Praça da Liberdade recebe festival com 32 bandas de música em show conjunto
Formações procedentes de diversas cidades mineiras tocarão gratuitamente, ao longo deste sábado (22/11). Início, às 11h, reúne todos os participantes
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A Praça da Liberdade e o Palácio da Liberdade se tornam palco neste fim de semana do 1º Encontro Estadual de Bandas de Minas Gerais – evento que busca valorizar essa tradição. O dia de hoje (21/11) é dedicado a ações formativas, com uma roda de conversa, às 14h, e uma vivência de teoria e prática de conjunto, às 16h. No sábado (22/11), 32 bandas se apresentam, gratuitamente, a partir das 11h.
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O encontro foi idealizado e organizado pela produtora Roberta Prochnow, a partir de uma conversa com Adriano Maximiano, diretor de Proteção e Memória do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha). Desde o ano passado, o órgão conduz um processo de inventário e registro dessas formações como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado – trabalho que envolve realização de entrevistas, registros audiovisuais, levantamento de repertórios e elaboração de um dossiê.
Roberta trabalha na gestão de projetos há quase 20 anos, com especial atenção para os patrimônios imateriais e já realizou anteriormente um encontro de congados com o Iepha. Ela explica que o processo de inventário e registro embasou a seleção dos 32 grupos que se apresentam amanhã. “Tentamos trazer pelo menos um representante de cada região do estado”, destaca.
Histórias de resistência
Ponte Nova, Perdões, São Lourenço, Diamantina, Pitangui, Conceição do Mato Dentro, Capitólio, Congonhas e Patrocínio são algumas das cidades representadas por suas bandas. Segundo Roberta, além do desejo de descentralizar, um critério adotado para a seleção foi a história de cada grupo, seu tempo de existência – e de resistência. Ela toma como exemplo as bandas da Política Militar e do Corpo de Bombeiros do estado, que estão há muitos anos em atividade em Belo Horizonte.
“São presenças importantes, que trazem de maneira clara a questão da preservação deste patrimônio”, diz. A dinâmica das apresentações de amanhã prevê que, inicialmente, todos os grupos toquem juntos, sob a regência do maestro da banda da PM, capitão Eleônio Ribeiro da Cruz, duas músicas: o Hino Nacional e o “Dobrado dois corações”, ambas tradicionais no repertório de bandas. “Os músicos estarão reunidos por naipes – de sopro, percussão, instrumentos de corda”, afirma a organizadora.
Em seguida, ocorrem apresentações simultâneas em três diferentes espaços – a escadaria da entrada do Palácio da Liberdade, a alameda lateral, quase em frente ao prédio Rainha da Sucata, e o coreto – com as bandas regidas por seus respectivos maestros. A maratona segue ao longo de todo o dia, até as 22h.
“Um ponto alto dessa programação é que vamos trazer uma banda formada, em sua maioria, por crianças, que vai tocar na sacada do Palácio. É uma sinalização de futuro”, destaca a produtora.
Repertórios variados
Ela observa que os repertórios ficaram a cargo de cada banda e que eles costumam ser muito variados. “Alguns grupos trazem em sua formação, além de sopros e percussão, violão e guitarra, por exemplo. Cada banda é única, por isso não demos nenhuma orientação com relação ao repertório que elas pretendem apresentar. Vai ser surpresa mesmo”, afirma.
“Mais do que um festival, é um encontro de pertencimento. As bandas representam o talento do interior e a expressão mais genuína da nossa mineiridade”, comenta. Roberta ressalta que, com raízes que remontam ao período colonial, as bandas de música mineiras sempre foram símbolos de educação, cidadania e pertencimento, acompanhando, ao longo do tempo, procissões religiosas, festas cívicas e manifestações populares.
O maestro Roberto Júnior, regente da Corporação Musical Nossa Senhora de Lourdes, de Vespasiano, que vai conduzir, hoje, a vivência em banda de música, diz que a ação formativa engloba a preparação para se tocar, a escolha do repertório e a prática de conjunto. “Não podemos deixar de passar a questão técnica, mas a questão conceitual é muito importante, tem que estar todo mundo com a mesma energia, o mesmo foco. Não adianta ter músicos de ponta que não se comunicam entre si”, diz.
Roberto Júnior destaca que a ação formativa é importante na medida em que incentiva, mostra os caminhos possíveis e pode ser reveladora de como uma banda de música amplia horizontes. “Eu mesmo venho de uma família de baixa renda e, através da banda, meu horizonte se alargou, pude sair do país algumas vezes. Para quem não tinha perspectiva de sair nem do estado, tocar no exterior representando Minas Gerais foi muito significativo”, conta.
“O saxofonista não é mais importante do que o trompetista, que não é mais importante do que o clarinetista. É nas diferenças que a gente constrói a convergência”, afirma. Ao longo de um ano, o maestro deu aulas no sistema prisional e conta que, quando chegou, identificou vários detentos como seus contemporâneos de escola. “O que nos diferenciava é a oportunidade que a banda me deu e que, hoje, tento devolver. As bandas atuam na inclusão social, na convivência e até na questão da segurança pública. Elas aproximam e emancipam as pessoas”, diz.
1º ENCONTRO ESTADUAL DE BANDAS DE MINAS GERAIS
Apresentações de 32 bandas de diversas cidades mineiras, na Praça da Liberdade e no Palácio da Liberdade, neste sábado (22/11), a partir das 11h. Gratuito. Nesta sexta (21/11) serão realizadas a roda de conversa “História de formação de bandas civis e marciais”, às 14h, e a “Vivência em banda de música”, às 16h, na sede do Iepha (Praça da Liberdade, 470). Inscrições pelo formulário.