Criado com a inauguração da Sala Minas Gerais, uma década atrás, o “Fora de série”, programa temático realizado no fim da tarde de sábado, ganhou o público. Sempre com casa cheia – a edição de amanhã (18/10), às 18h, está com os últimos ingressos à venda –, o projeto destaca em 2025 a relação da orquestra com a dança.
Sob a regência do maestro associado José Soares, o programa da Filarmônica de Minas faz uma ponte com a Semana da Criança. Abre com “Mamãe Gansa”, de Maurice Ravel, e fecha com “Caixinha de boas festas”, de Heitor Villa-Lobos.
Memórias
“Não é um concerto infantil, mas traz como obras centrais concertos que versam sobre o imaginário das memórias”, comenta Soares. Muito anterior ao célebre “Bolero” (1928), “Mamãe Gansa” nasceu como suíte para dois pianos em 1910 – foi dedicada a Mimie e Jean, filhos de um casal polonês amigo de Ravel. O autor não teve filhos nem se casou. A orquestração da suíte é datada de 1911 e, no ano seguinte, o balé ganhou dois movimentos.
“Ravel a escreveu para ser tocada por crianças. Depois a transformou em balé”, continua o maestro. A peça será executada em sua totalidade. A inspiração veio dos contos de fadas de Charles Perrault, Madame d’Aulnoy e Jeanne-Marie Leprince de Beaumont.
Já a obra de Villa-Lobos, em grande parte, é fruto de orquestrações de temas infantis, “a principal delas ‘Ciranda cirandinha’”, explica Soares. Foi concebida em 1932 a pedido do maestro Walter Burle Marx para a Filarmônica do Rio de Janeiro.
Antes desse final, a orquestra executa duas outras obras. A primeira delas é “Danzón nº 2” (1994), mais conhecida obra do mexicano Arturo Márquez. Muito da popularidade se deve ao maestro Gustavo Dudamel, que a incluiu na turnê de 2007 da Sinfónica Simón Bolívar de Venezuela. Em julho do ano passado, a Filarmônica a executou junto ao programa apresentado com o Grupo Corpo.
Logo depois, vem “O guarani” de Carlos Gomes. “Para a surpresa de todos, não é a abertura, não é ‘A hora do Brasil’”, brinca Soares. Serão executados trechos do balé do terceiro ato.
Além de reger, Soares faz curta apresentação do programa de cada edição. “Falo um pouco antes para situar as pessoas sobre o que vão escutar. Como é fora da caixa, no bom sentido, o programa costuma levar o público para outros territórios sonoros.”
Com o prestígio em alta, “Fora de série” terá mais edições em 2026. Na recém-anunciada temporada do próximo ano, o programa terá oito datas – duas a mais do que em 2025. n
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
Concerto “A orquestra na dança”. Neste sábado (18/10), às 18h, na Sala Minas Gerais (Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto). Ingressos a partir de R$ 39,60 (inteira), à venda na bilheteria e no site filarmonica.art.br
Outras atrações
>>> MANHÃS MUSICAIS
A série da Fundação de Educação Artística destaca no domingo (19/10), às 11h, a música instrumental do século 20 por meio de obras de compositores que inauguraram a era moderna: Claude Debussy (“Syrinx” e “Sonata para flauta, viola e harpa”), Maurice Ravel (“Introdução” e “Allegro para harpa, flauta, clarineta e cordas”) e Igor Stravinsky (“A história do soldado”, com a suíte para clarineta, violino e piano). O repertório será executado por integrantes da Filarmônica de Minas Gerais: Cássia Lima (flauta), Marcus Julius Lander (clarineta), Clémence Boinot (harpa), Rodrigo de Oliveira e Gideôni Loamir (violinos), Daniel Mendes (viola), Lina Radovanovic (violoncelo) e Ayumi Shigeta (piano). Entrada franca. A sala fica na Rua Gonçalves Dias, 320, Funcionários.
>>> CLÁSSICOS NAS PRAÇAS
Peças de Bach, Beethoven, Tchaikovsky e Vivaldi serão interpretadas pela flautista Marina Lopes e pela violoncelista Clarissa Carvalho em quatro apresentações. Hoje (17/10), às 12h, o duo toca na Praça Sete, Centro, e às 18h30, na Praça Leonardo Gutierrez, no Bairro Gutierrez. Sábado (18/10), elas se apresentam às 9h, na Praça Hugo Werneck, em frente à Santa Casa, no Santa Efigênia, e às 12h, na Praça Ney Werneck, no Belvedere.