
Imposto de Renda: isenção para até dois salários mínimos avança no Senado
A medida adotada pelo governo visa evitar que pessoas que estavam isentas de IRPF passem a recolher pela primeira faixa da tabela devido ao último reajuste do salário mínimo, que subiu para R$ 1.412 em 2024
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Siga noFOLHAPRESS - A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça-feira (9/4) o projeto de lei que isenta de Imposto de Renda (IRPF) quem ganha até dois salários mínimos, R$ 2.824 mensais. O texto segue agora para o plenário do Senado.
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A medida adotada pelo governo vem para evitar que pessoas que estavam isentas de IRPF passem a recolher pela primeira faixa da tabela devido ao último reajuste do salário mínimo que subiu para R$ 1.412,00 em 1º de janeiro.
O texto foi enviado ao Congresso em fevereiro como MP (medida provisória), mas acabou avançando via projeto de lei diante da resistência da Câmara dos Deputados com a tramitação de MPs, que exigem uma comissão formada por deputados e senadores.
O projeto de lei foi apresentado pelo líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e relatado no Senado pelo líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).
Em seu relatório, Rodrigues afirma que o objetivo do projeto é "efetivar a política de valorização permanente do salário mínimo", sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em agosto.
Segundo o governo federal, a redução de receitas prevista com a medida neste ano é de R$ 3,03 bilhões. O valor passa para R$ 3,53 bilhões no próximo ano e para R$ 3,77 bilhões em 2026.
Durante a discussão do projeto, senadores de oposição, como Sergio Moro (União Brasil-PR), Damares Alves (Republicanos-DF) e Esperidião Amin (PP-SC), lembraram a promessa de Lula de isentar de imposto de renda quem ganha até R$ 5.000 por mês.
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A sessão esquentou quando o senador Carlos Viana (Podemos-MG), pré-candidato à prefeitura de Belo Horizonte (MG), propôs a isenção para quem ganha até R$ 4.236,00, três salários mínimos. O governo correu para mobilizar a base aliada e conseguiu barrar a mudança por 13 votos a 12.
Ao rebater as críticas, Randolfe ressaltou que, antes de Lula, a última correção da tabela do Imposto de Renda havia sido feita em 2015 pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O senador também destacou que a correção foi prometida e descumprida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Em 1º de janeiro de 2019 ele [Bolsonaro] tomou posse. Sabe, de 2019 até 2022, quantas vezes a tabela do Imposto de Renda foi corrigida? Zero. Não teve uma correção para os trabalhadores", destacou Randolfe, dizendo ainda que Moro deveria saber disso por ter participado do governo.
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Em seu parecer, o líder do governo Lula no Congresso disse também que o debate sobre a isenção será "mais bem aprofundado" durante a tramitação da reforma do Imposto de Renda ?que o governo pretende enviar ao Congresso até o fim do ano.
Nesta segunda-feira (8/4), após reunião com Randolfe e outras líderanças, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), antecipou que Rodrigues deve relatar a reforma do Imposto de Renda na Casa.
Em 23 de janeiro, Lula reforçou o compromisso de campanha em entrevista a uma rádio na Bahia: "Com o reajuste do salário mínimo, as pessoas parecem que vão voltar a pagar o Imposto de Renda, mas não vão. Porque nós faremos as mudanças agora para que quem ganha até dois salários mínimos não pague IR".
"Eu tenho um compromisso de chegar até o fim do meu mandato isentando todo mundo que ganhar até R$ 5.000. É um compromisso de campanha, mas, sobretudo, de muita sinceridade. Nesse país, quem vive de dividendo não paga Imposto de Renda e quem vive de salário paga Imposto de Renda", acrescentou na ocasião.