A proposta para acabar com a jornada de trabalho 6×1, em que o trabalhador atua por seis dias seguidos e tem direito a apenas um de folga, tem ganhado destaque no cenário político. Dentro do governo, aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acreditam que a medida pode favorecer trabalhadores de baixa renda, especialmente aqueles que recebem até dois salários mínimos.
O debate sobre essa mudança se intensificou nos últimos meses e já movimenta parlamentares, economistas e representantes do setor produtivo. A seguir, entenda os impactos e desdobramentos dessa proposta.
Como o fim da jornada 6×1 pode beneficiar os trabalhadores
A proposta busca garantir mais qualidade de vida aos trabalhadores, especialmente aqueles que atuam em setores como comércio e serviços, onde a escala 6×1 é amplamente aplicada. Entre os principais benefícios apontados pelos defensores da medida estão:
- Mais tempo de descanso: uma jornada mais equilibrada pode melhorar a produtividade e o bem-estar dos trabalhadores.
- Redução do desgaste físico e mental: evitar o excesso de trabalho pode diminuir casos de doenças ocupacionais.
- Impacto positivo no mercado de trabalho: uma possível redistribuição das horas trabalhadas pode gerar mais oportunidades de emprego.
A medida também dialoga com outras ações do governo voltadas à classe trabalhadora, como a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até dois salários mínimos.
Proposta avança no Congresso e ganha apoio nas redes sociais
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê o fim da jornada 6×1 foi apresentada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) e tem ganhado cada vez mais visibilidade, especialmente nas redes sociais.

Entre os próximos passos da tramitação da PEC estão:
- Reuniões com lideranças políticas: a deputada busca um encontro com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, para discutir a proposta.
- Análise de impacto econômico: o governo quer entender os possíveis efeitos da mudança na inflação e no desemprego.
- Mobilização social: movimentos sindicais e grupos de trabalhadores já demonstram apoio à medida.
A discussão também envolve setores produtivos, que avaliam os desafios de uma eventual alteração no modelo de trabalho vigente.
Governo avalia impacto da medida antes de oficializar posição
Embora o fim da jornada 6×1 seja visto como um avanço para a classe trabalhadora, o governo Lula ainda analisa os efeitos da mudança no cenário econômico. Entre os pontos que estão sendo estudados, destacam-se:
- Impacto sobre os custos das empresas: setores produtivos argumentam que a mudança pode aumentar as despesas com mão de obra.
- Possível aumento da informalidade: há o receio de que algumas empresas optem por terceirizar ou informalizar contratações para driblar as novas regras.
- Efeito sobre a inflação: especialistas avaliam se a medida poderia pressionar preços no comércio e em serviços essenciais.
O governo pretende discutir a proposta com aliados e avaliar se há viabilidade política e econômica para apoiar a PEC.
O que esperar das próximas etapas da proposta no Congresso
A PEC do fim da jornada 6×1 ainda precisa percorrer um longo caminho antes de ser aprovada. No Congresso, o debate deve envolver:
- Negociação entre partidos: enquanto parlamentares da base governista defendem a medida, a oposição pode apresentar resistência.
- Audiências públicas: especialistas e representantes do setor produtivo devem ser ouvidos para avaliar o impacto da mudança.
- Votação em comissões e no plenário: a PEC precisa passar por diversas etapas antes de seguir para sanção presidencial.
A proposta representa uma mudança significativa nas relações de trabalho no Brasil e, caso avance, pode impactar milhões de trabalhadores em todo o país. O governo, por sua vez, avalia se essa será uma bandeira viável para fortalecer sua popularidade junto à classe trabalhadora.