The Electric State chegou ao Netflix em 14 de março de 2025 como uma das apostas mais caras da história da plataforma. Com orçamento estimado em US$ 320 milhões, o filme dirigido pelos Irmãos Russo tornou-se uma das produções mais custosas já realizadas, rivalizando com grandes blockbusters cinematográficos.
A produção reuniu Millie Bobby Brown e Chris Pratt em uma aventura de ficção científica ambientada em uma versão alternativa dos anos 1990, onde robôs sentientes vivem exilados após uma revolta fracassada. Apesar do investimento massivo e do elenco estelar, The Electric State recebeu apenas 14% de aprovação no Rotten Tomatoes, gerando debates sobre os custos crescentes das produções originais do streaming.
Por que o filme custou tanto?
O orçamento astronômico de The Electric State reflete principalmente os custos de CGI e efeitos visuais necessários para criar o mundo retro-futurista imaginado por Simon Stålenhag na graphic novel original. A produção apresenta dezenas de robôs únicos inspirados em mascotes e personagens de desenho animado, cada um exigindo modelagem digital complexa.
O elenco também contribuiu significativamente para os custos. Além de Brown e Pratt, a produção conta com Stanley Tucci, Giancarlo Esposito, Woody Harrelson, Anthony Mackie, Brian Cox e Jason Alexander. As dublagens dos robôs incluem vozes de Alan Tudyk, Jenny Slate e Hank Azaria, criando um dos elencos mais caros da história do Netflix.

Como o público recebeu a produção?
Apesar da recepção crítica negativa, The Electric State alcançou 25,2 milhões de visualizações nos primeiros três dias de lançamento, tornando-se o filme mais assistido globalmente na plataforma. A produção liderou os rankings em 47 países, incluindo Estados Unidos, Brasil, Reino Unido e Alemanha.
A discrepância entre sucesso de audiência e aprovação crítica evidencia como o Netflix consegue atrair espectadores através de marketing massivo e estrelas conhecidas. Millie Bobby Brown, protagonista de Stranger Things, e Chris Pratt, conhecido por Guardiões da Galáxia, garantem apelo imediato junto ao público da plataforma.
Qual foi o principal problema narrativo?
Críticos apontaram que The Electric State sofre de problemas estruturais fundamentais. O roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely foi acusado de simplificar excessivamente a complexidade da obra original de Stålenhag, transformando uma narrativa reflexiva em aventura formulaica.
Kevin Maher, do The Sunday Times, deu apenas uma estrela ao filme, questionando as habilidades cinematográficas de Millie Bobby Brown. Outras resenhas criticaram a falta de profundidade dos personagens e a dependência excessiva de efeitos visuais em detrimento do desenvolvimento emocional.
O que isso revela sobre a estratégia do Netflix?
O caso de The Electric State ilustra os riscos da estratégia do Netflix de competir com estúdios tradicionais através de orçamentos inflacionados. A plataforma tem apostado em produções de alto custo para atrair talentos A-list e gerar buzz mediático, mesmo quando o retorno criativo não justifica o investimento.
A decisão de contratar os Irmãos Russo após Vingadores: Ultimato demonstra como o Netflix prioriza nomes reconhecidos sobre visão artística específica. Os diretores, que vinham de fracassos como The Gray Man, receberam carta branca para uma produção de escala cinematográfica sem supervisão rigorosa de qualidade.
Existe futuro para megaproduções no streaming?
The Electric State pode marcar um ponto de inflexão na abordagem do Netflix para conteúdo original. Com pressões crescentes por lucratividade e redução de custos, a plataforma pode reconsiderar investimentos de US$ 300 milhões em projetos sem garantia de retorno artístico ou comercial.
O filme também inclui um jogo mobile gratuito, The Electric State: Kid Cosmo, disponível exclusivamente para assinantes do Netflix Games. Esta estratégia transmídia representa tentativa de maximizar o retorno sobre investimento através de múltiplas plataformas de entretenimento.
Qual lição fica para a indústria?
The Electric State demonstra que orçamentos elevados não garantem qualidade ou aprovação crítica. A produção serve como lembrete de que o streaming precisa equilibrar espetáculo visual com narrativa consistente para justificar investimentos massivos.
Para o Netflix, o filme evidencia a necessidade de supervisão criativa mais rigorosa em megaproduções. Enquanto a plataforma continuará apostando em conteúdo de alto orçamento, The Electric State sugere que sucesso duradouro requer mais que estrelas famosas e efeitos visuais impressionantes.