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PIB do Brasil desacelera com juro alto e sobe 0,1% no terceiro trimestre

Resultado indica uma relativa estabilidade, após elevação de 0,3% no segundo trimestre e de 1,5% no primeiro

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FOLHAPRESS - A economia brasileira continuou em desaceleração no terceiro trimestre deste ano, com leve avanço de 0,1% em relação aos três meses imediatamente anteriores, apontam dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta quinta (4) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

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O resultado indica uma relativa estabilidade, após elevação de 0,3% no segundo trimestre e de 1,5% no primeiro.

A taxa de 0,1% ficou levemente abaixo da mediana das projeções do mercado financeiro, que era de 0,2%, de acordo com a agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de -0,5% a 0,3%.

Serviços perdem ritmo, indústria acelera

A economia nacional abriu o ano de 2025 com o impulso da safra recorde de grãos, mas passou a dar sinais de desaceleração após esse empurrão do campo e com a permanência dos juros altos.

Pelo lado da oferta, o setor de serviços, que tem o maior peso no PIB, ficou praticamente estável no terceiro trimestre. Houve um leve avanço de 0,1% na comparação com os três meses imediatamente anteriores.

O resultado indica uma perda de ritmo do setor. Os serviços haviam subido 0,3% no segundo trimestre e 1% no primeiro.

Já a indústria cresceu 0,8% de julho a setembro. Isso significa uma leve aceleração, já que o setor havia avançado menos no segundo trimestre (0,6%).

Conforme o IBGE, a alta de 0,8% da indústria foi puxada pelas indústrias extrativas (1,7%). Nessa atividade, o instituto destacou a influência da extração de petróleo e gás.

Ainda dentro da indústria, houve avanços na construção (1,3%) e nas indústrias de transformação (0,3%). Os dois ramos, que são mais afetados pelos juros, subiram após dois trimestres de queda.

A agropecuária, por sua vez, subiu 0,4% de julho a setembro. O aumento veio após queda nos três meses anteriores (-1,4%) e forte alta de janeiro a março (16,4%).

Consumo desacelera, investimento avança

Do lado da demanda por bens e serviços, o consumo das famílias avançou apenas 0,1% no terceiro trimestre. O componente, considerado um dos motores do PIB, perdeu ritmo após dois trimestres consecutivos de alta de 0,6%.

Já os investimentos produtivos na economia, medidos pela FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), tiveram alta de 0,9% de julho a setembro. O crescimento recompõe parte da queda registrada nos três meses anteriores (-1,5%).

A taxa básica de juros (Selic) atravessou o terceiro trimestre em 15% ao ano, o que tende a dificultar os investimentos produtivos e o consumo.

Ao manter a Selic no patamar de dois dígitos, o BC (Banco Central) tenta esfriar a atividade econômica para baixar a inflação. Isso porque uma demanda mais contida tende a reduzir a pressão sobre os preços.

Se de um lado os juros desafiaram o PIB nos últimos meses, de outro o mercado de trabalho seguiu mostrando sinais de força no Brasil. O desemprego em queda e a renda em alta beneficiam o consumo.

Tarifaço tem efeito limitado, diz IBGE

O terceiro trimestre também foi marcado pelo tarifaço do presidente Donald Trump a exportações brasileiras. A medida entrou em vigor em agosto, afetando parte dos embarques para os Estados Unidos.

Os americanos já derrubaram parte das sobretaxas, e o governo Lula (PT) tenta novas medidas nesse sentido.

Apesar do tarifaço, o PIB apontou alta de 3,3% nas exportações totais do Brasil no terceiro trimestre, em relação ao segundo. As importações subiram menos (0,3%).

Segundo o IBGE, o impacto do tarifaço ficou concentrado em alguns setores e foi menor do que o esperado inicialmente.

Ainda de acordo com o instituto, parte dos exportadores afetados conseguiu redirecionar as vendas para mercados alternativos.

O PIB está no patamar recorde da série histórica do IBGE. Totalizou R$ 3,2 trilhões no terceiro trimestre.

Na comparação com o mesmo período de 2024, a economia brasileira registrou expansão de 1,8%.

Essa alta foi impulsionada pelo setor agropecuário, que avançou 10,1%. A indústria teve crescimento de 1,7% e serviços, de 1,3%.

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O que vem pela frente?

Na mediana, as previsões do mercado financeiro indicam crescimento de 2,16% para o PIB no acumulado de 2025, conforme o boletim Focus divulgado na segunda (1º) pelo BC. O Ministério da Fazenda, por sua vez, projeta alta de 2,2%, segundo revisão anunciada em novembro.

Ambas as estimativas sinalizam uma desaceleração ante 2024, quando o PIB cresceu 3,4%.

Para 2026, o mercado financeiro prevê avanço de 1,78%, de acordo com a mediana do Focus. O Ministério da Fazenda espera alta maior, de 2,4%.

Analistas afirmam que uma das razões para o desempenho positivo do PIB nos últimos anos foi a adoção de políticas de estímulo à economia pelo governo Lula.

Setores como o mercado financeiro costumam sinalizar preocupação com o quadro fiscal do país e cobram ações de ajuste nas contas públicas.

Há, contudo, dúvidas sobre a disposição do governo de abrir mão de medidas para incentivar a economia antes das eleições de 2026.

Como de costume, o IBGE fez revisões em dados anteriores do PIB. Na comparação com os três meses anteriores, o crescimento do segundo trimestre foi revisado de 0,4% para 0,3%. Já a alta do primeiro trimestre passou de 1,3% para 1,5%.

Variação no PIB de diversos países no 3º trimestre de 2025

Em relação ao ano anterior, em %:

  • 0,1 - Brasil
  • 3 - Israel
  • 2,30 - Dinamarca
  • 1,40 - Arábia Saudita
  • 1,3 - Costa Rica
  • 1,20 - Colômbia
  • 1,20 - Indonésia
  • 1,20 - Coreia do Sul
  • 1,1 - China
  • 1,1 - Turquia
  • 1,1 - Suécia
  • 0,9 - Polônia
  • 0,8 - Portugal
  • 0,8 - Eslovênia
  • 0,8 - República Tcheca
  • 0,60 - Canadá
  • 0,60 - Espanha
  • 0,60 - Letônia
  • 0,5 - França
  • 0,5 - África do Sul
  • 0,4 - Estônia
  • 0,4 - Austrália
  • 0,4 - Países Baixos
  • 0,30 - Bélgica
  • 0,30 - Eslováquia
  • 0,1 - Áustria
  • 0,1 - Itália
  • 0,1 - Reino Unido
  • 0 - Alemanha
  • 0 - Hungria
  • 0 - Lituânia
  • -0,1 - Irlanda
  • -0,1 - Chile
  • -0,2 - Islândia
  • -0,30 - México
  • -0,30 - Finlândia
  • -0,4 - Japão
  • -0,5 - Suíça

Fontes: OCDE e IBGE

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