‘Truque de mestre - O 3º ato’ usa a velha e boa magia para encantar
Novo filme da franquia promove mistura de gerações de atores e aposta em roteiro convencional, mas certeiro, que envolve a joia mais valiosa do mundo
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Um grupo de mágicos precisa roubar um diamante precioso de uma tirana. Nove anos após o último golpe dos chamados Quatro Cavaleiros, o timing entre “Truque de mestre - O 3º ato”, já nos cinemas, e o crime envolvendo as joias da coroa francesa no Louvre que deixou o mundo de cabelo em pé pode não passar de coincidência, mas vale lembrar que os personagens são mestres do disfarce.
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“Fomos aconselhados pelos nossos advogados a não falar sobre o caso”, dispara a atriz Isla Fischer, que retorna à franquia inaugurada em 2013. “Em minha defesa, já faz bastante tempo que eu tenho uma joia parecida com as que sumiram”, afirma Jesse Einsenberg, que vive a sua terceira aventura como o ilusionista J. Daniel Atlas. Distantes do personagem orgulhoso e cheio de lábia, as entrevistas com o artista são lembradas pela ansiedade e por sua dificuldade em se comunicar.
“É engraçado. Sempre que deixo uma diária de filmagens, eu penso 'como sou um ator ruim!’”, afirma Eisenberg, com seu humor autodepreciativo. “A primeira vez em que não me senti assim foi filmando o primeiro ‘Truque de mestre’. Eu acabava minhas cenas me sentindo o máximo.”
Em mesa redonda com jornalistas de diferentes países, a impressão é de que todos estão muito à vontade. O elenco completa as frases uns dos outros e convence como uma família que pode existir, também, atrás das câmeras. Isso lembra uma das sequências mais mirabolantes do filme, quando os mágicos misturam seus truques particulares.
Prodígios
Mas a sinergia não vale só para os rostos de longa data. Especialistas em derrotar magnatas e distribuir dinheiro para a população, os Cavaleiros recebem a ajuda de três prodígios. São jovens que têm os justiceiros como grandes inspirações, embora a benevolência do grupo pareça ter sido esquecida.
Separado de seu antecessor por uma pandemia global e pela difusão de imagens geradas artificialmente, a produção parte de uma realidade em que crer na magia virou uma tarefa difícil. Isso guia principalmente a cena de abertura, em que Atlas e seus amigos se reúnem em um galpão afastado para se apresentar. Ao final do show, as cortinas se fecham e o espectador descobre estar diante de hologramas, programados pelo trio inédito de ilusionistas.
“Quando estou ansioso, gosto de pensar em pequenas coisas do dia a dia. É assim que percebo que a magia está no mundano”, diz Justice Smith, de 30 anos, que interpreta um dos novatos. Como um mestre que busca exibir o seu aprendiz, Dave Franco, que volta a viver o galã Jack Wilder, exige do artista alguns exemplos.
“O vento. Fazer meus amigos rirem. Um aperto de mãos. O sol que entra pela janela ao meio-dia. Tudo isso é mágico”, diz Smith. Outra pupila que se junta à prova oral é a atriz Ariana Greenblatt, de 18 anos, que, por sua vez, escolhe bolos de canela como sinônimos de magia. "Vejo a magia como qualquer coisa que eu possa dar de presente e fazer os outros felizes", afirma.
Escolha estragégica
Ao lado de Fischer, que no filme original é a única mulher do ilusionismo, ela fala sobre a importância da destemida June, sua personagem, para os mais jovens. “Escolho esses papéis estrategicamente para que meninas da minha idade consigam ver que é possível encontrar o seu lugar.”
“A Ariana foi muito inspiradora para mim no set. Ela não só é uma ótima atriz, como também uma ótima escritora. Em certas cenas, quando algo não funcionava, nós virávamos para ela e dali surgiam diversas soluções, simples e perfeitas”, diz Franco, de volta ao papel de professor orgulhoso.
Fora do tour de divulgação, o encontro geracional parece estar dando algum resultado. Plataformas como o Rotten Tomatoes já apontam “O 3º ato” como o melhor avaliado da franquia, e o público, que garantiu o bom desempenho dos anteriores, promete manter a fidelidade – o filme liderou as bilheterias em seu final de semana de estreia.
Numa Hollywood dominada por remakes e continuações, o terceiro “Truque de mestre” reúne novidades e clichês na tentativa de restabelecer a saga. Da vilã herdeira de nazistas, passando por perseguições em alta velocidade e indo aos golpes fantasiosos que ganharam os espectadores, o sucesso deste feitiço pode reforçar que nunca é tarde para ensinar truques velhos a cavalos novos.
“Quando pensamos em magia, queremos nos convencer de que o que vemos não é real. Ela é a prima das atrações e dos filmes que nos assustam”, diz Einsenberg. “Estamos seguros, mas ainda é emocionante.” (Davi Galantier Krasilchik/Folhapress)
“TRUQUE DE MESTRE - O 3º ATO”
(EUA, 2025, 107min.) Direção: Ruben Fleischer. Com Jesse Eisenberg, Isla Fischer e Dave Franco. Classificação: 12 anos. Em cartaz em salas dos complexos Cineart, Cinemark, Cinépolis e Cinesercla.