Jornalista e escritora Leila Ferreira lança o livro "O nome disto é vida"
Obra reúne entrevistas com 22 pessoas, entre famosos e anônimos, com reflexões sobre o que é viver, e será lançado no Sempre um Papo
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O que é a vida? A pergunta, aparentemente simples, mas que carrega toda a complexidade da existência, é o alicerce do livro “O nome disto é vida” (Editora Planeta), que a jornalista e escritora Leila Ferreira lança nesta segunda-feira (3/11), pelo projeto Sempre um Papo, às 19h, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas. A obra reúne as reflexões de 22 pessoas, entre famosos e anônimos, do Brasil e de outros países, para as quais ela lançou esse questionamento.
A lista de entrevistados inclui nomes conhecidos, como Mia Couto, Denise Fraga, Martha Medeiros, Mario Sergio Cortella, Andrew Solomon e José Eduardo Agualusa, mas também uma educadora Pataxó, um pastor de ovelhas cego em Portugal e um capelão hospitalar na Flórida. Leila conta que, diante do pedido de sua editora por um novo livro, propôs que fosse um volume de entrevistas, porque, como diz, é o que sabe fazer melhor.
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Ela destaca que foram todas feitas presencialmente, o que se impôs logo de saída. “Ainda que tivesse que viajar 11 horas, saindo de Lisboa para Moçambique, para ficar uma hora e meia com Mia Couto. Eu queria estar com as pessoas, no ambiente delas. No caso dele, na fundação que criou para homenagear o pai (o jornalista Fernando Leite Couto), porque é uma situação diferente. No livro, inclusive, falo dessa diferença do contato pessoal”, diz.
REFLEXÕES RICAS
A escolha dos entrevistados foi aleatória, ela admite. A autora destaca que não estabeleceu para si nenhum critério e não fez qualquer tipo de planejamento. “Fui atrás de pessoas que acho interessantes, ou das quais me falaram e achei que poderiam dar boas respostas para a questão que o livro propõe, capazes de reflexões ricas sobre a vida”, ressalta. Cortella, por exemplo, está entre as pessoas que admira, “não só como pensador, mas como ser humano”.
Leila diz que, em alguns casos, lhe interessou a história de vida do personagem. Ela cita um montanhista gaúcho que foi encontrar em uma vila no Nepal. “Ele não queria mais ter casa, resolveu que sua casa seria a mochila. Isso aponta uma escolha de vida e uma trajetória potencialmente muito interessante”, diz. De um amigo em Belo Horizonte, ela recebeu a indicação de um senhor que fabrica farinha em um moinho de vento em Portugal.
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“O nome dele é Miguel Nobre. Ele era marceneiro, mas passou a vida toda pensando em ter um moinho, porque o avô fabricava farinha em um moinho, o que me pareceu uma coisa muito poética. O livro se construiu espontaneamente, não cheguei a fazer uma lista de entrevistados”, afirma. Sobre equilibrar os entrevistados entre famosos e anônimos, ela diz que foi uma escolha consciente, porque isso sempre esteve presente em sua carreira como jornalista.
MUNDOS DIFERENTES
“Eu costumava brincar que entrevistava os famosos por obrigação e os anônimos por paixão. Sempre gostei de conversar com pessoas que não são conhecidas”, diz. Ela recorda que, pelo programa “Leila entrevista”, que apresentou por 10 anos na Rede Minas e na TV Alterosa, conversou com a rainha Sílvia, da Suécia, e com Sá Luíza, uma benzedeira do Vale do Jequitinhonha, com o mesmo interesse. “Entendo as duas como majestades. Sempre gostei de transitar por mundos diferentes”, destaca.
Ela diz que a pergunta que guia o livro não tem por objetivo buscar uma definição de vida, mas sim considerações interessantes a respeito do viver. Para Cortella, a vida é pulsação. Para Martha Medeiros, é uma honra. Miguel Nobre relatou a Leila ter restaurado mais de 40 moinhos de vento, que praticamente não existiam mais em Portugal. “Ele acredita que a pessoa tem que ser lembrada por ter sido útil, por ter deixado uma obra, por ter andado na Terra sem ser em vão”, comenta.
Uma ideia que aparece de forma recorrente no livro, conforme aponta, é a obsessão pela felicidade. “Acho que vida boa é vida com propósito. Sinto que hoje vivemos uma ditadura da felicidade, estimulada pelas redes sociais, e aí começamos a esconder a tristeza, a angústia. Uma vida que não reconhece a tristeza é uma vida menor, uma vida indigente. Isso é uma coisa que perpassa todo o livro: a condição humana é rica, múltipla, então a vida não tem que ser pautada só pela felicidade”, ressalta.
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“O NOME DISTO É VIDA”
Novo livro da jornalista e escritora Leila Ferreira, pela Editora Planeta, com lançamento no Sempre um Papo, nesta segunda-feira (3/11), às 19h, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Entrada franca, mediante retirada de ingressos pela plataforma Sympla.
INTERESSE PERMANENTE
Leila Ferreira reflete que os seis títulos que publicou antes do novo livro – “O amor que sinto agora”, “A arte de ser leve” e “Que ninguém nos ouça” (com Cris Guerra) entre eles – tratam, de alguma maneira – ou de diversas maneiras – sobre o que é viver. Ela diz que, quando foi ver as anotações das entrevistas para o volume que lança no Sempre um Papo, se deu conta de que estava voltando a temas recorrentes em sua obra. “Cada coisa que escrevo é sobre a vida, sobre a condição humana, claro que da forma mais despretensiosa possível, porque não sou filósofa, não sou psicóloga, mas isso sempre me atraiu. Sempre pedia para fazer matérias que não fossem factuais, mas, sim, que tivessem a ver com comportamento, porque o ser humano é minha paisagem preferida, então, todos os livros que escrevo partem desse olhar demorado e amoroso sobre a vida”, diz.