Um Opel Kadett B de 1968 está causando furor entre os fãs de carros antigos. O motivo? Ele apareceu no filme “Ainda Estou Aqui“, dirigido por Walter Salles, e agora vai parar no leilão. O cupê vermelho que roubou a cena nas telonas está disponível para quem tem coragem de dar um lance alto. A disputa acontece no 7º Leilão de Veículos Clássicos, promovido pela Heritage Leilões, no Shopping Iguatemi, em São Paulo.
O dono do carro, Roberto Silva, comprou o Kadett pensando exatamente em usar no filme. Ele cuidou pessoalmente da restauração e das modificações necessárias. O mais curioso é que o carro era originalmente azul, mas foi repintado de vermelho para combinar com a história do livro de Marcelo Rubens Paiva. Hoje, esse Kadett representa muito mais que um meio de transporte – ele é um pedaço vivo dos anos 60.
Qual a trajetória do Opel Kadett no mundo?
A história do Opel Kadett começou bem antes da Segunda Guerra Mundial, em 1936, quando surgiu na Alemanha como uma opção familiar barata. O projeto foi criado por Ferdinand Porsche, que queria democratizar o acesso aos automóveis na Europa. Durante a guerra, a produção parou completamente, mas o modelo voltou com força total nos anos 50 e 60. No Brasil, o Kadett só chegou oficialmente em 1989, já na sua sexta geração.
O modelo de 1968 tinha características bem particulares para a época. Vinha equipado com motor 1.1 de quatro cilindros que desenvolvia 60 cv – uma potência respeitável para os padrões da época. O design limpo e as linhas elegantes fizeram dele um sucesso instantâneo entre jovens e famílias que queriam algo diferente dos carros americanos gigantescos que dominavam as ruas.
Por que esse Kadett específico virou febre?
Não é todo dia que um carro de mais de 50 anos ganha holofotes em um filme nacional. No longa “Ainda Estou Aqui“, o Kadett não é apenas um figurante – ele faz parte da narrativa, representando um período de transformações sociais e políticas no Brasil. A escolha do modelo não foi coincidência: Walter Salles queria um carro que transmitisse a atmosfera dos anos 60 e 70.
O Kadett de 1968 também chama atenção por suas características técnicas únicas. Com câmbio manual de quatro marchas e sistema de refrigeração a ar, ele oferece uma experiência de direção completamente diferente dos carros atuais. Para quem gosta de dirigir de verdade, sem assistências eletrônicas, é uma viagem no tempo garantida.
Como funciona esse leilão de carros antigos?
O leilão do Kadett acontece no dia 28 de março de 2025, no Shopping Iguatemi, em São Paulo. Mas prepare o bolso: o lance inicial está fixado em R$ 180 mil. Pode parecer caro, mas para um carro com essa história e em bom estado de conservação, especialistas consideram um preço justo. O valor reflete tanto a raridade do modelo quanto sua importância cultural.
Quem quiser participar precisa se cadastrar com antecedência e apresentar comprovação financeira. O leilão acontece presencialmente, mas também aceita lances online para quem não pode estar lá. A expectativa é que o Kadett desperte interesse não só de colecionadores, mas também de fãs do cinema nacional.
Quais outros clássicos estarão no leilão?
Além do famoso Kadett do cinema, o leilão terá outros carros que vão fazer os entusiastas babarem. Na lista estão um Volkswagen Fusca 1963 completamente restaurado, um Chevrolet Opala SS 1976 com motor original e um raro Puma GTE 1980. Cada um desses carros conta uma parte da história automotiva brasileira.
O evento também terá uma seção especial dedicada a motocicletas clássicas, incluindo uma Honda CB750 1971 e uma Yamaha RD350 1974. Para quem curte duas rodas, será uma oportunidade única de encontrar modelos que praticamente sumiram das ruas. Os organizadores esperam movimentar mais de R$ 2 milhões durante todo o leilão.
Por que investir em carros clássicos hoje?

O mercado de carros antigos no Brasil está em alta. Nos últimos cinco anos, modelos bem conservados valorizaram entre 15% e 30% ao ano, superando até mesmo alguns investimentos tradicionais. Isso acontece porque a oferta de carros realmente bons é limitada, enquanto o número de interessados só cresce.
Além do aspecto financeiro, ter um clássico é uma forma de preservar história. Cada carro desses carrega memórias de uma época, tecnologias que hoje parecem primitivas, mas que revolucionaram o transporte. Para muita gente, dirigir um carro antigo é como fazer uma viagem no tempo, conectando-se com uma era em que dirigir era pura emoção.
Vale a pena dar esse lance?
Para quem tem o dinheiro e a paixão por carros antigos, o Kadett do filme pode ser um investimento interessante. Além da valorização natural que esses carros têm, este modelo específico carrega o peso da fama cinematográfica. É como comprar um pedaço da história do cinema nacional junto com um clássico automobilístico.
Mas é importante lembrar que ter um carro antigo dá trabalho. Manutenção especializada, peças difíceis de encontrar e cuidados especiais fazem parte do pacote. Por outro lado, a satisfação de dirigir uma máquina única e a admiração que desperta por onde passa não têm preço. Para os verdadeiros apaixonados, esses “problemas” são apenas parte da diversão.
O leilão do Kadett de “Ainda Estou Aqui” representa mais que uma simples venda de carro antigo. É a chance de adquirir um símbolo cultural, um pedaço tangível da nossa história recente. Para quem tem coragem de investir, pode ser o início de uma paixão que dura a vida toda.