“Las choronas”, em cartaz no Teatro 1 do CCBB, nasceu da mistura improvável de brincadeira e choro no meio de um bar. É o que revela o diretor e dramaturgo Byron O’Neill, responsável pelo espetáculo que reúne integrantes dos coletivos Pigmalião Escultura que Mexe, Cia 5 Cabeças e Mulher que Bufa. A temporada vai até 29 de dezembro, com sessões de sexta a segunda-feira, às 20h.
A ideia surgiu em meio aos ensaios do espetáculo “Três fadas moribundas”, idealizado por Carol Oliveira e dirigido por Joyce Malta, no espaço do Pigmalião.
“A gente estava no bar e a Luísa Rosa, que hoje é nossa produtora, começou a chorar por uns problemas pessoais. Aí brinquei que ia escrever uma cena curta só para ela ficar chorando em cena”, conta o diretor.
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Apesar de ser piada, rapidamente o grupo aceitou a ideia. “A Liz Schrickte ouviu e disse: ‘Quero participar’. Daqui a pouco, o Eduardo Félix falou: ‘Quero também’. A Aurora Majnoni disse: ‘Também quero fazer’. E assim foi”, relembra Byron.
Cenas Curtas
Criado em 2022, o trabalho venceu o Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto. No início de 2023, Byron O'Neill inscreveu o projeto da cena ampliada no edital de patrocínio do Banco do Brasil. A certeza de um palco para apresentá-lo veio no meio deste ano.
Com sete artistas no palco, a montagem traz esquetes de vários formatos, combinando música, dança, bonecos e bufonaria, além do uso de Libras, a língua de sinais, como elemento coreográfico. A dramaturgia costura tudo isso.
“O espetáculo fala de amor, flertando com o teatro do absurdo e também tocando na incomunicabilidade do ser humano, na dificuldade que a gente tem de dizer o que sente”, afirma Byron.
A organização em esquetes foi a forma de reunir as diferentes referências e pesquisas das companhias envolvidas.
Encontro feliz
Embora assine a direção e a dramaturgia, Byron diz que o processo foi essencialmente coletivo. Ideias vieram de filmes, livros, postagens da internet e improvisações. Tudo era posteriormente gravado e estudado por ele em casa.
“É o encontro muito feliz de pessoas diferentes, de referências diferentes, mas que têm algo em comum. Todo mundo faz teatro há muito tempo”, afirma o diretor.
Ele cita as experiências de Carol Oliveira em projetos ligados à saúde mental, a pesquisa de Joyce Malta em bufonaria e o domínio do teatro de bonecos do Pigmalião, além do trabalho da Cia 5 Cabeças com teatro do absurdo. “No fim, virou uma junção muito rica, muito variada”, comenta.
Libras em cena
Um dos elementos mais constantes é a Língua Brasileira de Sinais (Libras), presente em quase todas as cenas. A inspiração veio quando Byron viu Uziel Ferreira interpretando espetáculo em Libras e ficou impressionado. “Olhava e pensava: ‘Gente, isso dá para fazer quase uma coreografia’.”
Uziel ofereceu oficinas de Libras para o elenco. A língua dos sinais aparece tanto como tradução quanto como movimento cênico, com exceção da única esquete considerada suficientemente visual. O número de abertura, inclusive, foi pensado especialmente para não ouvintes.
“LAS CHORONAS”
Direção: Byron O’Neill. Com Pigmalião Escultura que Mexe, Cia 5 Cabeças e Mulher que Bufa. De sexta a segunda-feira, às 20h, no Teatro 1 do CCBB (Praça da Liberdade, 450, Funcionários). Até 29/12. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), à venda no site ccbb.com.br/bh e na bilheteria da casa.
OUTRA ATRAÇÃO
>>> BURLETA ESPEVITADA
“Mistérios gozosos em burleta espivitada”, espetáculo de formatura da atriz Letícia Ojúara no curso de teatro da UFMG, será apresentado nesta sexta (28/11), às 18h30, no Centro Cultural UFMG (Avenida Santos Dumont, 174, Centro). Com direção de Lucílio Gomes e dramaturgia de Letícia, o solo aborda arquétipos femininos, como a mulher santa, a mulher perfeita e a mulher diabo. Entrada gratuita, com retirada de ingressos na plataforma Sympla.
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria
