A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) anunciou nesta sexta-feira (8/8) medidas para apoiar os setores que não foram isentos da tarifa adicional de 40% imposta pelo governo norte-americano sobre os produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos.

"Se alguém achava que essa crise ia acabar dentro de um ano e meio ou dois anos, esqueça. O mundo mudou. Aceite ou pereça", aconselhou Flávio Roscoe, presidente da Fiemg, no encontro com empresários dos setores que não foram contemplados pela lista de exceções ao tarifaço, na sede da federação, em Belo Horizonte.

Ele ainda recomendou que os empresários tomem medidas o quanto antes. "Não tomar uma decisão não é opção neste momento. Mas tem que se orientar para tomar a melhor decisão possível", falou. "Quem saiu da ‘guilhotina’ saiu na lista de exceções. Se não entrou para a lista, vai demorar. Por isso, é preciso se adaptar o mais rápido possível", reforçou Roscoe.

Nesse sentido, a Fiemg anunciou aos empresários mineiros afetados pelo tarifaço, que tiverem ao menos 10% da produção afetada, alguns incentivos, como a gratuidade das ações de treinamento do Sesi (Serviço Social da Indústria) e do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), voltados para requalificação da mão de obra, além das consultorias do Senai para aprimorar o processo produtivo, incluindo a eficiência energética. Roscoe colocou a assessoria técnica da Fiemg à disposição dessas empresas para possíveis ajustes, como demissões.

O presidente da Fiemg repassou a lista de reivindicações feitas junto aos governos estadual e federal, de ordem tributária, ambiental, energética, econômica e trabalhista. Ele falou que, em 19 de agosto, a Secretaria Estadual de Fazenda (SEF) vai divulgar os critérios de como o governo estadual vai dividir entre os setores os incentivos anunciados logo após a assinatura do decreto do tarifaço nos Estados Unidos.

Empresários pedem política antidumping e defesa comercial

Além do tarifaço, os empresários se mostraram preocupados com as práticas desleais de comércio, como o dumping, sobretudo pela China. O presidente da Fiemg afirmou que essa já é uma reivindicação feita anteriormente ao tarifaço, mas reforçada no atual cenário junto ao governo federal. Ele disse que o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, se mostrou sensível a esta reivindicação, mas nenhuma medida ainda foi tomada.

Roscoe enfatizou a necessidade de o governo federal estabelecer uma política de defesa comercial para proteção do setor produtivo nacional. “Os empresários já identificaram a oferta de produtos importados abaixo do custo de produção. Mesmo porque vários países também perderam participação no mercado americano com tarifas. Vários países também estão adotando proteção de mercado”, disse Roscoe, que se mostrou desanimado com o redirecionamento da produção brasileira para outros mercados, já que existe uma tendência global dos países se fecharem e não abrirem.

Na visão da Fiemg, a defesa comercial é uma medida que não traz custos e ainda é capaz de aumentar a arrecadação, que pode custear as medidas públicas de incentivo aos empresários afetados pelo tarifaço.

Produtos mineiros mais afetados pelo tarifaço

Estudo divulgado pela Fiemg mostra que, apesar da isenção para alguns dos principais produtos exportados por Minas Gerais aos Estados Unidos, cerca de 63% da pauta exportadora mineira segue tarifada.

Em Minas Gerais, entre os produtos mais prejudicados pelo tarifaço está o café, do qual 33% do total exportado segue para os Estados Unidos. A carne bovina é outro item de destaque na pauta exportadora mineira que permanece sem isenção, com 2,5% seguindo para os EUA. 

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Na siderurgia, embora alguns produtos tenham sido contemplados com isenção (como ferro fundido e nióbio), uma parcela da cadeia produtiva segue sujeita às tarifas, como é o caso dos tubos de aço (3,1%) e do fio-máquina de ferro ou aço (1,8%).

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