Dias antes do tarifaço, EUA discutiram terras raras com Goiás
Encarregado de Negócios do governo Donald Trump no Brasil teve conversa com integrantes do governo de Goiás sobre terras raras
compartilhe
Siga noDias antes de o governo Donald Trump anunciar o tarifaço, em julho, o encarregado de Negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, solicitou uma reunião com o governo de Goiás. O assunto: terras raras pesadas. Sem que Trump tenha indicado até hoje um embaixador no Brasil, Escobar é a autoridade americana de mais alto nível diplomático no país.
Segundo fontes do governo goiano, no encontro, por videoconferência, Escobar sinalizou o interesse americano em apoiar a exploração e a exportação desses minerais, usados em defesa e alta tecnologia. Goiás é hoje o único lugar da América Latina com mina em operação dedicada a esse insumo, explorada pela Serra Verde em Minaçu.
No entanto, diante do tarifaço e do assédio de países como Alemanha e Japão por um acordo sobre minerais críticos, as tratativas com os EUA não avançaram, ao menos por enquanto.
Em meio ao interesse internacional, o governo Ronaldo Caiado decidiu regulamentar o setor em Goiás antes de assinar acordos. Um projeto de lei no estado criou a Autoridade Estadual de Minerais Críticos e um fundo próprio para garantir que Goiás não seja apenas exportador bruto, mas também polo de processamento.
A disputa por terras raras é global. A China concentra mais de 80% do processamento de minerais críticos e ameaça cortar o fornecimento ao Japão. A demanda deve triplicar até 2030, e os EUA têm pressa em diversificar fornecedores.
A Embaixada dos EUA confirmou à coluna o encontro de Escobar com representantes do governo goiano, mas não comentou o assunto das conversas.
A coluna consultou o Departamento de Estado dos Estados Unidos sobre o assunto, mas não houve retorno até o momento. O espaço segue aberto a manifestações.