GRANDE FEITO

Saiba qual é o único país autossuficiente em alimentos no mundo

Levantamento realizado por universidades da Alemanha e Reino Unido revela que a maioria dos países depende de importações para suprir a própria demanda

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Um estudo conduzido por pesquisadores das universidades de Göttingen (Alemanha) e Edimburgo (Escócia), e publicado na revista Nature Food, revelou que apenas um país no mundo consegue produzir alimentos suficientes para suprir todas as necessidades nutricionais de sua população: a Guiana. Localizada ao norte do Brasil, a pequena nação sul-americana é a única a alcançar a autossuficiência em todos os sete grupos alimentares considerados essenciais para uma dieta saudável e sustentável.

A análise avaliou dados de 2020 referentes ao consumo diário per capita de 187 países, com foco na produção doméstica de frutas, vegetais, laticínios, peixes, carnes, proteínas vegetais (como leguminosas, sementes e castanhas) e alimentos básicos ricos em amido (como arroz, batata e trigo). A comparação foi feita com base nas diretrizes da dieta Livewell, promovida por organizações como o WWF, que incentiva hábitos alimentares saudáveis com menor impacto ambiental.

O resultado da pesquisa evidencia um cenário preocupante: mais de um terço dos países não atinge a autossuficiência em ao menos dois dos sete grupos alimentares. Dos 187 países avaliados, 154 conseguem suprir apenas de dois a cinco desses grupos por meio da produção interna. A dependência de importações alimentares é especialmente alta na África, no Caribe e em partes da Europa.

De acordo com o estudo, cinco países e uma região administrativa não conseguem atender às necessidades alimentares de sua população em nenhuma das categorias analisadas: Afeganistão, Catar, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Iraque e Macau (região autônoma da China). Já China e Vietnã aparecem como os mais próximos da autossuficiência total, produzindo alimentos suficientes para seis dos sete grupos – ambos enfrentam déficits na produção de laticínios.

Laticínios: o calcanhar de aquiles da autossuficiência global

Os laticínios se destacam como o grupo alimentar mais difícil de ser produzido em quantidade suficiente no âmbito nacional. Menos da metade dos países analisados conseguem atender internamente às suas necessidades nesse grupo. As exceções ficam por conta da Europa, onde todos os países avaliados demonstraram autossuficiência em laticínios.

Na América do Sul, o Brasil figura entre os países que conseguem produzir alimentos suficientes em cinco dos sete grupos - com déficit na produção de vegetais e peixes. A situação, embora melhor que a média global, ainda revela uma dependência preocupante de cadeias internacionais.

Riscos da dependência alimentar

Além de medir a autossuficiência alimentar, o estudo também chama atenção para o risco geopolítico da concentração de importações. Muitos países dependem de um único parceiro comercial para mais da metade de suas compras de alimentos. Essa dependência acentuada aumenta a vulnerabilidade em contextos de crises, conflitos internacionais ou desastres climáticos.

"A forte dependência de importações de um único país pode deixar as nações vulneráveis a choques econômicos e políticos", alertou Jonas Stehl, economista da Universidade de Göttingen, ao site ScienceAlert.

A escolha da dieta Livewell como parâmetro reflete uma tendência crescente de associar segurança alimentar a sustentabilidade ambiental. O modelo preconiza o consumo elevado de vegetais, frutas e grãos integrais, moderação na ingestão de carne, ovos e laticínios, e a redução do consumo de produtos ultraprocessados ricos em gordura, sal e açúcar. O objetivo é atender às necessidades nutricionais humanas sem comprometer a saúde do planeta.

Guiana: um caso raro de equilíbrio

Com pouco mais de 800 mil habitantes, a Guiana mostra que é possível alcançar um equilíbrio entre produção agrícola diversificada e consumo sustentável. O país, vizinho de Roraima e do Pará, é uma exceção em um mundo onde a maioria das nações depende, em maior ou menor grau, do comércio internacional para alimentar sua população.

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A conclusão dos pesquisadores é clara: alcançar a autossuficiência alimentar é um desafio complexo, mas essencial diante das incertezas climáticas, políticas e econômicas que marcam o século 21. E, ao menos por enquanto, apenas um país conseguiu atingir esse feito.

*Estagiária sob supervisão da subeditora Celina Aquino

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