SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O Ministério das Relações Exteriores da China criticou nesta sexta-feira (11) a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de taxar em 50% todos os produtos brasileiros exportados ao país. 

A porta-voz da pasta, Mao Ning, afirmou que tarifas não devem ser usadas como ''coerção, intimidação ou interferência''. A declaração foi dada após ser questionada por um repórter sobre o assunto durante uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (11). 

Para ela, essas são ''normas básicas das relações internacionais''. Ela ainda disse que a igualdade de soberania e a não intervenção em assuntos internos são princípios importantes da Carta da ONU. 

Foi a primeira vez que Pequim se manifestou desde que Trump comunicou sobre o aumento das tarifas ao Brasil. Nesta quinta-feira (10), a China já havia condenado as taxas sobre o cobre anunciadas pelos Estados Unidos ''em nome da segurança nacional'', mas não tinha comentado especificamente sobre a situação brasileira. 

BRASIL FOI O PAÍS COM A MAIOR TARIFA ANUNCIADA 

Nesta semana, o republicano enviou cartas a 22 países para estabelecer novas tarifas. O Brasil foi um deles e as importações brasileiras receberão a taxação de 50% a partir de 1º de agosto. Trata-se, por enquanto, da maior tarifa anunciada por Trump contra um governo estrangeiro. 

O americano evocou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao anunciar tarifas extras sobre produtos brasileiros. Ele insinuou uma sanção contra atitudes das instituições brasileiras pelo julgamento de Jair Bolsonaro e sua derrota nas eleições de 2022. Em carta justificando a tarifa de 50% sobre "qualquer produto brasileiro", disse que, em parte, se dava ''pelos ataques insidiosos do Brasil às eleições livres''.

Lula reagiu e diz que vai usar lei de reciprocidade contra os EUA. Em nota oficial, o presidente Lula diz que o Brasil "é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém". 

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O tarifaço foi imposto apesar do superávit comercial dos EUA em relação ao Brasil. A vantagem comercial americana passou a ser de US$ 1 bilhão com o Brasil, um dos raros mercados com os quais os EUA venderam mais do que compram. 

A decisão também desconsidera a relação comercial entre os dois países. Ainda que a economia americana seja muito maior, o Brasil tem papel importante na cadeia de produção de empresas americanas, que fabricam partes de seus produtos por aqui. Dentre os setores nos quais o Brasil atua estão a indústria automobilística e a de equipamentos eletrônicos.

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