A Vale inaugurou nesta quinta-feira (4/9) a Mina Capanema, situada entre os municípios mineiros de Santa Bárbara, Ouro Preto e Itabirito, no Quadrilátero Ferrífero. A unidade integra o Complexo Operacional em Mariana. A produção é de minério de ferro. A mina estava fechada desde 2003, há 22 anos, quando era operada por uma joint venture entre a Vale e a Kawasaki Steel Corporation.
O comissionamento desta operação - que é uma espécie de teste para entrar em pleno funcionamento - foi anunciado pela Vale em dezembro do ano passado. De acordo com a mineradora, no segundo semestre de 2025 a unidade produziu 600 mil toneladas de minério de ferro, conforme relatório operacional divulgado em julho. A expectativa da mineradora é que a otimização da produção seja alcançada no primeiro semestre do ano que vem.
A produção da Mina Capanema vai adicionar aproximadamente 15 milhões de toneladas por ano na produção de minério de ferro da Vale. Na visão da mineradora, esse aporte é um passo importante para alcançar a meta de produção de minério de ferro de 340 a 360 milhões de toneladas em 2026, adicionando flexibilidade às operações e ao portfólio de produtos da empresa.
A produção de minério de ferro na Mina Capanema será feita sem adição de água no processo e sem a geração de rejeitos, eliminando a utilização de barragem. Esta nova operação vai ampliar a produção da Vale com processamento a seco, que já é superior a 70% de toda a produção de minério de ferro da mineradora no Brasil. O método possui menos etapas de produção, com menor impacto ambiental.
O investimento da Vale para a retomada do funcionamento desta mina foi de R$ 5,2 bilhões. A operação ganhou sistema de Transportador de Correia de Longa Distância que leva o minério de ferro produzido em Capanema até a Mina Timbopeba, em Ouro Preto. O TCLD reduz o tráfego de caminhões entre as unidades. A mina vizinha recebeu adequações no pátio de estocagem e carregamento do terminal ferroviário que escoa a produção pela Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) até o Porto de Tubarão, no Espírito Santo.
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As obras tiveram duração de cinco anos, envolveram cerca de 40 empresas e mais de 6 mil trabalhadores no pico das atividades, com priorização de mão de obra local. A operação conta com 800 empregados.
“Minas Gerais está no centro da transformação da Vale. Temos uma longa história de aprendizados, de uma profunda evolução cultural e, sobretudo, de parceria com os mineiros. Seguimos juntos nessa jornada, na certeza do nosso legado para o desenvolvimento sustentável do Estado. Capanema exemplifica a nova fase da mineração em Minas Gerais e reforça nosso compromisso com um processo produtivo mais responsável, minimamente invasivo e com tecnologia e inovação aplicadas para o melhor aproveitamento dos recursos minerais e para iniciativas de descarbonização”, afirma Gustavo Pimenta, presidente da Vale.
A frota de cinco caminhões fora de estrada da Mina Capanema é autônoma, o que, na visão da Vale, promove mais segurança e eficiência na operação. A automação de processos, além da integração das minas do Complexo Mariana via TCLD, permitirá uma redução de emissão de 160 toneladas CO2 por ano, o que representa a emissão equivalente a de 127 carros populares anualmente.
Os três primeiros anos de funcionamento desta operação serão dedicados somente para processar a pilha de estéreis formada durante os anos de operação da mineração que funcionava anteriormente no local, para depois explorar a cava.
Investimentos
A reinauguração da Mina Capanema marca o início de um novo ciclo de investimento da Vale em Minas Gerais, que vai somar R$ 67 bilhões até 2030. Como nesta nova operação, os recursos serão aplicados em processos produtivos mais seguros, inovadores e sustentáveis, priorizando a redução do uso de barragens, menor emissão de carbono e ampliação da mineração circular, com o apoio de novas tecnologias nos cinco complexos operacionais da empresa em Minas Gerais.
Os investimentos buscam oferecer um portfólio de minério de ferro mais flexível, impulsionado por melhorias no desempenho operacional. Assim, a maior parte dos investimentos será destinada a soluções para ampliar a filtragem e o empilhamento a seco do rejeito, com o objetivo de reduzir de 30% para 20% o uso de barragens nas operações da empresa no Estado.
“Esses projetos oferecerão mais segurança na produção do portfólio de alta qualidade, que requer etapas de concentração do minério, especialmente o pellet feed high grade, essencial para as rotas de redução direta na produção de aço com menor emissão de gases de efeito estufa. Minas Gerais é estratégico no fornecimento desse produto, contribuindo diretamente para a descarbonização da indústria siderúrgica”, explica Rogério Nogueira, vice-presidente executivo Comercial e de Desenvolvimento da Vale.
A mineradora também anunciou melhorias na gestão de estruturas geotécnicas das minas que abrangem conectividade, renovação de frota, instrumentação e monitoramento. Os aportes ainda contemplam a eliminação de barragens e diques do Programa de Descaracterização de Estruturas a Montante.
De acordo com a mineradora, desde 2019, cerca de 60% do programa foi executado. Das 13 estruturas remanescentes, oito estão em obras. Todas estão inativas e são monitoradas 24 horas por dia pelos Centros de Monitoramento Geotécnico da Vale.
Em curso desde 2020, o trabalho de reprocessamento de minério de ferro de estruturas geotécnicas em descaracterização tem potencial para representar 10% da produção total a empresa até 2030. No primeiro semestre do ano foram produzidas cerca de 9 milhões de toneladas a partir dessas técnicas, um aumento de 14% em relação ao mesmo período do ano passado. As operações em Minas Gerais responde por cerca de 80% desse volume.
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Vale em Minas Gerais
Nos últimos dois anos, Minas Gerais foi responsável por aproximadamente 45% da produção total de minério de ferro da Vale. A mineradora tem 63 mil empregados, entre próprios e contratados.
De acordo com a empresa, suas atividades representaram 3,5% do PIB do estado em 2023, baseado em um estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Segundo a Vale, os investimentos anunciados hoje para Minas Gerais devem gerar cerca de R$ 440 milhões em royalties por ano, movimentando R$ 3 bilhões anuais em salários.