Ela Jurista: iniciativa conecta mulheres do Direito ao mercado
"As decisões jurídicas são tratadas por seres humanos, então precisamos de diversidade", afirma a advogada e criadora do projeto Tauanne Andrade
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Siga noCom o objetivo de promover a inclusão produtiva de mulheres no setor jurídico, o projeto Ela Jurista tem transformado a realidade de estudantes e advogadas em todo o Brasil. Criado há quatro anos pela advogada Tauanne Andrade em Belo Horizonte, o negócio de impacto social aposta na formação, conexão e valorização de talentos femininos em um mercado historicamente conservador.
A iniciativa ganhou novo fôlego em 2024, após participar do VOA, programa de voluntariado corporativo da Ambev. A reestruturação estratégica impulsionada pela mentoria proporcionada pelo programa permitiu ao Ela Jurista otimizar processos internos, melhorar sua comunicação e ampliar seu alcance. Como resultado, a plataforma já conecta mais de 600 mulheres a oportunidades reais de trabalho, com 68% delas relatando aumento de renda após passarem pelas capacitações.
"O Ela Jurista nasceu de uma inquietação pessoal, quando descobri que estava grávida de uma menina”, relembra Tauanne. "Quis criar um futuro diferente para ela - e para tantas outras mulheres - no mundo jurídico, que ainda impõe muitas barreiras invisíveis à nossa atuação".
Um elo entre talento e oportunidade
A atuação do Ela Jurista é dividida em duas frentes. A primeira é voltada à capacitação das mulheres: a plataforma oferece aprimoramentos direcionados às necessidades do mercado, com suporte de um time de RH que orienta desde a elaboração de currículos até o mapeamento de competências. A segunda frente é a conexão com as empresas. Escritórios de advocacia, departamentos jurídicos e legaltechs comprometidos com critérios de ESG e diversidade acessam o banco de talentos da plataforma para contratar profissionais sob demanda, de forma ágil e eficiente.
"O diferencial do nosso modelo é que todas as mulheres cadastradas passam por uma curadoria. Elas são validadas, treinadas e acompanhadas. Não oferecemos apenas visibilidade - oferecemos preparação e estratégia", explica Tauanne.
A plataforma funciona com dois planos de acesso: um voltado para mulheres em situação de vulnerabilidade, com isenção mediante critérios sociais, e outro para profissionais que optam por investir diretamente em sua formação dentro da comunidade. Os perfis vão de estagiárias a advogadas com décadas de experiência, unidas pelo propósito comum de transformar a atuação feminina no Direito.
Parceria estratégica
A entrada no programa VOA foi um marco para o projeto. Além de reforçar a credibilidade do Ela Jurista junto ao mercado, o programa trouxe ferramentas e mentorias fundamentais para a consolidação do modelo de negócio.
"A estrutura que recebemos da Ambev foi um divisor de águas. Hoje temos mais clareza estratégica, monitoramos indicadores de performance e conseguimos mostrar nosso impacto com dados", afirma.
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O VOA integra a plataforma de inclusão produtiva da Ambev, com meta de impactar 5 milhões de pessoas até 2032. Em sete anos, já beneficiou mais de 10 milhões em todo o Brasil.
Desafios e próximos passos
Apesar dos avanços, Tauanne destaca que o caminho para romper barreiras estruturais no mercado jurídico é complexo. "É um setor conservador. Educar esse mercado para a importância da equidade de gênero é um desafio constante. Já tivemos momentos de quase perder nosso foco. Mas seguimos firmes porque sabemos que a mudança começa por nós".
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Os próximos passos do Ela Jurista incluem o fortalecimento da tecnologia da plataforma e a ampliação da rede de empresas parceiras. A meta é clara: incluir mais mulheres, gerar mais oportunidades e transformar a equidade de gênero de uma ideia em prática.
"Queremos que as empresas enxerguem o valor real da inclusão. Quando mais mulheres participam desse eixo de forma produtiva, o mercado jurídico - e a sociedade - ganham uma nova perspectiva", explica a fundadora. "As decisões jurídicas são tratadas por seres humanos, então precisamos de diversidade", enfatiza.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Jociane Morais