Bastante requisitado para estrelar novelas entre as décadas de 2000 e 2010, Marcos Pasquim, de 56 anos, dá vida ao advogado trambiqueiro Ricardo em “Dona de mim” (Globo). O papel, embora coadjuvante, tira o ator da zona de conforto.
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“Novelas, filmes e séries com advogados sempre me davam medo, pois são textos complexos em que mal conseguimos improvisar. Existe uma embocadura diferente, mas tem sido ótimo. Até agora, nenhum profissional da área veio querer me processar”, brinca ele sobre as falcatruas de seu personagem.
“O Ricardo é um capanga, fica difícil defender as atitudes desse cara. Falta ética e ele só quer se dar bem. Ele sempre acha uma brecha na lei”, conta. Num capítulo da semana passada, Ricardo sofreu um atropelamento orquestrado por Jaques (Marcello Novaes).
Sabotagem
Ricardo foi demitido da Buaiz e, após ficar bêbado, ameaçou divulgar vídeo comprometedor que mostraria a culpa de Jaques no sabotamento do carro de Abel (Tony Ramos). Esse imbróglio resultou no atropelamento que deixará o advogado em coma por alguns capítulos, lutando pela vida. A partir daí, muitas tramas vão se desenrolar antes de a verdade vir à tona.
“Não terá o mesmo burburinho do atentado sofrido pela Odete Roitman (em 'Vale tudo'). Desde sempre, o público fica sabendo da culpa de Jaques, mas entre os personagens haverá um mistério em torno dessa situação”, aponta o ator.
“Quero atuar até uns 120 anos”, diz Pasquim, antes de soltar uma sonora gargalhada ao telefone. Ele conta que a cada dia se sente mais preparado, seja de cabeça ou no quesito físico, para trabalhar.
“Não me considero vaidoso, mas procuro cuidar da saúde e me preocupo com a qualidade da minha velhice. Tenho passado por momentos complicados com minha mãe e meu pai. Na época deles, não havia muita informação como hoje. Óbvio que esse cuidado vai esbarrar na minha aparência, no meu corpo, mas isso não é o mais importante”, comenta.
Acostumado a ser protagonista, Pasquim afirma que vê grande mudança na escolha de elencos da dramaturgia atualmente. Mas pondera que o que falará a seguir não se trata de crítica, mas de sua visão sobre mercado.
“Vemos, hoje em dia, jovens nos papéis de protagonistas. Acho que seria legal o audiovisual olhar com mais atenção os protagonistas de 40+. Não sei se essa escolha tem a ver com a busca de audiência mais nova. Dá para aprofundar histórias com personagens mais velhos”, afirma.
Descamisado
Se antes Pasquim era muito cobiçado para papéis que mostravam seu físico sem camisa, hoje isso mudou. “Não fico chateado (por não ser mais protagonista de novela), isso já passou. Em 'Dona de mim' mesmo, fiz duas ou três cenas descamisado, mas porque a trama pedia. Nunca foi algo que eu queria, mas uma característica do Carlos Lombardi”, diz, ao rememorar suas atuações em tramas com o autor de “Uga uga” (2000) e “Kubanacan” (2003).
Apesar de curtir a fama de galã, ele ri da possibilidade de, em breve, atuar num novo tipo de núcleo: o dos avôs. “Ainda não fiz, mas adoraria”, afirma. (Leonardo Volpato)
