A Volkswagen está prestes a virar a página de um dos capítulos mais longos da história automotiva brasileira. Depois de 45 anos no mercado, a Saveiro vai se aposentar em 2026 para dar lugar à Udara, uma picape intermediária que promete modernizar completamente o que a Volks tem a oferecer no segmento. O projeto, conhecido internamente como VW247, está sendo desenvolvido há anos e finalmente ganha forma com um investimento pesado de R$ 3 bilhões na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná.
A nova picape vem para brigar de igual para igual com a Fiat Toro, Chevrolet Montana e a futtura Renault Niagara. A Udara será maior que a Saveiro atual, com cerca de 4,75 metros de comprimento, e vai usar a plataforma MQB A0, a mesma do T-Cross, Polo e Virtus. O mais interessante é que ela virá com motor híbrido leve de 48 volts, sendo o primeiro veículo eletrificado fabricado pela Volkswagen no Brasil. Os preços devem ficar entre R$ 120 mil e R$ 180 mil, posicionando a picape numa faixa competitiva.
Por que a Volkswagen decidiu aposentar a Saveiro?
A Saveiro é um ícone, ninguém pode negar. Desde 1982, quando foi lançada como uma derivação do Gol, ela marcou gerações e vendeu mais de 1,5 milhão de unidades. Problema é que o mundo mudou, e a plataforma PQ24 da Saveiro simplesmente não aguenta mais as tecnologias que o mercado exige hoje. Por mais que a Volks tenha dado uma repaginada no visual em 2023, a base do carro continuou antiga.
O segmento de picapes intermediárias explodiu nos últimos anos. A Fiat Toro virou sucesso, a Montana da Chevrolet conquistou seu espaço, e até a Ford trouxe a Maverick para esquentar a disputa. A Volkswagen percebeu que ficar só com uma picape compacta não ia dar conta do recado. A Udara vem justamente para ocupar esse espaço entre a Saveiro e a Amarok, oferecendo mais tecnologia, conforto e versatilidade para quem quer uma picape que serve tanto para trabalhar quanto para passear com a família.
Que motor vai equipar a nova Udara?
A grande aposta da Volkswagen na Udara é o motor 1.5 TSI Evo2 flex com sistema híbrido leve de 48 volts. Esse propulsor ainda não é usado no Brasil, mas já teve produção confirmada na fábrica da Volks em São Carlos. Ele vai substituir gradualmente o atual 1.4 TSI que equipa modelos como Taos e Polo GTS. A novidade é que este motor vem com recursos modernos como desativação de cilindros para economizar combustível e sistema micro-híbrido que pode até “desligar” o motor em algumas situações.
O sistema híbrido de 48 volts funciona como um assistente que ajuda o motor a combustão, reduzindo o consumo e as emissões. É mais avançado que os sistemas híbridos-leves que conhecemos por aqui e promete trazer uma experiência de condução mais refinada. A transmissão deve ser o câmbio DSG automatizado de dupla embreagem com sete marchas, ou um automático convencional de oito velocidades. A Volks também confirmou que haverá versões apenas a combustão para quem preferir uma opção mais acessível.
Como será o design e quais nomes estão na disputa?
O visual da Udara ainda está sendo finalizado, mas as projeções indicam linhas inspiradas nos SUVs europeus da Volkswagen. A frente deve trazer elementos comuns aos novos modelos da marca, com faróis integrados à grade e visual alinhado com o T-Cross e Nivus. A traseira será completamente nova, com suspensão por eixo rígido e molas semielípticas, a mesma solução da Strada, para garantir robustez nas versões de trabalho.
Quanto ao nome, a Volkswagen registrou sete opções no INPI: Udara, Airon, Tukan, Acron, Arena, Tagro e Therion. A marca está fazendo clínicas com consumidores para testar a aceitação de cada nome, estratégia que já usou com sucesso no Tera. Udara aparece como favorito, mas Airon e Tukan também estão cotados. A decisão final deve ser anunciada no início de 2026, pouco antes do lançamento.
Vale a pena esperar pela nova picape da Volks?
Se você está no mercado de picape, a Udara promete ser uma opção interessante. A tecnologia híbrida pode fazer diferença real no consumo de combustível, e a plataforma moderna garante níveis de conforto e segurança superiores ao que vemos na Saveiro atual. O fato de ser produzida no Brasil também ajuda no preço final e na disponibilidade de peças.
Por outro lado, a concorrência não vai ficar parada. A Fiat Toro já tem uma base sólida de clientes, a Montana conquistou seu espaço com preço competitivo, e a Renault está preparando a Niagara para 2027. A Udara chega num momento em que o segmento está bem aquecido, então vai precisar mostrar diferenciais reais para conquistar espaço. A aposta da Volkswagen na tecnologia híbrida pode ser o diferencial que faltava, mas só saberemos na prática se os consumidores brasileiros estão prontos para abraçar essa novidade.