Banco Central aumenta taxa de juros para 15% ao ano
Banco Central sinaliza interrupção do ciclo de alta no próximo encontro do Comitê de Política Monetária, no fim de julho
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Siga noO Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avançou no ciclo de alta de juros nesta quarta-feira (18/6) com uma elevação em ritmo menor, de 0,25 ponto percentual, e subiu a taxa básica (Selic) de 14,75% para 15% ao ano. A decisão foi unânime.
No comunicado, o colegiado do BC também antecipou que prevê a interrupção do ciclo de alta da Selic no próximo encontro, em julho, para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado.
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O comitê pretende avaliar se o plano de manter os juros no atual patamar por período "bastante prolongado" será suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O comitê enfatizou ainda que se manterá vigilante e poderá ajustar os passos futuros da política monetária, dizendo que não hesitará em dar sequência ao ciclo de altas se julgar necessário.
Com o novo aumento, a Selic atingiu o maior patamar desde julho de 2006, quando estava fixada em 15,25% ao ano. Naquela época, contudo, os juros seguiam em trajetória de queda após o pico de 19,75% ao ano, durante o escândalo do mensalão, em 2005.
O ciclo teve início em setembro do ano passado, ainda na gestão de Roberto Campos Neto, e até agora foram realizados sete aumentos consecutivos em nove meses. A taxa básica partiu de 10,50% ao ano e acumulou elevação de 4,5 pontos percentuais nesse processo.
Às vésperas da reunião, o mercado financeiro estava dividido sobre a decisão do Copom. Levantamento feito pela Bloomberg com 32 instituições mostrou que 20 apostavam no fim do ciclo, com a manutenção da Selic em 14,75% ao ano, enquanto 12 projetavam que a taxa básica atingiria 15% ao ano, com um aumento final de 0,25 ponto percentual.
No encontro anterior, em maio, o comitê deixou os passos seguintes em aberto, falando em flexibilidade e cautela diante da incerteza gerada, em especial, pelo ambiente externo.
Desafiam a atuação dos bancos centrais o agravamento do conflito no Oriente Médio e os efeitos ainda nebulosos da guerra comercial aberta pelos Estados Unidos. Mais cedo, o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) manteve os juros inalterados no intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano pela quarta vez consecutiva.
A cotação do dólar usada pelo comitê em suas projeções foi de R$ 5,60, o que representa uma redução em relação a maio, quando a moeda norte-americana estava em R$ 5,70.
No cenário doméstico, as projeções de inflação para prazos mais longos estacionaram longe da meta perseguida pelo BC. O alvo central é 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que a meta é considerada cumprida se ficar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).
Segundo o último boletim Focus, os analistas projetam que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) termine 2026 no limite superior do intervalo de tolerância, em 4,5%. Para 2027, a estimativa mediana do mercado seguiu em 4% pela 17ª semana seguida.
Devido aos efeitos defasados da política de juros sobre a economia, o BC trabalha agora mirando a inflação do fim de 2026, conforme o sistema de avaliação contínua.
No cenário de referência do Copom, a projeção de inflação para este ano subiu de 4,8% para 4,9%, ainda bastante acima do teto da meta. Para 2026 - período em que o BC hoje se propõe a cumprir o objetivo - a estimativa se manteve em 3,6%.
A questão fiscal é preocupa os economistas, mas o colegiado do BC fez uma declaração mais sucinta do que em comunicados anteriores. "O comitê segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros", disse.
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O Copom, que hoje é composto majoritariamente por representantes indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - com sete dos nove membros -, volta a se reunir nos dias 29 e 30 de julho.