Maria Fernanda Cândido comenta chance de 'O agente secreto' no Oscar
Atriz está em Belo Horizonte para apresentar a peça "Balada acima do abismo", inspirada em contos de Clarice Lispector, com ingressos esgotados
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Maria Fernanda Cândido está em Belo Horizonte com a peça “Balada acima do abismo”, com sessão única neste sábado (22/11), às 20h, no Centro Cultural Unimed-BH Minas, com ingressos esgotados. A atriz interpreta textos de Clarice Lispector, adaptados por Catarina Brandão, ao lado da pianista Sonia Rubinsky, que executa composições de Heitor Villa-Lobos, Sergei Rachmaninoff e Alberto Nepomuceno.
Atualmente, Maria Fernanda, de 51 anos, está em cartaz nos cinemas com o filme “O agente secreto”, de Kleber Mendonça Filho, no qual interpreta a personagem Elza. Durante coletiva de imprensa realizada nesta sexta (21/11), ao lado de Sonia Rubinsky, a atriz afirmou que torce por “O agente secreto” no Oscar, mas já está satisfeita com o sucesso do filme.
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“O filme merece, Kleber merece, Wagner Moura merece. Mas, independente das premiações internacionais, para mim o maior prêmio é quando vejo o povo brasileiro amando seu cinema”, diz Maria Fernanda.
“Prestigiar a produção brasileira nas salas de cinema é uma atitude de resistência. Os novos conteúdos audiovisuais em streaming são muito bem-vindos, mas para que a sala de cinema sobreviva, a gente precisa prestigiar”, defende.
A filmagem de “O agente secreto” coincidiu com o processo de produção de “Balada acima do abismo”. O longa foi rodado entre junho e agosto de 2024, em São Paulo. Maria Fernanda conta que conheceu Kleber Mendonça Filho no Festival de Cannes, em 2019, e o diretor começou a escrever a personagem Elza já pensando nela para interpretá-la
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O processo de “Balada acima do abismo” teve início em 2020, quando Maria Fernanda foi convidada para fazer a leitura de textos de Clarice Lispector (1920-1977) nos eventos de comemoração ao centenário de nascimento da escritora, em Paris.
O convite foi feito por Catarina Brandão, que trabalhava na Embaixada do Brasil em Paris e sabia da participação de Maria Fernanda no filme “A paixão segundo G.H.” (2023), de Luiz Fernando Carvalho, rodado em 2018.
“Quando ela me convidou, fiquei muito honrada com a possibilidade de levar a obra e a vida de Clarice Lispector para a cultura francesa”, afirma Maria Fernanda Cândido.
A primeira versão do espetáculo foi apresentada em 2021, na embaixada em Paris. A temporada no Brasil começou este ano, em São Paulo – durou duas semanas, em janeiro e em junho. Belo Horizonte é a segunda cidade a receber a peça.
O espetáculo ganhou montagens francesa e brasileira, com diferentes equipes técnicas. Devido à complexidade da obra de Clarice Lispector, as peças abordam temas opostos.
“É como dois lados da mesma moeda, com a alegria e o difícil. O diretor brasileiro (Gonzaga Pedrosa) enxerga a alegria. A peça é luminosa, etérea e leve. A montagem francesa enxerga o lado difícil dos textos. São duas coisas diferentes, mas estão falando da mesma moeda”, explica Maria Fernanda Cândido. Em janeiro de 2026, o espetáculo volta à França, com apresentações no Théâtre du Soleil, em Paris.
A pianista Sônia Rubinsky destacou a importância da música em “Balada acima do abismo”. “A música dá tempo a quem está ouvindo o texto de pensar sobre o que ouviu. Ela dá tempo ao público de internalizar o que acabou de ser dito para ele”, comenta Sônia.
Em “Balada acima do abismo”, Maria Fernanda interpreta quatro contos de Clarice Lispector: “As águas do mundo”, “Restos de carnaval”, “É para lá que eu vou” (sem acompanhamento do piano) e um segmento de “A repartição dos pães”. Neles, aborda-se a vida de Clarice do nascimento à morte, em 1977.
Junto da leitura dramática, o espetáculo une música clássica e movimento corporal. “É uma joia a maneira como a música é costurada com a obra, porque ela não está só ao fundo. É real o diálogo entre palavra e som, entre a minha personagem e a música”, conclui a atriz.