Imagina pegar tudo que você conhece sobre filmes de faroeste e jogar pela janela. Foi exatamente isso que Sergio Leone fez em 1968 com “Era uma Vez no Oeste“. O cara literalmente reinventou o western e criou algo que até hoje deixa todo mundo de queixo caído.
O filme é uma aula de como fazer cinema de verdade. Leone não tinha pressa pra contar sua história. Ele sabia que cada silêncio, cada olhar e cada nota musical tinha seu lugar certo. Junto com Ennio Morricone na trilha sonora, eles criaram uma obra-prima que transcende o gênero.
“Era uma Vez no Oeste” não é só mais um filme de cowboy. É uma reflexão profunda sobre mudança, sobre como o tempo passa e como tudo que conhecemos um dia chega ao fim. E consegue fazer isso sendo cinematograficamente deslumbrante.
Por que esse western é tão diferente dos outros?
A primeira coisa que choca é como Leone quebrou todas as regras do faroeste tradicional. Esquece aquela história de mocinho bonitão contra bandido malvado. Aqui todo mundo é cinza, todo mundo tem suas razões.
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Charles Bronson e Henry Fonda fizeram papéis que ninguém esperava deles. Fonda, que sempre foi o galã bonzinho de Hollywood, virou um vilão de gelar o sangue. Bronson pegou um personagem misterioso e carregado de tragédia.
A fotografia é outro nível completamente. Leone usava a paisagem como se fosse um personagem. Aqueles planos gigantescos mostrando o deserto e depois um close no olho do ator. Tudo calculado pra criar tensão e mostrar como aquelas pessoas eram pequenas diante da imensidão do oeste.
Como a música do Morricone revolucionou o cinema?
Se você nunca prestou atenção numa trilha sonora de filme, “Era uma Vez no Oeste” vai te fazer entender o poder da música no cinema. Ennio Morricone não fez só uma trilha. Ele criou uma sinfonia que conta a história junto com as imagens.
Cada personagem tem seu tema musical. Quando você ouve aquela gaita tocando, já sabe que o Bronson está chegando. A música não acompanha o filme – ela antecipa, ela prepara, ela emociona antes mesmo da ação acontecer.
Morricone transformou o western num gênero quase operístico. A música dele eleva qualquer cena do ordinário para o épico. É impossível esquecer aquelas melodias depois de assistir o filme.
O que o filme ensina sobre o fim de uma era?
“Era uma Vez no Oeste” é basicamente uma despedida. Leone estava dizendo adeus ao Velho Oeste, àquele mundo de pistoleiros e justiceiros que a gente viu em centenas de filmes.
A ferrovia chegando representa tudo isso. É o progresso atropelando a tradição. Os personagens sabem que são dinossauros num mundo que não tem mais lugar pra eles. É melancólico e bonito ao mesmo tempo.
O filme funciona como uma metáfora sobre como todas as épocas chegam ao fim. Sobre como temos que aceitar que as coisas mudam, mesmo quando preferíamos que ficassem como estão.
Qual é o legado real desse filme?
Mais de 50 anos depois, “Era uma Vez no Oeste” continua sendo estudado em escolas de cinema do mundo inteiro. Leone mostrou que era possível fazer um blockbuster que também fosse arte.
O filme influenciou gerações de diretores. Dá pra ver a marca do Leone em filmes do Quentin Tarantino, do Clint Eastwood diretor, e de muitos outros cineastas que cresceram vendo essa obra-prima.
Por que Era uma Vez no Oeste ainda importa hoje?
Na minha opinião, este filme é mais relevante hoje do que nunca. Vivemos numa época de mudanças constantes, onde tradições desaparecem da noite para o dia. A sensação de que estamos sempre no fim de alguma era é muito atual.
Leone conseguiu capturar essa melancolia universal de forma poética. O filme nos ensina que aceitar mudanças não significa esquecer o que veio antes. É sobre honrar o passado enquanto abraçamos o futuro.
“Era uma Vez no Oeste” prova que cinema pode ser entretenimento e arte ao mesmo tempo. Num mundo cheio de filmes descartáveis, essa obra continua sendo uma lembrança de que algumas histórias merecem ser contadas com tempo, cuidado e respeito pelo público.