, Mauricio tinha participação quase que diária, principalmente em contato com o filho. Pedro Vasconcelos diz que preza pela proximidade ao adaptar histórias de outros autores, como fez com o filme “Fala sério, mãe!” (2017), baseado no livro homônimo de Thalita Rebouças.
“São dois motivos importantes para isso. O primeiro é o respeito. Para mim, era importante o reconhecimento dele vendo o filme. A vida é dele, a obra é dele. Só queria ser um instrumento para ajudar mais pessoas a terem conhecimento sobre essa história”, comentou o diretor.
“O segundo motivo é que ele criou história a vida inteira. Pensei: ‘Quem é que sabe mais sobre contar histórias do que esse cara do meu lado? Ele vai me ensinar o que sei, o que não sei e o que nunca imaginei que um dia vou saber”, continuou.
Mauricio de Sousa assistiu a um dos cortes do filme, antes da versão final, e ficou emocionado com o resultado. “Foram lágrimas do começo ao fim. Lágrimas e sorrisos. Lembro que meu pai apontava, me olhava e dava um sorrisinho, então falava: ‘É, foi assim mesmo que aconteceu’”, contou Mauro Sousa.
A cinebiografia é um recorte de 30 anos da vida do quadrinista, mostrando pela primeira vez ao público como Mauricio decidiu se dedicar aos desenhos e o que ele precisou fazer para conquistar a carreira. O filme também acompanha Mauricio de Sousa com a família, em cenas ao lado da mãe Nila (Natalia Lage), do pai Tonico (Emílio Orciollo Netto) e da avó Dita (Elizabeth Savalla).
* Estagiária sob supervisão do editor Enio Greco
“MAURICIO DE SOUSA – O FILME”
• (BRA, 2025, 95min). Direção: Pedro Vasconcelos. Com Mauro Sousa e Diego Laumar. O filme estreia no dia 23 de outubro nos cinemas brasileiros.