O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai colher benefícios por ter sido atacado pelo presidente americano Donald Trump, mas deve evitar transformar isso em uma briga maior. É o que afirmou a revista britânica The Economist, em publicação nessa sexta-feira, 8/8.
O texto fala sobre a reação de Lula ao tarifaço de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros, que entrou em vigor nesta semana.
Um dos motivos citados por Trump para a taxação foi o tratamento dado a Bolsonaro pela Justiça brasileira no processo em que ele é acusado de tramar um golpe de Estado.
"Trump está indignado com o fato de seu aliado, Jair Bolsonaro, ex-presidente da direita radical do Brasil, estar sendo julgado, acusado de planejar um golpe", diz a publicação.
A revista lembra que o Brasil não foi o único visado por razões políticas, citando o exemplo do Canadá. "Trump alertou Mark Carney, primeiro-ministro do Canadá, que reconhecer um Estado palestino tornaria as negociações comerciais muito difíceis".
Para a The Economist, o caso do Brasil é o "mais claro, até agora, de Trump usando o comércio como instrumento para interferir nos assuntos de outro país."
Lula reagiu duramente ao tarifaço de Trump. Acusou o presidente americano de querer interferir na Justiça brasileira e reafirmou a independência do STF e a autonomia do Brasil.
Muitos viram na crise um ganho de imagem para Lula, que enfatizou a defesa da soberania e o nacionalismo frente à ofensiva do governo americano.
A The Economist ressaltou no texto que o impacto do tarifaço parece "provavelmente limitado" no Brasil, já que "suas exportações corresponderam a menos de um quinto do PIB no ano passado, em comparação a mais de um terço no México e mais de 70% em economias asiáticas abertas, como Vietnã e Tailândia."
Relata ainda que só 13% das exportações estão expostas às taxas de Trump e destacou que o Goldman Sachs, um dos maiores bancos de investimentos do mundo, manteve sua previsão de crescimento do PIB para este ano inalterada em 2,3%.
Para a revista, ainda há riscos no caminho. A publicação citou fala de Lula de que consultaria outros membros do Brics (grupo de 11 economias de mercados emergentes que inclui Índia e China) sobre formas de combater as tarifas de Trump. "Isso poderia. muito bem desencadear uma guerra comercial crescente", diz a publicacão.
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