A Ford chegou ao Brasil em 1919 e virou parte da nossa história. Por mais de um século, a marca americana esteve presente nas ruas brasileiras, criando carros que marcaram gerações. Quando a empresa decidiu parar de produzir por aqui em 2021, foi como se um pedaço da nossa memória automotiva tivesse ido embora.
Durante todo esse tempo, a Ford não só fez carros, ela criou sonhos. Cada modelo que saiu das fábricas brasileiras carregava um pouco da personalidade do nosso povo. Eram carros feitos para as nossas estradas, para o nosso jeito de dirigir e para o nosso bolso. Hoje, quando vemos um Ford antigo na rua, é impossível não sentir nostalgia.
Por que a Ford conseguiu conquistar tanto o coração dos brasileiros?
A Ford entendeu desde cedo que o Brasil era um mercado único, com necessidades específicas. Em vez de simplesmente importar carros prontos, a empresa investiu pesado em adaptar seus modelos para a realidade brasileira. Isso significava carros mais robustos, econômicos e adequados às nossas condições de uso.
Outro segredo do sucesso foi a capacidade da Ford de democratizar tecnologias. A marca trouxe novidades como câmbio automático, direção hidráulica e ar-condicionado para carros que estavam ao alcance da classe média. Era como se cada lançamento fosse um convite para experimentar o futuro, sem precisar gastar uma fortuna.
Quais modelos Ford marcaram época no mercado nacional?
O Ford Corcel foi o primeiro grande amor dos brasileiros pela marca. Lançado nos anos 1960, esse carro conquistou famílias inteiras com sua confiabilidade e design moderno para a época. O Corcel provou que era possível ter um carro bonito, eficiente e durável ao mesmo tempo. Muita gente aprendeu a dirigir num Corcel e guardou memórias afetivas desse modelo para sempre.
Já o Ford Escort virou sinônimo de carro jovem e esportivo. O XR3, especialmente, era o sonho de consumo de qualquer rapaz nos anos 1980 e 1990. Com seu motor potente e design arrojado, o Escort representava liberdade e aventura. Era o tipo de carro que você comprava não só para se locomover, mas para se sentir especial.
Como o EcoSport revolucionou o conceito de SUV no Brasil?
O Ford EcoSport chegou em 2003 e mudou completamente o jeito como os brasileiros viam os carros utilitários. Antes dele, SUV era coisa de rico ou de quem precisava mesmo de um carro robusto. O EcoSport democratizou esse conceito, oferecendo a experiência de dirigir um carro alto e imponente por um preço que cabia no orçamento da classe média.
O segredo do EcoSport estava no equilíbrio perfeito entre praticidade e estilo. Ele tinha cara de aventura, mas era perfeitamente adequado para o uso urbano. Dava para levar a família no shopping ou partir para uma trilha no fim de semana. Essa versatilidade conquistou uma geração inteira de brasileiros que queriam mais do que apenas um meio de transporte.
Qual foi o impacto do Ford Ka na democratização dos carros?

O Ford Ka foi um divisor de águas no mercado brasileiro. Lançado em 1997, ele provou que era possível fazer um carro pequeno, econômico e com personalidade própria. O Ka não era apenas barato – ele tinha charme. Seu design inovador e despojado conquistou desde jovens comprando o primeiro carro até pessoas mais maduras que queriam praticidade sem abrir mão do estilo.
A grande revolução do Ka foi mostrar que carro popular não precisava ser sem graça. A Ford investiu em um visual único, que chamava atenção e despertava desejo. Era comum ver filas nas concessionárias quando chegavam as novas cores ou versões especiais. O Ka transformou o segmento de entrada e forçou outras marcas a repensarem seus conceitos de carros populares.
Por que o fim da Ford no Brasil foi tão sentido pelos consumidores?
A saída da Ford do mercado brasileiro em 2021 pegou todo mundo de surpresa. Não era só uma empresa fechando as portas – era o fim de uma era. A Ford fazia parte da identidade automotiva brasileira, e sua ausência deixou um vazio que ainda não foi preenchido. Muitas famílias tinham uma história com a marca, passando de pai para filho a preferência pelos carros da oval azul.
O sentimento de perda foi amplificado pelo fato de que a Ford sempre foi vista como uma marca próxima do consumidor brasileiro. Seus carros eram confiáveis, tinham peças fáceis de encontrar e mecânicos em qualquer cidade sabiam consertá-los. Perder isso significava perder uma segurança que foi construída ao longo de décadas. Hoje, quem ainda tem um Ford antigo o trata como uma relíquia, sabendo que faz parte de um capítulo especial da nossa história automobilística.