Delegado da PF cita possível atuação do PCC em adulteração de bebidas
Produção de cervejas e refrigerantes segue sem rastreamento em tempo real desde 2016; três mortes por contaminação foram registradas
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Siga noA crise das bebidas adulteradas que matou ao menos três pessoas em São Paulo expõe uma vulnerabilidade conhecida: há nove anos o setor funciona sem o Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), sistema da Receita Federal que monitorava em tempo real a produção de cervejas, refrigerantes e águas.
O Sicobe foi desligado em 2016 sob o argumento de inviabilidade técnica e jurídica. Desde então, o TCU já determinou duas vezes a reativação, mas as ordens foram suspensas pelo STF. O resultado é um setor de R$ 200 bilhões anuais sem fiscalização efetiva.
“Estamos vivendo uma epidemia”, diz Jorge Pontes, delegado aposentado da PF e ex-diretor da Interpol. Ele afirma que o PCC e outras facções criminosas já atuam no setor:
“Esse desligamento abre portas para o crime tributário organizado. Primeiro entram os sonegadores, depois a pirataria e o contrabando, por fim a lavagem de dinheiro. O crime organizado se interessa em todas essas etapas”.
Pontes aponta que, sem o Sicobe, criou-se uma “zona cinzenta” que atrai empresas mal-intencionadas e dificulta rastrear desvios de conduta. Para ele, políticas fiscais precisam ser tratadas como política de segurança pública.
“Foi um erro de tratamento da Receita ter desligado o sistema.